O movimento de Ronaldo Fenômeno, ex-gestor do Cruzeiro, após a tentativa frustrada de ser candidato à presidência da CBF, é ter voz mais ativa no futebol e se aproximar da Conmebol.
A presença à frente do grupo de trabalho que vai tratar das medidas contra o racismo no âmbito sul-americano é o movimento mais claro.
Na semana passada, Ronaldo participou da reunião após convite do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, segundo a reportagem apurou.
O Fenômeno e o dirigente paraguaio mantêm boa relação. Eles superaram uma desconexão da Copa de 2022, quando os pentas não foram a um evento da Conmebol em homenagem a Pelé, no Catar.
No ano passado, quando ainda era gestor do Cruzeiro, Ronaldo e Gabriel Lima, seu braço-direito na SAF celeste, também se reuniram com Alejandro Domínguez, inclusive presenteando o presidente da entidade com uma camisa do clube, personalizada com o nome dele e o número 9, que era utilizado pelo Fenômeno em sua época de jogador.
Desta vez, Ronaldo e Alejandro Domínguez conversaram sobre a frase do dirigente paraguaio, que comparou a hipótese de uma Libertadores sem os clubes brasileiros a "Tarzan sem Chita".
A fala só apimentou a discussão sobre a efetividade das medidas da Conmebol contra o racismo. Depois das desculpas de Alejandro, a reunião com associações nacionais para a qual Ronaldo foi convidado serviu para 'reduzir a temperatura'.
Ronaldo não foi o único ex-jogador brasileiro na ocasião. Também estavam na reunião o ex-volante Mauro Silva, campeão da Copa de 94, e o ex-lateral Léo Moura, mas foi o Fenômeno quem recebeu a oferta do presidente da Conmebol para liderar o grupo de trabalho.
Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues não estava presencialmente na reunião. Participou por vídeo, do Rio, na véspera da demissão do técnico Dorival Júnior do posto de técnico da seleção brasileira.
Segundo pessoas próximas a Ronaldo, a ideia de liderar o grupo de trabalho aconteceu por causa da sugestão de manutenção permanente da força-tarefa.
Ronaldo não conseguiu emplacar o apoio junto às federações estaduais para ser candidato à CBF e tem feito críticas ao modo como o futebol brasileiro é gerido.
Mas, curiosamente, já fez um aceno a Ednaldo Rodrigues. No programa de Galvão Bueno na Band, disse que não era inimigo do presidente da CBF.
Há dois anos, Ednaldo recorreu a Ronaldo como um intermediário para conversar com Carlo Ancelotti, na vez passada em que a CBF precisava de um novo técnico para a seleção. Mas o trânsito mais fácil nas últimas semanas acabou sendo na Conmebol. (Igor Siqueira)