Uma reportagem da conceituada Revista Piauí causou impacto no meio do futebol mineiro e brasileiro nesta quinta-feira (13/2). O Cruzeiro Esporte Clube teria lavado, para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), R$ 3 milhões em uma transferência de jogador.

Trata-se do atacante Diogo Vitor, revelado pelo Santos. Em 2021, quando a Raposa vivia a maior crise de sua história a disputava a Série B do Campeonato Brasileiro, o atleta foi contratado, mas numa negociação estranha.

Em vez de o Cruzeiro pagar ao empresário William Barile Agati, que detinha os direitos econômicos de Diogo, o dinheiro tomou o rumo inverso. Após alguns dias da última transferência, o Cruzeiro, então presidido por Sérgio Santos Rodrigues, devolveu parte dessa quantia (R$ 1,5 milhão) a Agati e a uma de suas empresas.

Conforme o Ministério Público Federal, a operação serviu para o empresário lavar dinheiro conquistado com venda de cocaína. "Entre 2019 e 2021, nas contas do MPF, Agati traficou cerca de duas toneladas de cocaína para o Sul da Espanha, seja em navios partindo do Porto de Paranaguá (PR), seja em um jato executivo Dassault, que, segundo um delator da quadrilha, transportava do Brasil para a Europa tanto jogadores de futebol quanto cocaína pura", consta na matéria.

Diogo nunca atuou com a camisa estrelada e deixou a Toca ainda naquele ano. A Polícia Federal continua investigando o caso.

Posicionamentos

O Cruzeiro SAF informou que a atual gestão não possui vínculo com o que ocorreu na época, mas que está à disposição das autoridades para esclarecimentos. Já Sérgio Santos Rodrigues afirmou ao O TEMPO Sports que a referida reportagem é mentirosa.

Conforme o ex-dirigente, que também é advogado, a contratação de Diogo Vitor, mineiro e que sequer atuou pelo time, não teve qualquer irregularidade. Já o valor devolvido a William Barile Agati, preso pela Polícia Federal, fazia parte da devolução de um empréstimo.

Leia a nota na íntegra:

"A maldosa reportagem feita por Alan de Abreu hoje na Revista Piauí em nada corresponde com os fatos que envolvem a relação entre o Cruzeiro e William Barile. O referido “jornalista” inclusive foi pessoalmente atendido para elucidar os fatos e dispensou o envio de documentos que comprovam toda a realidade do caso, contentando-se em soltar sua “estória” da forma que lhe rende mais repercussão, inclusive tendo publicado a mesma poucos minutos após ser atendido, o que mostra que sua preocupação jamais foi ouvir a verdade dos fatos. Aliás, isso está demonstrado pelo fato da reportagem versar sobre uma pessoa, mas o título recair sobre o Cruzeiro, que não representa 10% de tudo que se relata na reportagem.

Foi explicado ao “jornalista” que a relação entre William e Cruzeiro foi simples: contrato de mútuo, no valor de R$ 5 milhões (e não de R$ 3 milhões como noticiado). Trazido ao clube por pessoas envolvidas no futebol, Willian queria uma oportunidade para seu atleta agenciado Diogo Vitor; foi então oportunizado que ele treinasse no Cruzeiro para restabelecer sua forma física e, talvez, jogar. Paralelo a isso, foi feito com Willian um contrato de mútuo nós mesmos moldes de outros que foram feitos com outros empresários na gestão, todos devidamente registrados no balanço no clube. 

William emprestou o valor ao clube a uma taxa de 0,8 % por mês, conforme consta no contrato, e ao longo do tempo recebeu todo este valor, sendo parte dele na gestão de Sérgio Santos Rodrigues e parte na gestão de Ronaldo, cuja equipe quitou integralmente o mútuo quando assumiu a gestão do clube. Todas as transações feitas de forma eletrônica, logo, facilmente identificadas por instituições bancárias ou até mesmo pela Polícia Federal que, conforme a “notícia”, estaria investigando o caso. Sem dúvidas que com todos os recursos disponíveis a respeitada instituição facilmente achará a entrada e a saída dos recursos, relembrando, lastreados em contrato e registrados em balanço. 

Diante disso, imperioso indagar porque o “profissional” não quis sequer ver estes documentos, para escrever com total irresponsabilidade uma acusação séria e temerária. Uma pergunta simples, para reflexão: quem lava dinheiro ilícito registra operação em balanço? Quem lava dinheiro ilícito faz transações eletrônicas registradas nas instituições bancárias? Até mesmo uma criança responde essas indagações…

Esperamos que o veículo de mídia que noticiou a fantasiosa história com uma manchete extremamente sensacionalista e inverossímil repreenda o colaborador que não fez o básico do jornalismo: apurar corretamente os fatos e ser correto com as informações recebidas.

Os documentos anexos comprovam todo aqui alegado e, repise-se, o “jornalista” sequer quis ver estes documentos. Sem mais, estamos sempre a disposição das pessoas sérias que tem compromisso com a verdade e não com o número de cliques na notícia."

O advogado de Agati, Eduardo Maurício, o definiu como “um empresário idôneo e legítimo, primário e de bons antecedentes, pai de família, que atua em diversos ramos de negócios lícitos, nacionais e internacionais, sempre com ética e seguindo as leis vigentes e os bons costumes”. Também afirmou que é inocente “e isso ficará provado ao final do processo”.