Quando o Cruzeiro entrar em campo quarta-feira (23), diante do Sergipe, pela Copa do Brasil, estará dando o primeiro passo no único caminho disponível neste ano para levá-lo de volta a uma competição internacional. Em fase de reestruturação, o momento do clube parece não passar tanta confiança à torcida, mas o passado pode servir de inspiração: há exatos 55 anos, em 19 de fevereiro de 1967, a Raposa fazia sua estreia na Copa Libertadores da América.
Comandado pelo técnico Airton Moreira, o time celeste, com vários jovens valores, em especial no meio de campo e no ataque, havia assombrado o país em 1966 ao conquistar a Taça Brasil, batendo ninguém menos do que o todo favorito Santos de Pelé, que ainda contava com craques como Pepe, Dorval, Zito, Gilmar e Carlos Alberto Torres, entre outros.
E, para não deixar dúvidas, o Cruzeiro faturou a Taça Brasil vencendo o Peixe por 6 a 2 no recém-inaugurado Mineirão, e por 3 a 2 no Pacaembu. Estava formado ali aquele time que ficaria ‘na ponta da língua’ do torcedor celeste por muitos anos: Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza, Dirceu Lopes, Natal e Tostão; Evaldo e Hilton Oliveira.
Com o título, o Cruzeiro se credenciou para a Libertadores de 1967, a primeira disputada pelo clube. E o primeiro adversário seria o pouco conhecido Deportivo Galícia, da Venezuela, equipe fundada por imigrantes vindos da região espanhola da Galícia.
Mesmo pouco conhecido por aqui, o clube venezuelano viveu o melhor momento da sua história exatamente na década de 1960, tendo se sagrado campeão em 1964 e vice-campeão em 1966.
Mesmo assim, entre os torcedores o sentimento era de que o Cruzeiro iria ‘passear’ em Caracas. Afinal, se aquele time havia batido o Santos de Pelé, quem seria o Deportivo Galícia para evitar o pior?
Na prática, o enredo foi bem diferente. O primeiro motivo: as condições do estádio Olímpico Universitário, em Caracas, com um campo praticamente ‘de terra’, sem alambrados e com iluminação precária.
Naquelas condições, diante de um público de 10 mil torcedores, os donos da casa não só conseguiram segurar o ímpeto celeste durante a maior parte do tempo quanto também levaram perigo para o goleiro Raul.
Quando os venezuelanos já se davam por satisfeitos com o empate, o Cruzeiro chegou ao gol da vitória, aos 49 minutos do segunddo tempo, com Evaldo. Não foi aquela vitória que a torcida esperada, mas significou o ‘cartão de visitas’ da equipe celeste ao futebol sul-americano.
Naquela edição da Libertadores, o Cruzeiro ainda passaria por Deportivo Itália, também da Venezuela, e Universitário e Sport Boys, do Peru. Só pararia no triangular semifinal diante dos uruguaios Nacional e Peñarol. O time celeste venceu ambos dentro do Mineirão, mas acabou batido fora de casa, perdendo a vaga na decisão pelo saldo de gols. Era o prenúncio da força que o time viria a ter no continente.
FICHA TÉCNICA
Deportivo Galicia 0 x 1 Cruzeiro
DEPORTIVO GALÍCIA
Perez; Chaco, Amarilla, Freddy e Urrutia; Díaz, Sílvio e Torres; Zé Maria, Paulo Fernandes e Celso. Técnico: Pepito
CRUZEIRO
Raul; Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza, Direceu Lopes e Tostão; Natal, Evaldo e Hilton Oliveira. Técnico: Airton Moreira
Motivo: Primeira fase da Copa Libertadores
Data: 19/02/1967
Estádio: Olímpico Universitário, em Caracas (Venezuela)
Público: 10.000
Renda: 32.500 bolivares
Árbitro: Adolfo Reginatto (Chile)
Gol: Evaldo, 49 do 2º