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Galo: Arana encarou seis ônibus, 4h de sono por dia e ultimato rumo ao sonho

Lateral revela dificuldades no início da carreira em conversa com o Super.FC

Por Gabriel Pazini
Publicado em 28 de novembro de 2020 | 08:00
 
 
 
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O caminho para transformar um sonho em realidade não é dos mais fáceis. Muitas vezes, enfrentamos desafios que parecem insuperáveis, dificuldades e barreiras que soam intransponíveis. Superar tudo e todos, vencer os medos, desafiar as imposições e toda a ansiedade e a pressão que parecem impossíveis de derrotar. Todo o processo para realizar aquilo que achávamos ser possível apenas no nosso íntimo, é doloroso. Mas cada gota de sangue e suor vale a pena.

Hoje, Guilherme Arana, lateral-esquerdo e um dos destaques do Atlético, pode confirmar isso. Um dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro, ele já foi convocado para a seleção brasileira, atua em um dos gigantes do país, é referência na sua posição, brilha no Brasileirão, já jogou na Europa e enfrentou, entre outras estrelas, um dos melhores da história: Lionel Messi.

A estrada para se tornar profissional e realizar alguns de seus sonhos, porém, não foi das mais fáceis. Arana nasceu e cresceu em São Paulo e, para treinar nas categorias de base do Corinthians, clube que o revelou, precisava encarar uma verdadeira saga: seis ônibus e apenas quatro horas de sono por dia.

"Eu entrei na base do Corinthians com oito anos, no futsal, depois de passar numa peneira após chamar atenção num amistoso do Corinthians com o Juventus da Mocca. O treinador do futsal do Corinthians era o mesmo do campo, mas no campo só começa com 10 anos. Fiquei treinando no campo com o pessoal mais velho e jogando no futsal até dar a idade. Fiz a minha base inteira no Corinthians. Comecei a me destacar no sub-17, mas pulei muita idade. Joguei minha primeira Copa São Paulo (de Futebol Júnior) com 16 anos. Lá no começo, acordava cedo para ir para a escola, estudava, depois saía da escola, pegava três ônibus (apenas de ida) cansado e ia treinar de tarde no campo e depois treinava no futsal. Eu acordava 6h e chegava em casa 2h, era muito longe a distância", conta Arana, em entrevista exclusiva ao Super.FC.

"Meus primos e amigos saiam e eu acordava cedo para estudar e jogar. Minha família sempre foi estruturada e me apoiou bastante. Minha mãe me deu muitos conselhos e meu pai me levava nos treinos. Ele era porteiro, minha mãe trabalhava também e eu não precisei trabalhar", completa.

As dificuldades de Arana, porém, não foram "apenas" a longa distância, os seis ônibus e as poucas horas de sono. O lateral ainda precisou enfrentar um ultimato de um seus treinadores na base e uma enorme pressão para conseguir realizar seu sonho.

"Quando eu estava no sub-15, a gente ia disputar a Copa Votorantim. O treinador me chamou na frente de todo mundo e disse que seria minha última oportunidade e que, se eu não fosse bem, nem precisava voltar para treinar mais. Eu tinha 15 anos e voltei pra casa muito chateado. Me senti muito mal. Foi um dos períodos mais difíceis. Mas eu fui para esse campeonato, fui o melhor lateral, ele até me pediu desculpas", revela.

No fim das contas, tudo ficou bem. Arana, após se destacar na base corintiana, brilhou também no profissional. Pelo Timão, o lateral conquistou duas vezes o Campeonato Brasileiro, além de um Paulista. Considerado um dos melhores laterais do Brasil e recebendo prêmios, foi para a Europa, onde teve alguns bons momentos, apesar da passagem apagada, e voltou ao país para defender o Atlético, onde tem sido um dos destaques e melhores do Brasileirão, e inclusive foi convocado para a seleção brasileira.

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