Privilégio?

Rival do Galo, Zamora não teve dificuldades em viajar e há uma explicação

Equipe que enfrentará o Atlético na Libertadores é comandada por irmão mais novo do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez

Por Frederico Ribeiro
Publicado em 15 de março de 2019 | 07:00
 
 
 
normal

Nos últimos sete campeonatos venezuelanos, o Zamora FC venceu cinco. Para uma equipe recriada em 2002, a ascensão tem uma explicação política. O time da região de Barinas teve o apoio maciço de Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela e nascido na região distante a 500km da capital Caracas. Tal ligação deve minimizar qualquer complicação do Zamora em chegar a Belo Horizonte e enfrentar o Atlético pela Copa Libertadores 2019, em abril, no grupo E.

Ao contrário do que ocorreu com o Deportivo Lara. Ainda que a maior explicação para a não chegada do Lara para encarar o Cruzeiro seja a crise de energia elétrica na Venezuela, o clube já protagonizou momentos de discordância ao Governo Chavista, como fazer minuto de silêncio antes de um duelo contra o Deportivo Anzoátegui em 2017, visando homenagear vítimas do conflito que rege o país desde a morte de Chávez, em 2013.

Foi com o governante falecido que o Zamora visitou Belo Horizonte pela primeira vez. Hoje, principal força futebolista do país - ganhou o Venezuelanão em 2018, o clube do Estádio La Carolina tem como comandante Adelis Chávez, irmão mais novo de Hugo. Ainda que no site oficial do clube o nome do herdeiro chavista não apareça no quadro administrativo, é seu poder que faz as diretrizes da agremiação.

Adelis esteve no Independência, quando o Atlético venceu o Zamora por 1 a 0 para fechar a participação na fase de grupos de 2014, e até ganhou uma camisa de presente do Galo - posou para foto, orgulhoso, em um dos camarotes do Horto. Barinas, região onde se localiza o Zamora, já foi um Estado presidido pelo pai de Hugo Chávez, Hugo de los Reyes Chávez.

Hoje, a chave do local está na posse de Argenis Chávez Frías, irmão do ex-manda-chuva "viño tinto". A ligação intrísseca tem uma quebra: em um discurso político, o ex-opositor chavista Henrique Capriles Radonski apareceu vestido com a camisa do Zamora, de forma bastante irônica, na briga presidencial de 2012.

Na última quarta-feira, os alvinegros de Barinas não tiveram problemas para chegar ao Paraguai, onde perderam para o Cerro Porteño por 2 a 1 e complicaram ainda mais a situação do Atlético no Grupo E. De forma bastante irônica e polêmica, alguns jogadores do Zamora posaram para foto com o autoproclamado presidente Juan Guaidó, antes do embarque ao Paraguai.

O maior obstáculo nesta questão deverá ser mesmo o acesso do Galo à Venezuela. Tanto que o clube mineiro já se antecipou, comunicando CBF e Conmebol sobre preocupações de acesso e saída com segurança do país vizinho que vive um caos diário e com o qual o Brasil estabelece relação de opositor, reconhecendo como presidente legítimo Juan Guaidó.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!