Falar de Cruzeiro e Palmeiras é lembrar-se de Marcelo Ramos. O jogador que mais balançou as redes na história dos confrontos, com 10 gols marcados. Um desses tentos é histórico. O torcedor celeste lembra-se de cabeça. Cruzamento de Roberto Gaúcho para a área, uma falha glamourosa de Velloso, que não segurou a bola, e o oportunismo de Marcelo Ramos. O gol que silenciou o Parque Antártica em 1996 e fez a Raposa conquistar o bicampeonato da Copa do Brasil.
"O jogo de 1996 foi marcante demais na minha vida, fazer o gol do título daquela forma, quando ninguém esperava, com o Palmeiras praticamente imbatível, a história é muito bonita", lembra Marcelo Ramos.
"O sentimento é de muito orgulho, de muita felicidade em fazer parte da história deste confronto, um duelo de grandes times do futebol brasileiro, dois monstros que sempre estão chegando com grandes jogadores. E a década de 1990 foi uma época que era muito bacana. Enfrentávamos o Palmeiras toda hora em jogos decisivos, sejam eles pela Copa do Brasil, mata-mata de Mercosul, o Brasileiro de 1998 que nós conseguimos tirar o Palmeiras em pleno Parque Antártica fazendo dois gols. Eu me sinto honrado demais. Tive uma passagem pelo Palmeiras também, mas a história no Cruzeiro me permite, obviamente, torcer para o Cruzeiro passar. São dois grandes clubes, com dois grandes elencos e treinadores acostumados com este tipo de jogo e eu, não sei, acredito que o campeão pode estar neste jogo", aponta o ex-atleta.
"Agora é questão de detalhe, um jogo de concentração muito alta, são duas decisões, mas eu vejo Cruzeiro e Palmeiras com grandes possibilidades de conquistar mais um título. Agora é assistir e torcer para que o Cruzeiro faça dois grandes jogos, Tenho certeza que Felipão e Mano, dois grandes estrategistas, vão ajustar suas equipes para chegarem à mais uma final", diz o eterno goleador celeste.
"Esses clubes possuem muita tradição no mata-mata, pelos treinadores que têm. É bacana isso porque acaba tendo uma rivalidade gostosa, dois grandes clubes se encontrando mais uma vez na Copa do Brasil, podendo se encontrar na Libertadores. É muita tradição envolvida, torcida fica ligada porque qualquer detalhe, qualquer vacilo, o clube pode perder a classificação", completa o ex-atleta.
Rivalidade à prova
Marcelo Ramos se recorda bem dos duelos com os palmeirenses, mas destaca o respeito que existia entre os times. Para exemplificar isso, ele cita o ex-atacante Paulo Nunes, conhecido por seu jeito irreverente. As provocações existiam, mas tudo dentro de um limite.
"São estilos diferentes. Paulo (Nunes) sempre foi um cara decisivo do jeito dele, e eu um cara mais reservado. Cada um tem um jeito. Mas eu sempre procurei ser um cara mais reservado dentro de campo para estar sempre marcando os gols como eu marcava, principalmente em jogos assim, decisivos. Tinha a rivalidade normal, mas não existia jogadas desleais. Era um confronto de alta qualidade e com muita vontade e determinação, mas não me recordo de acontecer uma coisa mais dura. As provocações existiam, uma circunstância da época, mas tudo dentro do respeito", detalha Marcelo.
Antes do jogo decisivo no Parque Antártica em 1996, o ex-atacante acabou participando de uma foto que deu uma apimentada no clima da final. Uma situação que Marcelo, sempre comedido, considerou como ingênua.
"Me recordo de uma situação em 1996, quando em uma ingenuidade minha, do Roberto Gaúcho, do Cleison e do Uéslei, na semana da decisão, no segundo jogo, a gente posou para uma foto comendo um porco e eu acho que aquilo acabou criando uma rivalidade até maior. Mas, em nenhum momento, a gente teve a intenção de menosprezar o Palmeiras, até mesmo porque eles tinham aquele timaço e acabamos dando motivação para eles. No final, eu e o Roberto, que estávamos nessa foto, a gente conseguiu ser decisivo, junto com todo o grupo", celebra Marcelo após o momento de apuro.
Problema de gols no Cruzeiro e a confiança em Barcos
Sexto maior artilheiro da história do Cruzeiro, com 163 gols em 365 jogos, Marcelo Ramos também comentou sobre a dificuldade que o Cruzeiro tem tido para balançar as redes nesta temporada. No Campeonato Brasileiro, o time marcou apenas 19 gols, o terceiro pior ataque do torneio. Para o ex-jogador tudo é questão de fase. Ele recorda, inclusive, quando atravessou situações semelhantes na carreira.
"Essa questão de não balançar as redes faz parte. Às vezes você tem dois goleadores como Raniel e Barcos, mas às vezes em alguma situação a bola não entra. Eu já passei por isso, sei bem como é, apesar de você saber que tem muita qualidade na finalização, às vezes as coisas não andam. Algumas vezes, o grande jogador, o grande artilheiro, aparece nestes momentos decisivos. Como o Cruzeiro tem que ter muito cuidado com os jogadores do Palmeiras, caso do Willian, eu joguei com ele no Atlético-PR, e desde novo mostrava um poder de finalização muito grande. Então esta atenção tem que existir de todos os lados. Todos eles são goleadores, como da parte do Palmeiras vai existir esta preocupação mesmo sabendo que, por esses últimos jogos, o Cruzeiro não vem fazendo muitos gols. Isso é questão de só acertar ali e ter tranquilidade para fazer os gols", analisa o ex-atacante.
Marcelo Ramos, em especial, estendeu seu voto de confiança ao argentuno Barcos, atleta que, mesmo tendo marcado apenas um gol desde que chegou ao Cruzeiro, o agrada muito.
"Acredito muito no Barcos. É um cara que tem um estilo de jogo que me agrada muito, possui muita técnica, um centroavante inteligente, alto, finaliza muito bem e eu acho que, na hora certa, ele vai conseguir definir os jogos para o Cruzeiro. Além disso, o Cruzeiro ainda tem Raniel e outros atacantes que podem fazer os gols que o time precisa", finalizou o Flecha Azul.