Poços de Caldas

Ronaldo Fenômeno estreava como profissional, pelo Cruzeiro, há 30 anos; relembre

Aos 16 anos, o menino-prodígio recebia a sua primeira oportunidade, e começou a brilhar os olhos do mundo

Por Gabriel Moraes
Publicado em 25 de maio de 2023 | 05:00
 
 
 
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Ele tinha apenas 16 anos, oito meses e sete dias, e não estava longe de se tornar um fenômeno mundial. No dia 25 de maio de 1993, ou seja, há 30 anos, Ronaldo Luís Nazário de Lima fazia a sua estreia como jogador profissional de futebol, com a camisa do Cruzeiro.

Naquela época, não era qualquer atleta que começava a jogar no time de cima de um grande clube, como a Raposa. Ele precisava ter alguma excepcionalidade, o que era o caso do futuro R9, que já encantava quem assistia aos seus jogos na base e até nos treinos.

A chegada

Ronaldo atuava na base do São Cristóvão, time que leva o nome do bairro do Rio de Janeiro. Por lá, despontou e foi convocado à seleção brasileira sub-17, disputando o Sul-Americano da categoria na Colômbia. O país foi um dos quatro melhores, e Ronaldo o artilheiro, com 8 gols.

O ex-ponta-direita Jairzinho, campeão da Libertadores com o Cruzeiro em 1976, comprou o passe do atleta e o vendeu à agremiação mineira, que gostou da sua atuação com a camisa amarelinha. Ele, então, foi contratado para compor os juniores.

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Antes disso, ocorreu uma história que faria a maior torcida do país se lamentar. Morador do bairro Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, ele tentou jogar no Flamengo, localizado na Gávea, tendo que pegar, assim, quatro ônibus para se deslocar. A peneira era dividida em cerca de 10 idas ao centro de treinamento, porém, pela falta de dinheiro, Ronaldo parou na segunda.

Ou seja, caso o clube quisesse pagar o seu transporte, talvez o adolescente não teria desistido do Urubu, e assim, começasse uma cerreira de sucesso no clube carioca.

O início

Como dito anteriormente, Ronaldo foi contratado pelo Cruzeiro para ser das equipes inferiores ao profissional, mas, ao mesmo tempo, sabia que podia pintar uma oportunidade no elenco comandado por Pinheiro. O técnico, vice-campeão estadual com o América no ano seguinte, havia assinado, em janeiro de 1993, um contrato de seis meses com o clube celeste para o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil, uma prioridade naquele ano, já que seria um título inédito, e foi.

Em maio, o time mineiro chegou à semifinal contra o Vasco da Gama, e a estreia do menino-prodígio começou a se desenhar. Na ida, no Mineirão, o clube triunfou com um 3 a 1, e podia perder por até um gol de diferença no Rio de Janeiro.

Visando o duelo, que seria logo após o confronto diante da Caldense, o técnico Pinheiro resolveu poupar os titulares no jogo contra a Veterana, dia 25 de maio, no estádio Ronaldão, em Poços de Caldas, já que a classificação para o quadrangular final do estadual estava encaminhada. Com isso, Ronaldo ganhou a sua chance de brilhar.

O jogo

Naquela noite de terça-feira, o Cruzeiro foi a campo com: Harley, Zelão, Nonato, Robson, Maurcus Vinicius, Nonato, Rogério Lage, Daniel, Ramon Menezes, Nivaldo, Éder Aleixo, Ronaldo. Para comparação, veja o time titular diante do cruz-maltino: Paulo César Borges, Célio Lúcio, Luizinho, Nonato, Ademir, Paulo Roberto, Boiadeiro, Luís Fernando Flores (Rogério Laje), Edenilson, Roberto Gaúcho e Toto.

O Cruzeiro venceu aquela partida por 1 a 0, com gol aos 4 minutos do 1º tempo de Ramon Menezes, aquele mesmo, hoje técnico da seleção brasileira sub-20. E adivinha com quem a jogada começou?

Ronaldo tentou jogada individual na lateral-direita, já na reta da grande área. Após cruzamento, o goleiro da Caldense espalmou, mas a bola voltou para a área e Ramon empurrou para o fundo das redes. Os 2.484 pagantes no estádio Ronaldão não podiam sequer imaginar estarem presenciando a estreia profissional de um jogador que se tornaria um fenômeno mundial.

O primeiro gol e a ascensão

As arrancadas, o controle da bola e a esperteza do craque já brilhavam os olhos da China Azul e de quem via seus jogos. A partir dali, foi só sucesso e encanto com a camisa cinco estrelas.

Praticamente dois meses depois, já com o técnico Carlos Alberto Silva dirigindo a equipe, Ronaldo se destacou em uma série de amistosos do time principal em Portugal. Ele viajou à Europa apenas como compor a equipe, mas acabou se firmando como titular e demonstrou toda a sua sina de gênio e goleador.

Naquela excursão, feita entre o Mineiro e o Brasileiro, ele marcou o seu primeiro gol como profissional. Fato aconteceu no dia 5 de agosto de 1993, em vitória por 2 a 0 sobre o Belenenses. Ele também guardou um sobre o Peñarol.

A despedida e a volta

Pela Raposa, fez 56 gols (28 em 1993 e 28 em 1994) em 58 jogos, uma média de quase um por partida. Em função de seu desempenho com a camisa celeste, acabou convocado para a Copa do Mundo dos EUA de 1994, quando tinha 17 anos. Fez parte do elenco que conquistou o Tetra, mas não entrou em campo.

Em agosto de 1994, foi vendido ao PSV, da Holanda, por US$ 6 milhões. Depois, ainda brilhou por Barcelona, Internazionale, Real Madrid, Milan e encerrou a carreira no Corinthians, em 2011.

A despedida do Ronaldo do Cruzeiro em se deu em 7 de agosto de 1994 — Cruzeiro 1 × 1 Botafogo. Ele fez o gol aos 11 minutos do 1º tempo após partir em velocidade e passar pelo goleiro. "Eu fui bem recebido aqui, todo mundo me deu muito amor, e eu pretendo sim voltar ao Cruzeiro".

E voltou. Em dezembro de 2021, como dono de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), para salvar o clube da maior crise financeira e estrutural de sua história e provocar o seu retorno à elite do futebol nacional.

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