A assembleia de credores para votação do plano de recuperação judicial do Cruzeiro ainda não tem uma data definida. Inicialmente marcada para o 7 de dezembro de 2022, a primeira chamada, e dia 15, a segunda, parte dos credores entraram com um pedido de adiamento na Justiça, concedido pelo desembargador Ramon Tácio, da 16ª Câmara Cível de Belo Horizonte.
Para entender quando uma nova assembleia será marcada, o Tempo Sports entrou em contato com Daniel Vilas Boas, advogado contratado pelo Cruzeiro para comandar o processo de recuperação judicial, e Fábio Cruz, advogado que representa cerca de 15 credores.
O adiamento da assembleia se deu pelo fato de alguns credores não concordarem com algumas cláusulas do plano de recuperação judicial do Cruzeiro, alteradas dois dias antes da assembleia. Mas, segundo Daniel Vilas Boas, isso é muito comum em processos como esse.
“A lei prevê que quando você entra com uma recuperação judicial, depois que a Justiça aceita e dá andamento a recuperação judicial, a empresa tem 60 dias para apresentar o documento que propõe aos credores uma forma de pagá-los. É proposto desconto, alongamento dos prazos de pagamento, etc. O Cruzeiro cumpriu o prazo e apresentou o plano de recuperação, com isso, começam as negociações”, disse.
“É absolutamente normal ocorrerem mudanças no plano, ele vai sendo adaptado. A gente vai mudando o plano de tempos em tempos. É comum, inclusive, acontecer mudanças durante a assembleia. No entanto, os credores disseram ao desembargador que estavam se sentindo inseguros, porque realmente o Cruzeiro fez uma mudança dois dias antes da assembleia. Dois dias é até bom, já que algumas acontecem durante a assembleia”, completou Vilas Boas.
O advogado, que representa o Cruzeiro, também contou que o tribunal está de recesso, com isso, apenas no final deste mês será possível saber uma previsão para a nova data da assembleia.“Alguns credores fizeram um alarde grande contra a realização da assembleia, e a Justiça achou melhor adiar a assembleia marcada para dezembro. Esse adiamento não tende a ser longo, mas a Justiça está de recesso até o dia 20 de janeiro, e a juíza precisa designar uma nova data”, contou.
Daniel também informou que o melhor para o clube é que essa situação seja resolvida o mais rápido possível. “Do ponto de vista do Cruzeiro, nos queremos resolver essa situação o mais rápido possível. Não faz sentido ficar adiando essa história”, explicou.
O representante do Cruzeiro ainda lembrou o acordo feito com o goleiro Fábio, que está na lista de credores apresentados a Justiça. A dívida com o ex-goleiro da Raposa é de R$ 20.706.715. “Nós, inclusive, já fizemos um acordo com o goleiro Fábio. Ele é um credor bastante relevante, e percebeu que o plano do Cruzeiro é bom. O Fábio já concordou e vários outros credores também concordaram”, destacou Daniel.
Outro lado
Representante de parte dos credores, o advogado Fábio Cruz revelou que o Cruzeiro ainda precisa apresentar alguns documentos à Justiça. “O Cruzeiro tem que apresentar alguns documentos que o desembargador relacionou, como os demonstrativos de quem são os credores, qual a origem da dívida. Tinha gente que estava na lista e não tinha dívida”, disse.
Fábio também destacou um dos motivos que impulsionam o pedido do adiamento da assembleia. “A proposta que o Cruzeiro fez é que os credores que recebem até 150 salários mínimos, não terão redução de valor. Porém, a lei estabelece que quem não tem prejuízo no valor não pode votar na assembleia. Então o Cruzeiro tem que levar uma proposta para ser votada por quem a lei determina que vote. Esse é o ponto que nos estamos esperando o pronunciamento”, esclareceu.
Apesar de não ter uma nova data prevista para a assembleia, o Cruzeiro trabalha para entrar em um acordo com seus credores. “O Cruzeiro tem procurado vários advogados de credores para um plano de consenso que possa ser levado para a assembleia para ter a aprovação. Existem conversas. A assembleia deveria acontecer até o final de janeiro. Se for em consenso, aí não depende da decisão do juiz que suspendeu, pode marcar a assembleia, por ser uma situação de consenso”, finalizou.