Atlético e Cruzeiro. A maior rivalidade de Minas Gerais ganha mais um capítulo neste domingo (6), quando as duas equipes voltam a se enfrentar, no Mineirão, pela nona rodada do Campeonato Mineiro. Um hiato de quase um ano entre o último encontro é janela temporal que se impõe sobre os adversários. O rebaixamento do Cruzeiro à Série B e a sequência de insucessos da Raposa no Mineiro desde 2020 vêm impedindo que o compromisso se repita com frequência. Mas cada clássico é marcante. Cada clássico tem o seu capítulo à parte.
Em 2022 não será diferente. E motivos alimentam essa expectativa pelo confronto. A ansiedade temporal é um dos ingredientes. A balança que pende para um lado que hoje desponta como a maior força do futebol brasileiro nacional contra um time que busca se reerguer. É quase que como um relato shakesperiano de afirmação e redenção. E quando a bola rola, o roteiro que muitos imaginam na mente ganha outra forma. É o futebol. Com seus ídolos, seus vilões, coadjuvantes, com suas paixões.
O Super.FC apresenta cinco motivos que fazem deste duelo, o de domingo, no Gigante da Pampulha, um compromisso que poderá arrebatar a nossa atenção.
Presença de Ronaldo
Ronaldo Fenômeno conhece bem o que é um Cruzeiro e Atlético. Disputou o maior clássico quando aqui esteve, inclusive fazendo 'gato e sapato' do zagueirão alvinegro Kanapkis. A ilusão que aquele garoto trazia, quando começava a despontar como um gigante do mundo do futebol, hoje é trocada por seu lado gestor. Se um dia Ronaldo tirou sorrisos do torcedor celeste por seus gols e dribles desconcertantes, ele tenta trazer de volta esses sorrisos com a caneta e o poder nas mãos. Com um vínculo pré-assinado que o torna acionista majoritário da SAF celeste, ele estará nas tribunas do Mineirão para acompanhar o Cruzeiro de perto em sua missão de defrontar o maior rival. Um clássico que Ronaldo, que quando esteve no Mineirão, talvez jamais imaginou. Mas o futebol tem disso. O impossível não existe.
Sequência de títulos atleticanos
O Galo é considerado hoje o maior time do Brasil, acumulando quatro títulos em um período de pouco mais de um ano. Seu maior adversário, se assim pode-se dizer, é o Palmeiras, que em um ano levantou duas Copas Libertadores, além da recente Recopa Sul-Americana. Mas dentro do país, nada e compara à performance recente do Alvinegro, que depois do Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil, teve pela frente o Flamengo e levantou mais um caneco, tornando-se também campeão da Supercopa do Brasil. O melhor Atlético da história encara um Cruzeiro em outra rota. E depois do 1 a 0 surpreendente de 2021, quando a Raposa superou o esboço daquele time que se desenhava como o mais dominante do país, superar o Cruzeiro é um alvo a ser concretizado.
Uma esperança que o torcedor celeste há muito não sentia
A SAF trouxe consigo um novo fervor na torcida cruzeirense. Os números são tangíveis. Bons públicos, crescimento do programa de sócio, que começou de baixo e hoje ruma para 40 mil afiliados, e resultados. São apenas nove jogos, uma amostragem ainda pequena, mas o time tem seus trunfos, uma dinâmica, uma intensidade que se inspira na escola uruguaia que Pezzolano e seus auxiliares trazem para a Toca da Raposa.
A intensidade, a vibração e a disputa alimentam uma esperança que o torcedor celeste esperava após anos de muitos questionamentos, impasses, dificuldades, atrasos. A Raposa parece no caminho e pode provar sua consolidação diante do rival. E, claro, tem seus jogadores, inspirados em performances que já arrebataram o torcedor, como o artilheiro Edu.
Torcidas de volta ao clássico
Em 2021, o Mineirão esteve vazio. O sistema de som pode ter emulado o frisson da torcida, mas faltou naquele clássico a alma de uma partida de futebol. Nunca antes na história, o clássico teve registro de ser disputado sem torcedor, justamente no centenário do duelo entre os dois maiores clubes do estado. Neste domingo (6), quando a bola rolar no Mineirão, mesmo que o confronto reserve a maioria de atleticanos contra uma minoria celeste, a vibração voltará a tomar conta das cadeiras do Gigante, ressuscitando o legítimo grito do torcedor.
O desafio de Hulk
Apontado como um dos maiores craques do futebol brasileiro no momento e com seu nome para sempre gravado na história do Galo, Hulk chegará neste domingo (6) ao seu oitavo clássico. Foram seis contra o América e apenas um contra o Cruzeiro. Mas em todos eles, o craque passou em branco. Nesta temporada, Hulk já foi às redes cinco vezes. E, neste domingo, diante do rival celeste, ele terá a oportunidade de, enfim, ser um dos protagonistas dentro da maior rivalidade do estado de Minas Gerais.