Há exatos 15 anos, em 15 de julho de 2009, o Cruzeiro frustrava sua torcida, em pleno Mineirão, ao deixar escapar o que seria a terceira conquista da Copa Libertadores. Depois de um bom papel na competição, passando por adversários tradicionais, como Estudiantes (ARG), Universidad de Chile (CHI), Grêmio e São Paulo, o time mineiro teve a própria equipe argentina pela frente, na decisão.

O 2 a 1 em pleno Mineirão diante de 65 mil torcedores, após 0 a 0 na ida, ainda é difícil de ser superado pela China Azul. Henrique abriu o placar para o Cruzeiro, mas Fernández e Boselli garantiram o tetracampeonato (1968, 1969 e 1970 e 2009) aos argentinos.

“Foi a maior decepção que tive, o tempo que fiquei envolvido com o Cruzeiro. Maior do que perder o Mundial no Japão. Não esperava jamais aquilo. Tivemos várias alegrias. Nós poderíamos ter matado o jogo lá. Me lembro que o Kléber perdeu, na última bola do jogo, debaixo do gol. Empatamos lá e viemos com confiança. Aqui, a gente precisando de uma vitória simples, tomamos dois gols”, revelou Zezé Perrella, presidente do clube mineiro, na ocasião.

E o nome de um jogador do Estudiantes virou pesadelo na boca dos cruzeirenses.

“Nunca vi um jogador jogar tanto como o Verón jogou. Poucas vezes na vida eu chorei por resultado de jogo. Mas nesse dia eu chorei. Fiquei triste demais”, frisou Zezé Perrella, referindo-se ao ex-meia Juan Sebastián Verón, cérebro e grande comandante daquele time e que, hoje, aos 49 anos, é presidente do Estudiantes.

Até para quem participou da cobertura jornalística daquele jogo o resultado foi totalmente inesperado. “Depois do 0 a 0 na primeira mão (ida), na Argentina, uma onda de otimismo e ‘azulão’ generalizado varria a capital do Estado de Minas Gerais perante a conquista do troféu maior do continente sul-americano, à distância de uma vitória. Ou seja, seria olhado de lado quem ousasse pensar que o Estudiantes conseguiria vencer no Mineirão, o que precisava fazer para levar a taça”, contou o jornalista António Barroso, que veio de Portugal para cobrir o jogo.

Campanha irretocável

Na edição de 2009 da Libertadores, a Raposa jogou sete vezes em casa, perdendo apenas o jogo do título. Na primeira fase, o time celeste passou em primeiro lugar, com 13 pontos, à frente de Estudiantes, Deportivo Quito (Equador) e Universitario de Sucre (Bolívia). Nas oitavas, a Raposa passou pela Universidad de Chile. Nas quartas, a vítima foi o São Paulo. E na semifinal, outro brasileiro, o Grêmio.

Guerreiro Ramires 

Naquele time, jogava Ramires, um dos destaques da Raposa. Tanto que o clube mineiro já havia confirmado a venda do volante ao Benfica, de Portugal, dois meses antes, por 7,5 milhões de euros (cerca de R$ 21 milhões na época). “Por isso, ele (o jornal a Bola) enviou repórter de Portugal para cobrir a grande ocasião e aquele que seria o último jogo do ‘Guerreiro’ Ramires pela Raposa antes de se transferir para o Benfica e voar para Portugal”, relembrou o jornalista António Barroso, que esteve no Mineirão naquela noite, como enviado especial.

“Seria a despedida de Ramires, de partida para o futebol europeu. Despedida que seria a cereja no topo do bolo para os adeptos da Raposa, que em cinco dias resolveu o imbróglio relativo aos direitos do jogador com o Joinville e foi para o Benfica. Um bom negócio para os encarnados de Lisboa, que pouco mais de 12 meses decorridos transacionariam, em 2010, o internacional brasileiro para o Chelsea, por três vezes mais que o que pagaram”, destacou António Barroso.

Com a camisa do Cruzeiro, Ramires foi campeão mineiro em 2008 e 2009. Disputou 111 jogos, com 27 gols marcados. Chegou a ser convocado pelo então técnico Dunga, da seleção brasileira, para os Jogos Olímpicos de Pequim e para a Copa das Confederações, na África do Sul.