Libertadores

Todos unidos em defesa do zagueiro Dedé

Diretoria celeste foi à Conmebol e formalizou pedido para anular cartão; CBF e clubes se solidarizaram

Por Thiago Nogueira e Josias Pereira (*)
Publicado em 21 de setembro de 2018 | 08:00
 
 
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Buenos Aires, Argentina. Um erro inadmissível, corroborado pelo uso da tecnologia, que levanta suspeitas e coloca à prova a falta de representatividade do Brasil na Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). A expulsão do zagueiro Dedé, na quarta-feira, no jogo entre Boca Juniors e Cruzeiro, pela Copa Libertadores, indignou o mundo da bola. Numa tentativa de cabeceio, o defensor cruzeirense acertou o goleiro Andrada, que fraturou o maxilar.

A interpretação quase unânime foi de um lance acidental, mas, ao rever a jogada pelo VAR, o árbitro paraguaio Eber Aquino sacou o vermelho e tirou Dedé tanto da partida de ida quanto do duelo de volta pelas quartas de final, dia 4, no Mineirão. A Raposa perdeu em Buenos Aires por 2 a 0.

“Não fiz nada por maldade. Os próprios jogadores do Boca Juniors ficaram chocados com a minha expulsão”, disse o defensor. Foi a primeira expulsão de Dedé em 135 jogos pelo clube. Desde 2010, quando ainda atuava pelo Vasco, o zagueiro não recebia um cartão vermelho.

A reação da diretoria do Cruzeiro foi imediata. O presidente Wagner Pires de Sá e o supervisor administrativo Benecy Queiroz seguiram direto da capital argentina para Luque, no Paraguai, para protocolar um protesto na Conmebol. Eles foram recebidos pelo presidente Alejandro Domínguez. A tentativa é de, no mínimo, anular o cartão recebido pelo defensor. “Fiquei bastante satisfeito pela maneira com que fomos recebidos. Estamos indignados com o que aconteceu”, afirmou Pires de Sá.

Política. O lance da expulsão de Dedé, por mais que se discuta, ainda ficará no campo da interpretação do árbitro. O que não se tem dúvida é com relação à falta de voz da CBF na Conmebol. Nesta quinta-feira (20), a entidade brasileira se manifestou a favor do Cruzeiro, cobrando explicações da entidade sul-americana, mas, nos últimos tempos, os times brasileiros têm sofrido punições extracampo por escalação irregular de atletas – como a Chapecoense, no ano passado, e o Santos, neste ano –, algo que não se observa com os argentinos.

A relação está estremecida, vide a trapalhada do coronel Nunes, presidente da CBF, que votou no Marrocos para a sede da Copa de 2026, sendo que o trato com a Conmebol era optar por EUA/México/Canadá. Nunes, aliás, pode ser expulso do conselho da Conmebol por causa da atitude.

Repercussão

Argentinos. Principal jornal de esportes do país, o “Diário Olé” colocou em manchete: “Incomum expulsão por meio do VAR”. O Clarín também foi nessa linha: “O errôneo uso do VAR que custou uma expulsão ao Cruzeiro diante do Boca”. Durante a transmissão, os comentaristas de TV da Fox Sports argentina também criticaram a expulsão, chamando o lance de “fortuito”.

Brasileiros. Alguns clubes brasileiros usaram suas redes sociais para se solidarizarem com o Cruzeiro. “A Conmebol não decepciona: consistência!”. Força @Cruzeiro”, escreveu o Santos. “RAPAAAAAZ.... o que foi esse VAR aí com a galera do @Cruzeiro????”, publicou o Atlético-GO. Ídolos do clube também se manifestaram, como Alex e Sorín. Arrascaeta que, machucado, não pode atuar, também questionou o uso do VAR.

 

Conmebol dificilmente anulará suspensão

A anulação do cartão vermelho para Dedé é algo difícil de ser concedido pela Conmebol. A decisão, ainda não proferida, é para não abrir precedentes. As informações são do Blog do Marcel Rizzo, no UOL Esporte.

O artigo 23 do Código de Disciplina da Conmebol diz que “as decisões adotadas pelo árbitro em campo de jogo são finais e não são suscetíveis de revisão pelos órgãos judiciais da Conmebol”. O documento prevê que “unicamente as consequências jurídicas das decisões adotadas pelo árbitro poderão ser revisadas pelos órgãos judiciais exclusivamente na incorreta identificação da pessoa sancionada, em cujo caso se processará o verdadeiro infrator”.

Segundo o blog, nos bastidores, o árbitro teria identificado uma “jogada brusca grave” na cabeçada de Dedé e, por isso, o cartão vermelho.

Nos últimos anos, porém, São Paulo e Grêmio tentaram, sem sucesso, anular a suspensão de Calleri e Kannemann, respectivamente, em diferentes casos ocorridos nas Libertadores de 2016 e 2017. Mas, em 2014, a expulsão do meia Romagnoli, do San Lorenzo, foi cancelada, após o jogador ter recebido o vermelho em um jogo contra o Cruzeiro, também pela Libertadores.

Promoção na volta

O vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, anunciou que os ingressos para o jogo da partida de volta das quartas de final da Libertadores, contra o Boca Juniors, serão promocionais. “Quero deixar um recado para a torcida do Cruzeiro. Reunimos no vestiário. Vamos colocar a promoção de ingressos. Tenho certeza de que vamos tirar a diferença de dois gols e classificar”, afirmou o dirigente. A partida de volta das quartas de final da Libertadores entre Cruzeiro e Boca Juniors está marcada para quinta-feira, dia 4 de outubro, às 21h45, no Mineirão. Para chegar às semifinais, a equipe precisa de uma vitória por três gols de diferença. Um triunfo da Raposa por 2 a 0 leva a decisão para os pênaltis.

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