Nesta segunda-feira (30), completam-se nove anos da histórica defesa de pênalti do goleiro Victor, nos acréscimos do segundo tempo da partida entre Atlético e Tijuana, na Arena Independência, pelas quartas de final da Copa Libertadores de 2013. 

Graças à defesa, o jogo terminou 1 a 1, no Horto, e o Galo avançou para as semifinais, contra o Newell's Old Boys, da Argentina. Após quase uma década, a imagem do bico do pé esquerdo de Victor tirando para longe a cobrança efetuada pelo atacante Riascos segue viva na lembrança dos atleticanos, um lance imortal e com nome próprio: o Milagre do Horto. 

 

Quem opera milagres, vira santo, e com Victor não foi diferente. Nada mais foi igual para o goleiro depois daquele dia. Elevado à “santo” pela torcida, a épica defesa do camisa 1 do Galo foi eternizada de diversas formas: virou livro, tatuagem, filme, cântico da torcida etc. 

Para lembrar a data inesquecível no calendário alvinegro, neste dia 30 de maio, Dia de São Victor do Horto, o Super.FC aproveita para revelar ou refrescar a memória dos internautas sobre 10 fatos que você talvez ainda não saiba sobre o Milagre do Horto:

Conversa rápida com Alecsandro 

Segundo Victor, no calor da discussão dos jogadores do Galo com o árbitro chileno Patricio Polic após marcar o pênalti para o Tijuana cometido por Leonardo Silva em Pablo Aguillar, aos 46 minutos do segundo tempo, Alecsandro soltou com ele: “Deixa que a gente discute, concentra no que você tem que fazer”. 

“Terceiro tempo” de entrevistas no gramado

Após o apito final e a classificação do Atlético contra o Tijuana, Victor afirma ter passado mais de 40 minutos, de pé, no gramado do Independência, só dando entrevistas à imprensa. Quando ele finalmente conseguiu chegar aos vestiários, encontrou muitos jogadores chorando de emoção e outros incrédulos pela classificação.

Victor deu aquela adiantada

No dia 31 de maio de 2013, um dia após o fatídico jogo contra o Tijuana, Victor admitiu que se adiantou um pouco na cobrança do pênalti de Riascos. “Não acho que tenha sido passível de refazer a cobrança, foi algo natural que todo goleiro faz, não foi algo exagerado”, declarou. 

“Na hora, eu vi que foi um avanço normal em uma penalidade. Ele não transgrediu a regra. Agora, com o VAR, abriria uma certa chance de repetição”, disse o árbitro Patricio Polic em entrevista exclusiva ao Super.FC, em maio de 2021.

Que fim levou a camisa de Victor usada no jogo?

Victor trocou sua camisa após o jogo com o argentino Alfredo Moreno, ex-atacante do Tijuana. O ex-jogador faleceu em dezembro de 2021, aos 41 anos, vítima de câncer. Em 2018, Moreno chegou a postar em seu Twitter uma foto com a relíquia atleticana.

 

Recentemente, a reportagem do Super.FC apurou que o manto sagrado de São Victor teria sido comprado por um empresário atleticano, que vive na região metropolitana de Belo Horizonte, mas prefere manter o anonimato. O valor também não foi revelado.

A camisa de Riascos daquele jogo faz parte da coleção do ex-atacante do Galo Luan, que recentemente deixou o Goiás, e está sem clube.

E a bola do pênalti contra o Tijuana?

Após defender a cobrança de Riascos, Victor recebeu de um funcionário do Atlético a bola autografada pelos companheiros de time, que virou uma espécie de amuleto do goleiro nos jogos. “Tem um significado especial. Com certeza é um talismã para o resto da minha vida”, declarou Victor, na ocasião.

Por onde anda Riascos?

Após falhar no pênalti contra o Galo, o atacante colombiano Riascos teve uma passagem conturbada e de pouco destaque pelo futebol brasileiro. Ele chegou a jogar pelo Cruzeiro entre 2015 e 2016, e também vestiu a camisa do Vasco, entre 2015 e 2018. Com 35 anos, hoje o jogador defende o Deportivo Pasto, da Colômbia. 

Em 2020, na ocasião do aniversário de 112 anos do Atlético, o jogador gravou um vídeo parabenizando o clube e ainda brincando com o próprio cântico da torcida do Galo que cita o lance histórico da Libertadores 2013.

Em março de 2021, Riascos voltou a se manifestar quando o goleiro Victor se aposentou. Ele fez questão de elogiá-lo pela defesa.

“A gente fica brincando muito, mas foi um momento muito bom para ele. Para mim, foi um momento um pouco difícil, mas superei o momento. Fico feliz pela carreira que ele teve. Quero mandar um abraço e muitas bênçãos. Um abraço, São Victor, tamu junto, pai.”, declarou o ex-camisa 20 do Tijuana. 

Estátua na Arena MRV

Em 2020, um torcedor atleticano criou uma petição online para instalar uma estátua do goleiro Victor, na Arena MRV, futuro estádio do Atlético que será inaugurado em março de 2023. Até então, o abaixo-assinado para a estátua de São Victor do Horto conta com a adesão de quase 9 mil torcedores. 

Chuteira dourada da Adidas

Em março de 2021, a marca Adidas, nova fornecedora de material esportiva do Galo a partir de julho de 2022, homenageou o ex-goleiro Victor com uma “chuteira dourada” em homenagem à carreira vitoriosa do jogador e, em especial, pela defesa do pênalti cobrado por Riascos, nas quartas de final da Libertadores de 2013. 

Defesa de Victor virou NFT de R$ 26 mil

Em maio de 2021, o Atlético faturou cerca de US$ 5 mil (R$26 mil na atual cotação) com a obra de arte virtual “2013 – São Victor”. A peça digital criada pelo artista Pedro Nuin, especializado em desenhos de grandes momentos do futebol, foi arrematada em um leilão por meio da plataforma NFT (token não fungível) por um investidor que mora nos EUA.

O choro e o silêncio de Turco Mohamed

Por ironia do destino, o hoje técnico do Atlético, o argentino Antonio Turco Mohamed, era o treinador do Tijuana no histórico jogo do “Milagre do Horto”.

Segundo o goleiro do Tijuana na época, Cirilo Saucedo, na noite daquela quinta-feira, 30 de maio de 2013, Turco Mohamed chorava após o apito final e a eliminação do time mexicano, e se manteve em silêncio com o time. A sensação do treinador era de missão cumprida. 

“Depois do jogo, Tony não nos disse nada, suas únicas palavras foram mais pessoais. Disse a ele que nos fez sonhar e obrigado por nos levar a essa etapa”, revelou Saucedo em 2020.

 

Em quase 2 anos como técnico do Tijuana, Turco Mohamed livrou os Xolos do rebaixamento, conquistou o título inédito da liga mexicana e levou o Tijuana às quartas de final.

O jogo foi um adeus do técnico à equipe. Ele já tinha se comprometido a ficar até o fim da participação daquela Libertadores. Pouco depois, ele assumiu o Huracán, da Argentina.