O Conselho Deliberativo do Atlético aprovou a venda de metade do shopping DiamondMall e o uso dos recursos para a construção de seu estádio próprio em setembro de 2017. Dois anos e sete meses depois, as máquinas entraram em campo. O estádio,localizado no bairro Califórnia, região Noroeste de Belo Horizonte, ficará pronto em meados de 2022.
Quando aprovada, a obra estava orçada em R$ 410 milhões. Mas reajustes, atualizações e contrapartidas que surgiram ao longo do processo de obtenção das licenças fizeram com que os custos do empreendimento subissem para o patamar aproximado de R$ 560 milhões, um aumento de 36,5% na estimativa inicial.
Mais da metade do valor acrescido – R$ 80 milhões – se refere à intervenções urbanas e sociais, uma forma de mitigar o impacto do empreendimento para a região. São modificações viárias no trânsito do entorno e a construção de um posto de saúde, de uma escola de línguas, de uma academia e um parque linear para a comunidade. Os outros acréscimos estão relacionados à variação econômica e de mercado e à previsão contratual com a Racional Engenharia, contratada para executar a obra.
"Se pegarmos R$ 450 milhões de atualização até hoje, data do dia 20 de abril (quando a terraplanagem foi iniciada), e os R$ 80 milhões de contrapartidas, chegamos a R$ 530 milhões. Mas temos que considerar ainda o contrato com a Racional. Existe um valor de contingência no contrato. Quando o projeto foi entregue para ela, (o valor) era muito inicial. O contrato prevê uma contingência de 5% em cima dos R$ 410 milhões. Estamos falando da casa de R$ 550 milhões, R$ 560 milhões, do custo total", detalha Bruno Muzzi, CEO da Arena MRV.
E como o Atlético vai pagar a obra?
Como o torcedor atleticano já sabe, o clube vendeu 50,1% do DiamondMall, em 2017, por R$ 250 milhões. O valor corrigido chega a R$ 296,8 milhões, conforme comunicado ao mercado da Multiplan, em janeiro deste ano. O Galo também vendeu por R$ 60 milhões os naming rights para a MRV Engenharia, que terá direito ao uso comercial da marca por dez anos, contados a partir de agora, quando foi dada a ordem de serviço para a construtora.
Esse dinheiro, no entanto, não cai na conta agora. "A MRV tem uma parcela de R$ 10 milhões ao longo da obra, em 30 vezes, e os outros R$ 50 milhões serão pagos ao longo do tempo, na operação. Esses recursos são corrigidos ao longo do tempo e vamos ver se vamos antecipar esses valores ou ver se deixamos para a operação do estádio", detalha Muzzi.
Para fechar a matemática, a plano de negócios da Arena MRV tem pouco mais de R$ 203 milhões para levantar (em 2017, esse valor era estimado em R$ 100 milhões). E isso se dará por meio da venda das cerca de 4.500 cadeiras cativas (num projeto voltado a torcedores, que deve ser lançado nos próximos meses) e dos 68 camarotes (voltado mais para empresas). Além disso, o clube vai tentar levantar uma boa grana com o licenciamento de serviços para o estacionamento, bares e alimentação. O estádio também pretende fazer a venda setoriais de espaços para marcas (como o espaço Brahma, no setor Minas do Independência, por exemplo).
"É aí que temos que trabalhar muito forte comercialmente para levantar esses recursos todos. Não é tão direto assim, tem que ter uma estratégia comercial para ter uma venda das cadeiras, dos camarotes, estacionamentos, outras propriedades como lounges, alimentos, bebidas, até patrocínio de setores. Já começamos a montar uma estratégia comercial para isso para subir esses recursos que a gente precisa", pondera o CEO, Bruno Muzzi.