Três mundiais. 41 vitórias, 80 pódios, 65 pole positions e 19 voltas mais rápidas. Um recorte de apenas 10 anos na maior categoria do automobilismo mundial. Nesta sexta-feira (21), o piloto mais talentoso da história da F1 completaria 65 anos. Certamente, se tivesse mais tempo, Ayrton Senna da Silva alcançaria números extraordinários. Protagonizaria uma rivalidade incrível com Michael Schumacher. Papo para, no mínimo, mais dois ou três títulos.

Por falar em Schumacher, foi em 1994 que veio o primeiro título do heptacampeão mundial. Ano em que o mundo lamentou a morte de Ayrton Senna no fatídico acidente do Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália.

Dessa forma, a temporada ficou marcada pela despedida de uma lenda e o nascimento de outra. Além de termos perdido o nosso tricampeão do mundo no auge da carreira, perdemos também a oportunidade de presenciar aquela que, talvez, seria a maior rivalidade da história do automobilismo.

Pela Williams, Senna poderia ter tirado o título de 1994 de Schumacher. Certamente, seria o principal piloto da equipe inglesa em 1996 e 1997, anos em que Damon Hill e Jacques Villeneuve se tornaram campeões mundiais pela escuderia.

Posteriormente, o futuro de Ayrton poderia ser em Maranello, com as cores da Ferrari. Era o sonho do brasileiro. Dessa forma, encerraria com chave de ouro a sua carreira, que seria marcada por cinco ou seis títulos, além da rivalidade com Schumacher.

Senna, inclusive, vinha de outra rivalidade épica, com o tetracampeão e companheiro de McLaren, Alain Prost. Dentro da equipe, eles representavam a dupla perfeita, apesar da enorme faísca. De um lado, um brasileiro extremamente rápido, arrojado e que conseguia extrair o máximo do carro. Guiava no limite. Do outro, um francês cerebral, pragmático e cauteloso. Sabia como ninguém administrar um campeonato. Senna não seria o que foi sem o Prost. E vice-versa. É o tipo de rivalidade que engrandece o atleta. Rivalidade que ficou marcada.

Porém, Senna x Schumacher tinha potencial para ser algo maior. A justificativa se deve pelo simples fato de o alemão ter características de pilotagem parecidas com as do brasileiro. A personalidade também era extremamente semelhante. Eram dois leões que já se estranhavam em temporadas anteriores.

Além disso, Schumacher também era mais talentoso que Prost. Juntos, seriam os rostos da maior categoria do automobilismo na segunda metade dos anos 90. Senna pela Williams, e Schumacher capitaneando a Benetton e, posteriormente, a Ferrari. Rivalidade que poderia mudar os rumos da F1. Um jovem piloto extremamente talentoso, diante de um veterano que dominava a categoria. Roteiro de cinema.

Infelizmente, tudo isso ficou apenas no campo da imaginação. Senna teve a sua carreira interrompida de forma precoce, enquanto Schumacher, sem grandes rivais a altura do seu talento, foi bicampeão em 1994 e 1995 e iniciou a sua dinastia de cinco títulos consecutivos pela Ferrari, entre 2000 e 2004.

Dito isso, Senna deixou um legado enorme no esporte a motor. Após três décadas, continua inspirando novas gerações. Um ser imortal e que se tornou um verdadeiro sinônimo de referência. Porém, o gosto do "se" permanece intacto entre nós.