Um dos responsáveis pelo Cruzeiro ostentar a alcunha de maior vencedor da Copa do Brasil relembrou bastidores de uma das seis conquistas estreladas. O ex-zagueiro Léo relatou bastidores do pentacampeonato, conquistado em 2017. Titular do Cruzeiro naquela equipe, o ex-defensor compartilhou bastidores sobre a semifinal e a grande decisão.

Após eliminar Volta Redonda, São Francisco, Murici-AL, São Paulo, Chapecoense e Palmeiras no decorrer da disputa, o Cruzeiro se deparou com o Grêmio, nas semifinais. Naquele ano, o time gaúcho era o maior vencedor do torneio (tinha cinco troféus, contra quatro do Cruzeiro na época). Léo relata que a pressão para aquele confronto foi maior do que nos outros duelos, já que o Tricolor Gaúcho vivia grande momento e havia eliminado a Raposa da Copa do Brasil no ano anterior, também na semifinal. 

“O Grêmio era o time a ser batido. A gente enfrentou o Grêmio na semifinal em 2016 e perdemos. E era o Grêmio de Arthur, Luan, Cebolinha, Luan estava voando. O Grêmio não tinha perdido nenhuma fora de casa, fomos enfrentá-los lá e perdemos de 1 a 0. Entramos tristes no vestiário, e o Mano perguntou: ‘Porque vocês estão tristes? Se a gente saísse de BH falassem que ia chegar aqui e perder de 1 a 0... a gente está no jogo. A gente vai pro Mineirão na volta, vamos convocar o torcedor, o torcedor vai estar com a gente. Vamos lotar o Mineirão e ganhar lá. Você acreditam ou não?’ Aquilo movimentou muito”, relatou Léo, em entrevista ao Cruzeiro Cast, podcast oficial do Cruzeiro. 

Na semana do jogo decisivo, uma voz experiente, que já havia inclusive atuado pelo Grêmio, também aconselhou o elenco celeste, segundo Léo. O ex-volante Tinga, que na época já estava aposentado dos gramados e era diretor da Raposa, motivou os atletas às vésperas da partida de volta contra o Grêmio.

“Ele reuniu com a gente e disse: ‘Ano passado já aconteceu de perder na semifinal. E quem perde na semifinal perde duas vezes, porque perde o jogo e ainda tem que ver o outro time na final pensando que poderia estar lá. E neste ano não vai ter isso. Neste ano vai ser a gente’. Nos reunimos e foi um jogo muito difícil, decisivo, gol de cabeça do Hudson. Foi pros pênaltis, e o Fábio pegou dois (na verdade um), é um monstro”, celebrou. 

Após eliminar o Grêmio, o Cruzeiro pegou o Flamengo na grande decisão. Após empate por 1 a 1 no Maracanã e outra igualdade, por 0 a 0, no Mineirão, a disputa foi para os pênaltis. E Léo foi um dos cinco cobradores da Raposa, na vitória por 5 a 3 que garantiu a taça. O ex-zagueiro afirma que fez questão de ser um dos batedores, algo que era um sonho de criança. 

“Todo menino que viu o Baggio (ex-armador da seleção da Itália) batendo pênalti em 1994 (na final da Copa do Mundo contra o Brasil), como eu, tinha o sonho de ganhar um título batendo pênalti dentro de casa. Meus amigos falaram ‘Cara, como você pegou essa bola para bater pênalti?’ Eu treinava, o Rafael sabia, o Fábio sabia o canto em que eu ia bater. Pênalti é repetição. Muita responsabilidade, 60 mil pessoas no Mineirão, estava cansado, premiação alta... exige equilíbrio emocional. Mas para ter esse equilíbrio, tem que ter um treinamento no dia a dia. Bati no mesmo lugar em que treinei’, contou.

Léo também estava no elenco que, no ano seguinte, 2018, conquistou novamente a Copa do Brasil, fazendo o clube celeste se isolar como maior campeão do torneio, com seis títulos.