Um dos três foragidos suspeitos de participarem da emboscada a um ônibus com torcedores do Cruzeiro, que resultou na morte de uma pessoa e deixou cerca de 20 feridos, Jorge Luís Sampaio, presidente da Mancha Alvi Verde, 'impôs uma condição' para se entregar à Justiça.

De acordo com o advogado Gilberto Quintanilha, seu cliente, Jorge Luís Sampaio, só se entregará depois que a defesa tiver acesso aos autos da acusação.

Quintanilha também representa Felipe Mattos, vice-presidente da Mancha Alvi Verde, que também segue foragido. O advogado explicou o contexto da decisão de seus clientes.
   
"Continuam aqui em São Paulo, continuam em contato com a gente e vão se entregar quando a gente achar que existe necessidade", afirmou o advogado. Quintanilha afirmou que, para isso, a defesa precisa primeiro "saber qual que é a acusação".

O processo corre em segredo de justiça. Jorge Luís Sampaio e Felipe Mattos tiveram prisão temporária decretada em 30 de outubro. Não existe período determinado para o pedido de  prisão temporária.

Mudança de postura

No decorrer do processo, a defesa dos dois integrantes da torcida organizada palmeirense havia dito não saber onde seus clientes estavam.

Agora, além de afirmar ter conhecimento de onde Jorge Luís Sampaio e Felipe Mattos estão 'escondidos', Gilberto Quintanilha também negou qe os dois estiveram no local no dia da emboscada aos torcedores do Cruzeiro.

A investigação foi iniciada pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). Um dos suspeitos que tinha um pedido de prisão contra si teve a determinação revogada após a própria delegacia reconhecer que errou em pedir a prisão de Henrique Moreira Lelis, que estava a 400 quilômetros de onde o crime aconteceu.

Relembre o caso

A emboscada aconteceu na madrugada do dia 27 de outubro, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, no sentido de Belo Horizonte. O ataque terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos.

Ele integrava um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas. Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã (SP), em estado gravíssimo em decorrência de ferimentos de queimaduras e não resistiu.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atendeu a ocorrência no dia, foi ateado fogo em um dos ônibus dos cruzeirenses.

O caso é entendido como uma "cobrança" dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, na mesma rodovia.

Na época, Jorge Luís Sampaio Santos teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.

Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam nesta quarta-feira, 4, no Mineirão, em Belo Horizonte, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou um ofício aos clubes determinando que o jogo seja disputado com portões fechados.

O governo de Minas Gerais recorreu à Justiça comum, solicitando que a partida seja realizada somente com cruzeirenses na arquibancada, mas já na noite desta terça (3), teve o pedido negado na Justiça. As diretorias de Cruzeiro e Palmeiras se posicionaram contra a decisão da CBF. (Com Leonardo Catto e Rodrigo Sampaio - Estadão Conteúdo)