Apontado como um dos principais responsáveis pela maior crise financeira da história do Cruzeiro, o ex-dirigente Itair Machado teve mais uma derrota na Justiça nesta quarta-feira (18/9). Um apartamento de luxo de sua posse e de sua esposa em Minas Gerais foi apreendido.
O arresto, medida judicial que consiste em embargar o bem de um devedor com o objetivo de garantir o pagamento de uma dívida, foi um pedido do clube, que visa ressarcir um dinheiro supostamente desviado. Itair é suspeito de se apropriar indevidamente de R$ 6.861.243,06 dos cofres da associação e transferir para uma empresa sua e de sua esposa, Marina de Souza.
Leia mais: Cruzeiro e China Azul esperam por justiça
Aliás, o imóvel, localizado no bairro Serra Curral Del Rey, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, está em nome de uma construtora. No entanto, o departamento jurídico do Cruzeiro apresentou à Justiça indícios que Itair e Marina são os donos, como recebimento de correspondências.
A decisão foi lavrada pelo juiz Maurício Leitão Linhares, da 35ª Vara Cível da Comarca de BH. As informações foram publicadas primeiramente pelo portal O Fator e confirmadas pelo O TEMPO Sports, que entrou em contato com Itair Machado e aguarda um posicionamento.
Agora, o processo segue para a fase de audiências. Em abril, R$ 819 mil foram bloqueados de suas contas, além da de um empresário, por conta de suposta irregularidade na renovação de contrato do goleiro Fábio.
Compra do apartamento
Conforme investigações, cerca de R$ 4 milhões teriam sido utilizados por Itair Machado para comprar o apartamento. A transação contou com a participação do empresário Cristiano Richard dos Santos, que simulou um empréstimo ao Cruzeiro, com o aval de Itair. Na prática, o empresário teria recebido parte dos direitos econômicos de dez atletas.
Como isso aconteceu? Parte do valor dos direitos econômicos dos jogadores negociados teriam sido pagos por Cristiano Richard por meio de transferências bancárias para quitar uma fatia do valor devido por Itair na aquisição do apartamento. A maior parte, R$ 3.857.500,00, foi transferida diretamente para a construtora do empreendimento. O restante, R$ 57 mil, para pagamento dos honorários dos corretores que participaram da negociação.
Processo
Itair Machado de Souza, vice-presidente do Cruzeiro entre 2018 e 2019, e Wagner Pires de Sá, presidente do clube na mesma época, foram investigados pela Polícia Civil e denunciados pelo Ministério Público por crimes como organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Atos teriam sido cometidos em contratos de jogadores, transferências, acordos de fachada, entre outros. No total, R$ 13.078.720,00 é o valor solicitado pela promotoria para que seja devolvido aos caixas do clube, mas o processo se arrasta no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) desde 2019.
Sérgio Nonato (diretor-geral); os empresários Cristiano Richard dos Santos Machado, Carlos Alberto Isidoro e Wagner Antônio da Cruz; Ivo Gonçalves, pai do atleta Estevão; Christiano Polastri Araújo, ex-presidente do Ipatinga; e Fabrício Visacro, ex-assessor de futebol e cunhado de Itair são os demais réus.