O árbitro Igor Junio Benevenuto, responsável por comandar o polêmico clássico entre Atlético e Cruzeiro, no último domingo (6), no Mineirão, relatou ameaças sofridas antes e no pós-jogo. O dono do apito revelou que sua rotina foi alterada, inclusive traços físicos, como retirar a barba, para não ser reconhecido. Em entrevista ao programa, 'Seleção SporTV', Benevenuto qualificou a situação como atos de terrorismo, inclusive, o árbitro disse que sequer voltou para casa ainda devido às ameaças. 

"Nós estamos vivendo um terrorismo velado. Não como em outros países que é real, mas vivemos um terrorismo. Tanto psicológico, porque hoje não vivo mais uma vida normal. A FMF se dispôs a me ajudar, falei hoje com o presidente que eu já tinha procurado um advogado particular, mas se tiver a possibilidade e a necessidade, também irei buscar ajuda e auxílio deles, que é muito importante essa hora unirmos força para levar isso para frente, porque é inadmissível o que estamos vivendo. Vocês (jornalistas) também sofrem isso. Está muito difícil hoje em dia", contou o juiz. 

"Horas antes do clássico eu recebi várias mensagens, tanto no meu whatsapp quanto no Instagram, de ameaças, falando que se eu marcasse pênalti para uma determinada equipe eu iria ver com eles, que sabem onde eu moro, e coisas assim. Depois do clássico foi uma coisa abusiva, dizendo que iam me ‘pegar’, iam me matar. Passaram carros em frente à minha casa, dizendo que iam me matar e matar pessoas da minha família. Hoje passaram de novo. Eu nem fui para casa ainda, estou fora de casa e não sei que dia volto. Está totalmente conturbado, minha vida virou um stress por causa desse jogo e dessa penalidade, que foi o único lance questionável dessa partida", completou Benevenuto. 

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O lance apontado pelo juiz foi o pênalti assinalado em Hulk e cometido por Lucas Oliveira. O jogo estava 1 a 0 para o Cruzeiro e o lance acabou sendo convertido por Hulk, deixando o jogo em pé de igualdade. No fim da partida, Ademir virou para o Alvinegro. 

Benevenuto afirmou ao 'SporTV' que entraria com uma ação judicial contra as pessoas que estavam o ameçando e ainda fará um boletim de ocorrência para denunciar os ataques recebidos. 

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"A Federação Mineira, o presidente Adriano Aro, e o Juliano Lopes, que é presidente da comissão, já me ligaram e me deram todo apoio. Terminando o programa já estou acionando o advogado e vamos entrar com ação contra todas essas pessoas. Essas pessoas têm que entender que redes sociais não são ‘terra de ninguém’, que podem fazer o que querem e falar o que querem sem serem punidas. Também vou fazer ocorrência policial, porque é um caso muito claro. É um caso muito grave e estamos vendo essa semana muitos casos de violência, como casos de pedradas em ônibus, bombas, invadindo campos, como vimos no México essa fatalidade que aconteceu. Acho que já passou dos limites, todos os possíveis. É preciso dar punições graves, as autoridades precisam achar estratégias para coibir as pessoas que estão vivendo no nosso meio, na nossa sociedade. As pessoas agem com emoção e prejudicam a vida das pessoas no esporte, que deveria dar alegria e paz para as pessoas", lamentou Benevenuto. 

O árbitro do clássico terminou sua participação no programa pedindo rigor das autoridades para que uma tragédia não aconteça. Ele também comentou sobre o medo que sente, inclusive tendo que modificar sua aparência para não ser reconhecido. 

"Eu vinha usando desde o ano passado, mas tirei por causa do jogo de ontem. Sei que as pessoas marcam a fisionomia. Claro que vendo esse programa, de tanta audiência, eles vão me ver, mas tirei para tentar andar por Belo Horizonte normalmente. Mas nesses dias, por exemplo, não vou poder ir à academia e viver uma vida normal porque tenho medo de fazerem algo comigo. Estou andando de boné, máscara e óculos escuro para ninguém me reconhecer, porque agressão verbal tem muito na rua. A gente tem que evoluir ainda muito como sociedade e como gestão do futebol, porque uma tragédia está muito próxima de acontecer no nosso futebol", alertou Benevenuto.