O empresário Sergio Sette Câmara, dono da Speed Seven, uma das empresas que organizam, em Belo Horizonte, o evento de Stock Car no mês de agosto, conversou com a reportagem de O TEMPO Sports a respeito da repercussão da realização da corrida na capital mineira. Na opinião dele, o evento vai trazer benefícios para a cidade em diversas áreas, com grande retorno para a capital mineira. Segundo Câmara, aconteceu uma politização da Stock Car nos últimos dias. Ele rebate as críticas sofridas pela supressão de árvores para receber o evento e reforça o compromisso com a sustentabilidade. Confira os principais trechos:
Quais são os principais benefícios de trazer a Stock Car para Belo Horizonte?
Belo Horizonte vai ser mostrada para 153 países em canal aberto e fechado, por meio da Band e do SporTV. Vamos atingir outros horizontes. O benefício financeiro é grande. Fizemos pesquisas, com Fiemg e Ipead, que utilizei para mostrar para a prefeitura. São números na ordem de R$ 200 milhões por ano colocados na cidade, trazidos por quem virá e com os moradores que vão gastar na capital. O retorno será muito grande para os cofres da prefeitura. A previsão é que ela arrecade por ano mais de R$ 20 milhões. Ela faz um investimento agora e vai ter um retorno quase imediato. Estamos falando de algo em torno de mais de R$ 80 milhões em cinco anos. É uma receita importante que o município não pode abrir mão. Além disso, serão gerados de 1.500 a 2.000 postos de trabalho formais.
Qual sua avaliação sobre a questão do replantio das árvores, que gerou polêmica nos últimos dias?
Infelizmente, nós trouxemos um evento em um ano eleitoral e algumas pessoas pegaram carona. Supressão de árvores é algo que dói em qualquer um. O evento é como se fosse um circo. Eu chego para a prefeitura, aviso que vou trazer e falo que preciso que me entregue a área de determinado jeito. Tem todo um processo de autorização e isso foi feito. Infelizmente, para adaptar o espaço, a prefeitura teve que fazer o pedido de supressão, mas tem a contrapartida, plantando mais de 680 árvores - 63 foram suprimidas em área pública. Listamos todas as árvores que foram e serão suprimidas e adquirimos árvores das mesmas espécies, a mesma quantidade. E já começou o plantio. Além disso, um dos nossos patrocinadores já doou mil árvores. Ou seja, vão ser quase duas mil. Para fazer outras obras na cidade, também foram tiradas árvores. As árvores não foram cortadas sem uma autorização ou um processo legal.
Na sua avaliação está acontecendo uma politização desse evento na cidade?
Total e absoluta. As pessoas que estão liderando movimentos estavam na Câmara na época da aprovação de obras para o BRT, por exemplo, e votaram para ter a obra, sabendo que teria supressão. Não estão sendo coerentes. Essas pessoas falam que o evento causará impacto ambiental, mas estão em cima de trio elétrico no Carnaval, na porta do hospital, e não colocaram nada para proteger o barulho. Parece que o evento de Stock Car é um vilão. Por exemplo: não conheço os impactos causados pelo Carnaval, mas tem que mitigar. Mas depois tem as compensações, traz riqueza, recolhe imposto...
O que o evento está fazendo para mitigar os impactos?
O Stock Car também está mitigando os impactos. Nosso evento é 100% carbono neutro. Todos os resíduos gerados pelos carros são recolhidos por uma empresa especializada, que dá a destinação apropriada. Foi falado sobre a preocupação de cair óleo na lagoa, mas os carros são os mesmos que circulam na rua. Com uma diferença: quando tem uma batida, em um minuto ou menos, tem duas equipes no local, uma médica e outra para verificar o estado dos carros e colocar um produto químico na pista para tirar totalmente o óleo. A pista fica seca e livre de tudo. E o Stock Car nem vai passar perto da orla. Não vamos dobrar o joelho para quem está querendo fazer política em cima de um evento que vai ajudar muita gente com emprego e trazer imposto.
Quais serão os principais legados que a passagem da stock car deixará na cidade?
Vamos deixar a cidade mais arborizada do que ela já é. Além disso, vamos vender a cidade e aquecer o turismo. Vamos ter um festival gastronômico e tem um viés social também. O evento vai ser aberto na quinta e na sexta para visitação de escolas, creches e pessoas que não deverão ter condições de adquirir o ingresso. E ainda vamos destinar 30% dos ingressos para serem distribuídos pela prefeitura. E tem uma questão importante, relacionada ao Hospital Veterinário da UFMG. Apresentamos para a Reitoria da universidade uma solução para não incomodar os animais do local. São barreiras acústicas de alta tecnologia que serão doadas. São equipamentos caríssimos que só um evento com a pujança da Stock Car tem condição de doar. Vamos colocar a barreira para atenuar e amenizar o som dos carros. Não vai ter prejuízo nenhum para os animais e ainda vamos doar as barreiras. Elas podem permanecer lá se a UFMG quiser.
Esse evento pode abrir a porta para outros eventos esportivos diferentes para a cidade, além do crescimento do automobilismo em BH?
Com certeza. Durante esses quatro dias, inclusive, vamos fazer uma corrida de bicicleta. Muitos ciclistas gostam de usar a pista em outras cidades. Estamos tentando trazer para poder liderar essa corrida o Cristiano da Mata, que hoje é um cara que ama o ciclismo. O evento é 100% voltado para família. Além disso, vamos ter uma pequena pista de kart e outras tantas ativações.