Um dos principais nomes da ginástica artística brasileira, com cinco olimpíadas, Daniele Hypólito se prepara para nova fase da vida. Ela está estudando Marketing, mas ainda quer seguir ligada ao esporte. Em passagem por Belo Horizonte para palestra com alunos de escolas da rede pública, ela concedeu uma entrevista exclusiva à O TEMPO Sports e fez um alerta sobre o futuro da modalidade.
Na visão de Daniele, mesmo com o grande momento da ginástica brasileira na última Olimpíada, com medalhas de Rebeca Andrade e também da equipe feminina, a preocupação tem de ser com o trabalho de base, levando um projeto sério às crianças interessadas em praticar o esporte.
"O mais importante é implantar na cabeça da criançada que a educação é importante, que a cultura é importante. Às vezes, o atleta que entra ali não vai ser um medalhista olímpico ou mundial, mas vai ser um médico de uma futura delegação, um psicólogo, um nutricionista", iniciou.
Para Daniele Hypólito, só assim o Brasil poderá dar continuidade ao nível de excelência a que chegou na ginástica. "Chegar no patamar que hoje a gente vê essas meninas, é difícil, só que manter é três, quatro, cinco vezes mais difícil. A gente tem que pegar e blindar essas meninas que foram medalhistas por equipe e ir encaixando as que estão vindo", acrescentou.
Na análise da hoje ex-atleta, é neste ponto que se encontra o grande risco. "Da minha geração para cá, em relação ao alto rendimento, melhorou muito. Só que se a gente não tiver essa força na base, ter essa estruturação, chega um período em que você tem um vão. E quando você tem esse vão da base para o adulto é ruim".
"A gente atingiu hoje um patamar na ginástica que se a gente não apoiar cada vez mais a base, para que surjam (atletas) infantis e juvenis com talento para chegar ao adulto, fica complicado", acrescentou.
Neste sentido, Daniele Hypólito ressalta o papel do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), da Confederação Brasileira de Ginástica e das federações estaduais.
"A Confederação cada vez mais está se estruturando para que as meninas tenham intercâmbios, para que hoje o CT, usado pela seleção, no Rio de Janeiro, seja um dos melhores do mundo da ginástica. Tem toda uma parte estrutural, mas o importante é o COB, a Confederação e as federações, um apoiando o outro, também com o único objetivo, o esporte".
Já para um futuro 'mais próximo', como os Jogos de Los Angeles 2028, Daniele Hypólito se mostra otimista. "Quando você tem um grupo que está todo estruturado para o mesmo objetivo, acaba realizando feitos inéditos. Mantendo essa estrutura que falei, adicionando meninas e mantendo essa base forte, em Los Angeles a gente vai bem também", finalizou.