Kirsty Coventry, ex-nadadora do Zimbábue de 41 anos, assumiu nesta segunda-feira (23) a presidência do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne, na Suíça. Ela se torna a primeira mulher e a primeira africana a liderar a organização em seus 131 anos de existência. A posse ocorre após sua eleição em março, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Paris.

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A transição de poder começou no início de junho, marcando o fim da gestão de Thomas Bach, que apoiou Coventry durante o processo eleitoral. Em apenas nove anos, a ex-atleta completou a trajetória de competidora olímpica a presidente da maior entidade esportiva mundial.

Coventry encerrou sua carreira nas piscinas olímpicas no Rio em 2016, após conquistar sete medalhas ao longo de sua trajetória como atleta. Sua primeira participação olímpica foi em Sydney 2000.

Como foi a cerimônia

A cerimônia contou com a presença dos pais da nova presidente, seu marido Tyrone Seward, que gerenciou sua campanha, e suas duas filhas: Ella, de seis anos, e Lily, de sete meses. Bach se referiu carinhosamente a Ella como "princesa" durante o evento. Membros do COI e os candidatos derrotados na eleição também compareceram à cerimônia.

O evento de transição aconteceu em uma tenda montada no jardim da sede do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne. Antes de assumir a presidência, Coventry atuou como Ministra de Esportes e Artes do Zimbábue de 2019 até 2025.

Em seu discurso de despedida, Bach afirmou que o movimento olímpico estava "nas melhores mãos" e que Coventry traria "convicção, integridade e uma perspectiva dinâmica" para o cargo. O alemão de 71 anos, nomeado presidente honorário vitalício na Grécia em março, destacou que "com sua eleição, envia-se uma mensagem poderosa, de que o IOC continua a evoluir".

Durante seu pronunciamento, Coventry utilizou uma metáfora para descrever o movimento olímpico: 

— Ella viu essa teia de aranha no jardim e eu apontei como ela é feita, e como é forte e resiliente ao mau tempo e pequenas criaturas — disse. — Mas se uma pequena parte se quebra, ela se torna mais fraca. Essa teia de aranha é o nosso movimento, é complexo, bonito e forte, mas só funciona se permanecermos juntos e unidos.

A nova presidente demonstrou emoção ao falar sobre sua trajetória: 

— É incrível e incrível, de fato, não posso acreditar que do meu sonho em 1992 de ir a um Jogos Olímpicos e ganhar uma medalha, eu estaria aqui com vocês para realizar sonhos para mais crianças ao redor do mundo.

Coventry enfatizou que o movimento olímpico vai além de ser apenas uma "plataforma de eventos multiesportivos". 

— Nós (membros do IOC) somos guardiões deste movimento, que também é sobre inspirar e mudar vidas e trazer esperança — declarou. — Essas coisas não devem ser subestimadas e eu estarei trabalhando com cada um de vocês para continuar mudando vidas e ser um farol de esperança em um mundo dividido.

Bach enfrentou grandes desafios durante sua gestão, incluindo o escândalo de doping russo, as invasões da Crimeia e da Ucrânia pela Rússia, e a pandemia de Covid-19. Em um momento de seu discurso, ele conteve as lágrimas.

Após um abraço caloroso com seu antecessor, Coventry o elogiou por ensiná-la a "ouvir as pessoas e respeitá-las" e por liderar o movimento com "pura paixão e propósito". 

— Você nos deixou com muitos legados e esperança, obrigado do fundo do meu coração por nos liderar com paixão e nunca se desviar de nossos valores — afirmou.

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Os desafios de Kirsty Coventry

Após a cerimônia de posse na sede do COI, haverá uma sessão de dois dias com membros da entidade para discussão de ideias em cinco áreas estratégicas. Juan Antonio Samaranch, segundo colocado na eleição presidencial, liderará a seção de finanças e receitas.

A nova presidente enfrenta desafios como as relações com Donald Trump, questões envolvendo Ucrânia e Oriente Médio, a necessidade de atrair novos patrocinadores e manter a relevância dos esportes olímpicos fora do período dos Jogos. Também precisará adaptar-se às mudanças nos hábitos de consumo de mídia e resolver questões relacionadas aos Serviços de Transmissão Olímpica.

Em relação à Rússia, Coventry anunciou que criará uma nova força-tarefa para analisar a situação. Existe a expectativa de permitir maior participação de atletas russos nas Olimpíadas de Los Angeles em 2028, embora não haja possibilidade de readmissão do país para os Jogos Olímpicos de Inverno do próximo ano.

Thomas Bach e Kirsty Coventry na cerimônia do COI em Lausanne, na Suíça (foto: Fabrice COFFRINI / AFP)