Na história já centenária do clássico, Atlético e Cruzeiro se enfrentaram mais de 500 vezes, em duelos sempre movidos a muita paixão e rivalidade, mas vários deles se tornaram memoráveis, seja por feitos de grandes ídolos, goleadas ou curiosidades.
São os tipos de partida que o torcedor - seja ele alvinegro ou celeste - não esquece. E até mesmo quem não presenciou o jogo conhece ou ao menos já ouviu falar da história.
Às vésperas de mais uma decisão entre os arquirrivais, O TEMPO Sports lista dez clássicos memoráveis na história do confronto entre Atlético e Cruzeiro. Confira:
1927 - Atlético 9 x 2 Palestra Itália
A maior goleada da história do clássico foi registrada no dia 27 de novembro de 1927, quando o Atlético enfrentou o Palestra Itália (atual Cruzeiro) precisando da vitória para ficar com o título do Campeonato da Cidade, principal torneio disputado pelas equipes naquela época.
E contando com dia inspirado do chamado 'trio maldito', composto por Jairo, Mário de Castro e Said, atropelou o adversário. Jairo e Getúlio fizeram três gols cada e Mário de Casto fez dois. O outro gol do Atlético no confronto foi marcado por Getúlio. Ninão marcou os dois do Palestra Itália.
1965 - Primeiro clássico no Mineirão (que não terminou)
Inaugurado em setembro de 1965, o Mineirão recebeu o primeiro clássico entre Atlético e Cruzeiro no dia 24 de outubro daquele ano. E a partida entraria para a história não 'apenas' por marcar o primeiro duelo no Gigante da Pampulha.
Em um jogo muito disputado, o Cruzeiro abriu o placar com Tostão, aos 35 do primeiro tempo. Mas os ânimos acabariam se exaltando na etapa final.
Aos 35 do segundo tempo, árbitro espanhol Juan de La Pasión marcou pênalti em entrada do lateral Décio em Wilson Almeida. Alegando que a falta foi fora da área, jogadores do Galo se revoltaram. Vander agrediu o juiz, que pediu proteção da PM. Entretanto, antes da chegada dos militares, outros jogadores também agrediram o árbitro.
Nove jogadores atleticanos foram expulsos: Luiz Perez, João Batista, Vânder, Bueno, Décio Teixeira, Buglê, Viladônega, Roberto Mauro e Noêmio. Sem número mínimo de atletas em campo, a partida teve de ser encerrada.
1969 - Maior público do clássico
O duelo entre Atlético e Cruzeiro realizado no dia 4 de maio de 1969, na final do Campeonato Mineiro, detém o recorde de maior público da história do clássico: 123.351 pessoas estavam no Mineirão para acompanhar a partida.
A multidão, que lotou o Gigante da Pampulha, presenciou a vitória do Cruzeiro por 1 a 0, com gol de Natal, aos 7 minutos do segundo tempo. Com o resultado, o time celeste conquistaria o título, chegando então ao pentacampeonato (1965 a 1969).
1977 - Show do uruguaio Revetria
Na decisão do Campeonato Mineiro de 1977, o uruguaio Revetria, desconhecido por boa parte dos torcedores brasileiros, foi quem roubou a cena no clássico entre Atlético e Cruzeiro.
Após ser substituído no primeiro jogo, na derrota de 1 a 0 para o Atlético, o atacante, que havia chegado ao Cruzeiro a menos de quatro meses, desequilibrou no segundo duelo da decisão. Após Marinho abrir o placar para o Galo, Revetria balançou as redes alvinegras três vezes para garantir a vitória de virada.
No jogo 'desempate', Revetria ainda marcaria mais um na vitória de 3 a 1, que garantiu o título ao Cruzeiro, que havia perdido a final da Libertadores para o Boca Juniors 22 dias antes.
1994 - Ronaldo coloca Kanapkis pra dançar
Na disputa do Campeonato Mineiro de 1994, o Atlético contava com tantos jogadores de renome que passou a ser chamado pela torcida de 'SeleGalo'. Mas quem brilhou foi um adolescente que começava a fazer sucesso pelo Cruzeiro: Ronaldo.
Na final do Estadual, disputada no dia 6 de março, o Atlético contava com jogadores como os laterais Luis Carlos Winck e Paulo Roberto, os zagueiros Adilson e Kanapkis, os meias Darci e Neto e os atacantes Renato Gaúcho, Gaúcho e Éder Aleixo. Mas o dia era de Ronaldo.
Ainda com 17 anos, o garoto entortou o zagueiro uruguaio, com dribles desconcertantes, em imagem que ficou marcada na história do clássico. Kanapkis, então titular da seleção uruguaia, nada pode fazer para conter Ronaldo, autor dos três gols da vitória por 3 a 1, um deles de pênalti.
No jogo de volta, empate em 1 a 1 garantiu o título ao Cruzeiro.
1999 - Dupla dinâmica: Guilherme e Marques
Representantes mineiros no Brasileirão de 1999, Cruzeiro e Atlético se classificaram às quartas de final da competição. Como o time celeste fez a segunda melhor campanha e o alvinegro a sétima, acabaram se enfrentando na fase mata-mata da competição.
Foi quando brilhou a dupla dinâmica do Atlético, formada pelos atacantes Guilherme e Marques. Logo no primeiro jogo, no dia 14 de novembro, eles colocaram por terra o 'favoritismo' do arquirrival.
O Atlético abriu o placar com Guilherme. Paulo Isidoro empatou, mas Guilherme, de novo em jogada açucarada de Marques, voltou a colocar o Galo à frente. Na segunda etapa, o Cruzeiro empatou com Muller, mas foi a vez de Marques passar de garçom a artilheiro: ele balançou as redes duas vezes, confirmando o triunfo alvinegro.
No segundo confronto, nova vitória do Atlético, por 3 a 2, com direito a mais dois gols de Guilherme, que terminaria como artilheiro da competição naquele ano, com 38 gols.
2007 - Gol de costas
Um dos momentos recentes mais marcantes do clássico aconteceu na final do Campeonato Mineiro de 2007. Na goleada alvinegra por 4 a 0, o último gol, marcado por Vanderlei, entrou para a história.
Após sofrer o terceiro gol, Fábio caminhava em direção à sua meta, ainda reclamando da falha do setor defensivo. Enquanto isso, o Cruzeiro deu a saída, mas Araújo perdeu a bola e Vanderlei driblou Luisão antes de empurrar para as redes, quando Fábio ainda caminhava, de costas, para o lance.
A torcida do Atlético não perdoou e criou até música para provocar o camisa 1 do adversário, a quem passou a chamar de Fábio de costas.
2011 - Goleada de 6 a 1 evita rebaixamento
A última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011 registrou mais um momento histórico do clássico entre Atlético e Cruzeiro.
Com o Mineirão fechado para obras da Copa, a partida foi disputada na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. E o time celeste chegou sob pressão, pois seria rebaixado à Série B em caso de derrota para o arquirrival.
Mas o que se viu em campo foi um domínio total do Cruzeiro, que não só se livrou do risco da queda como impôs a maior goleada sobre o rival: 6 a 1, com gols de Roger, Leandro Guerreiro, Anselmo Ramon, Fabrício, Wellington Paulista e Everton. Réver fez o gol de honra do Atlético.
Foi a vez da torcida do Cruzeiro não perdoar: como forma de provocar o rival, até jogadores e dirigentes fazem o sinal de 6 com os dedos das mãos.
2012 - Gol de placa de Ronaldinho
No Campeonato Mineiro de 2012, um gol de Ronaldinho Gaúcho entrou para a história do clássico.
No duelo disputado no dia 26 de agosto, com a presença apenas de torcedores do Cruzeiro no Independência, já que o Mineirão passava por reformas para a Copa, Ronaldinho Gaúcho fazia seu primeiro clássico mineiro. E já foi logo deixando sua marca.
Aos 45 minutos do 2º tempo, Ronaldinho ganhou disputa de bola no meio-campo, arrancou até a área celeste, passou por Lucas Silva, driblou o lateral Marcelo Oliveira duas vezes e finalizou com categoria, deslocando o goleiro Fábio.
2014 - Título sobre o rival na final da Copa do Brasil
Na única decisão de título nacional entre Atlético e Cruzeiro, o time alvinegro levou a melhor conquistando o título da Copa do Brasil de 2014.
Comandado pelo técnico Levir Culpi, o Atlético já havia vencido o primeiro duelo, no Independência, por 2 a 0, com gols de Dátolo e Luan.
Antes do jogo de volta, o Cruzeiro confirmou a conquista do bicampeonato Brasileiro e Ricardo Goulart, um dos principais nomes daquele equipe, ao erguer a taça, projetou o duelo com o Atlético: "Quarta-feira tem mais".
Só que, no dia 26 de novembro, teve mais vitória do Atlético, e com direito a gol do ídolo Diego Tardelli, para celebrar a primeira conquista da Copa do Brasil.