O ano era 1998. Dois anos depois, Cruzeiro e Palmeiras voltavam a se encontrar em uma final de Copa do Brasil. A Raposa possuía a vantagem após vencer o time paulista por 1 a 0, no Mineirão, na ida. Mas os palmeirenses estavam dispostos a dar o troco nos celestes, que faturaram dentro do Parque Antártica o título em 1996. O cenário da grande decisão havia mudado de local. E o Morumbi deu sorte aos paulistas, que conseguiram reverter a vantagem do Cruzeiro, vencendo por 2 a 0. Uma partida que ficou marcada por um gol "espírita" marcado por Oséas, o "Oseinha da Bahia", que dois anos depois faturaria mais uma Copa do Brasil, dessa vez pelo Cruzeiro. 

"Quando eu estava no Palmeiras, a diretoria montou uma equipe muito forte na época da Parmalat almejando títulos. E o Cruzeiro tinha uma equipe muito qualificada, muito forte naqual ocasião. E quando os dois se enfrentavam eram sempre jogos muito difíceis. Eu fui campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras, naquele gol sem ângulo, que o pessoal apelidou de espírita. Graças a Deus fui premiado com o título da Copa do Brasil pelo Palmeiras e também com um título do mesmo torneio pelo Cruzeiro", recorda Oséas, em entrevista ao Super FC. 

Um troféu com o Palmeiras que redimiu o atacante após o incrível gol contra marcado no dérbi contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista. O gol de Oséas é ainda mais histórico se passar à mente a lembrança de que a conquista no torneio nacional foi a primeira de Felipão no comando do Palmeiras e garantiu ao Palmeiras a classificação para a Copa Libertadores de 1999, ano em que os paulistas consagrariam-se campeões do torneio. 

"Você ganhar um título importantíssimo da Copa do Brasil pelo Palmeiras e ficar na história do clube, não tenho dúvidas, é uma coisa muito gratificante para o profissional que passou ali e exerceu seu trabalho corretamente", aponta o ex-jogador Oséas. 

A primeira conquista de Copa do Brasil na história do Palmeiras não foi conquistada sem suor. O Cruzeiro, como recorda Oséas, sempre teve elencos qualificados, uma prova das disputas que os palestrinos travavam. "Uma coisa que me lembro muito bem na Copa do Brasil, quando eu estava no Palmeiras, é que no jogo de ida na final, no Mineirão, nós perdemos o jogo. Fomos para o vestiário e, geralmente, quando você sai de campo derrotado os jogadores ficam meio triste, cabisbaixo. Mas a motivação nossa no vestiário era tão grande, sabíamos da qualidade do Cruzeiro, mas estávamos tão confiantes que falávamos "vamos lá, tem o jogo de volta, temos condição de reverter". Sabe aquela coisa positiva? Todo mundo na mesma vibração, todo mundo pensando positivo. Enfim, já chegamos em São Paulo, direto para a concentração, focados no jogo. Isso não sai na minha cabeça. Depois daquela derrota, nos reunimos no vestiário, nos abraçamos e falamos que tínhamos condição de reverter, todos com o mesmo propósito e acabou dando certo", conta o ex-atacante. 

Oséas transferiu-se para o Cruzeiro em 2000, acrescendo ao currículo as conquistas da Copa do Brasil e também da Sul-Minas. "Eu cheguei no Cruzeiro em 2000, graças a Deus foi uma passagem vitoriosa, onde conseguimos uma Copa do Brasil, um jogo muito difícil, o Cruzeiro tinha uma equipe muito forte qualificada, um grupo muito bom, que almejava sempre as conquistas. E, com certeza, conseguimos esse título da Copa do Brasil e o torneio Sul-Minas onde tivemos o privilégio e a capacidade de ser campeão também", relata Oséas. 

Críticas, música infeliz e perseverança

Mas nem tudo foram flores para o atleta com a camisa celeste. Oséas atravessou críticas. Foi vaiado e até ganhou uma inglória música no Mineirão. Fatos que à época lhe deixavam chateado, mas que hoje são lembrados com bom humor.

"Na vida profissional de jogador, às vezes você tem o momento bom, mas às vezes não vai conseguir manter os 100% de momentos bons na carreira. Não só o Oséas, mas a equipe também. Às vezes a equipe cai de produção e os resultados não vêm. O torcedor colocava apelido em cada jogador. E a minha era essa daí mesmo "Ah que bom seria se o Oseinha voltasse para a Bahia". Mas faz parte, tínhamos que continuar treinando forte porque eram jogos atrás de jogos e aqueles que vaiavam, que colocavam esses apelidos, os mesmos estavam aplaudindo em campo pela vitória no dia seguinte", destaca o atleta. 

Ver Cruzeiro e Palmeiras novamente no cenário nacional brigando por uma final de Copa do Brasil faz Oséas voltar no tempo. E o atacante garante: vai ficar de olho na telinha para ver mais um pouco dessa história de rivalidade. 

"Tanto o Palmeiras tem uma equipe qualificada hoje. Tem um treinador que adora Copa do Brasil, aquele mata-mata. E do outro lado tem o Cruzeiro, dono de uma equipe muito qualificada. Não tenha dúvidas de que o jogo será muito difícil. E fico relembrando naquela época de 90 e 2000 que quando Cruzeiro e Palmeiras se enfrentavam eram jogos de muita técnica, sabedoria, sabíamos da qualidade tanto de um como do outro. Não tenha dúvidas que eu estarei na telinha vendo esses dois jogos entre Palmeiras e Cruzeiro", encerrou Oséas.