Nem só de futebol vive o futebol. E a torcida do Cruzeiro é prova disso. Neste domingo (18/8), durante o jogo da Raposa de futebol feminino no Independência, em BH, contra Red Bull Bragantino, a torcida azul fez uma homenagem ao gari Laudemir de Souza Fernandes, que tinha 44 anos e foi morto durante uma confusão de trânsito em Belo Horizonte, também na capital mineira. 

Uma faixa com o texto "Justiça por Laudemir" foi esticada na porta do estádio por pessoas com o uniforme da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para fazer a homenagem à vítima.  A faixa contava com imagens do escudo do time azul nas duas laterais.

Torcedores se juntaram ao grupo para pedir quea justiça seja feita. Dentro do Independência, trabalhadores da SLU se sentaram juntos e eram vistos de longe, com seus tradicionais uniformes de cor laranja. 

O jogo

As Cabulosas venceram o Red Bull Bragantino por 2 a 0 e garantiram vaga na semifinal do Campeonato Brasileiro A1. Após empatar no jogo de ida em 0 a 0, a equipe estrelada segue firme rumo ao primeiro título da competição.

O crime

Na manhã de segunda-feira (11/8), por volta das 9h, houve uma confusão no trânsito no bairro Vista Alegre, na região Oeste de Belo Horizonte. Um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro modelo BYD cinza, vindo na direção contrária, se aproximou. O motorista do veículo, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, apontado como principal suspeito do crime, teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, dizendo que “iria atirar na cara” dela. Logo depois, ele teria atirado contra o gari Laudemir, que estava trabalhando na coleta.

O trabalhador foi atingido na região torácica, próximo às costelas, e socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos. Após o disparo, o suspeito fugiu no mesmo carro BYD cinza, mas acabou localizado pela polícia na tarde do mesmo dia, enquanto malhava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril.

Ele foi preso sem oferecer resistência. Conforme relatos das testemunhas, pouco antes de ser atingido, Laudemir teria dito: “Acertou em mim”. Testemunhas que estavam no local do crime afirmaram que o suspeito “saiu tranquilo e com semblante de bravo” após atirar na vítima.

A vítima

Laudemir era gari da Localix Serviços Ambientais. Colegas e parentes o descrevem como trabalhador, pacífico e dedicado à família. A vítima deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas.

Segundo Ivanildo Gualberto Lopes, sócio-proprietário da Localix, Laudemir tentou apaziguar a situação durante a confusão no trânsito e acabou sendo atingido enquanto trabalhava. “Agora vai estar nas mãos da Justiça e nós iremos acompanhar”, afirmou Ivanildo.

Versão de Renê

Renê da Silva Nogueira Júnior negou a autoria do crime durante o depoimento. Segundo ele, no dia do homicídio, saiu de casa às 8h07 e seguiu o trajeto que costuma fazer até Betim, onde trabalha. Relatou que chegou à empresa, saiu para almoçar, retornou ao trabalho, voltou para casa ao final do expediente, trocou de roupa, saiu para passear com os cães, guardou os animais e foi à academia.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que as imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas para confrontar a rota e os horários descritos por Renê. Segundo a corporação, “tem que ser comprovado” o trajeto narrado pelo suspeito.