Há exatos 10 anos, o piloto francês Jules Bianchi morria aos 25 anos. Internado por nove meses após sofrer um grave acidente no circuito de Suzuka, durante o Grande Prêmio do Japão de 2014, o atleta sofreu graves lesões cerebrais e não acordou do coma. Bianchi foi o primeiro piloto a morrer em decorrência de ferimentos sofridos durante uma corrida desde Ayrton Senna, no GP de Ímola, em 1994.
A 15ª das 19 etapas do Campeonato de Fórmula 1 de 2024 foi realizada apesar da previsão de forte chuva devido ao tufão Phanfone. O foco da corrida era claro: a disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, ambos à época defendendo a Mercedes e lutando pela liderança do campeonato.
A largada foi realizada atrás do safety car e, apenas duas voltas depois, a bandeira vermelha foi agitada e todos retornaram aos boxes. Após uma longa pausa, a relargada também foi realizada com safety car e sete voltas sob bandeira amarela impediam qualquer tipo de ultrapassagem ou tentativas de disputa entre pilotos – o que só pôde ser feito sete voltas depois.
Na 42ª volta, o alemão Adrian Sutil, da Sauber, perdeu o controle do carro na curva Dunlop e bateu na proteção de pneus. Apesar do susto, o piloto logo saiu do carro e uma bandeira amarela foi agitada somente no local da batida, sem pausas na corrida. Na volta seguinte, o carro de Bianchi aquaplanou, deslizando em direção ao carro acidentado. Sem controle, o carro da Marussia bateu forte na parte traseira do trator que estava na pista para retirar o veículo da Sauber da pista.
Focada no primeiro pelotão, a transmissão não exibiu o momento do acidente. A bandeira vermelha foi agitada encerrando a corrida e, instantes depois, as equipes foram informadas que Bianchi havia batido no mesmo local que Sutil, mas que a situação do francês era mais séria. Ainda com poucas informações, Hamilton, Rosberg e Sebastian Vettel formaram o pódio do GP do Japão.
No mesmo domingo, foi informado que o impacto da batida entre o carro de Bianchi e o trator causou uma "lesão axonal difusa", diagnóstico grave, com chances mínimas de recuperação completa. O piloto começou a receber tratamento em Yokkaichi, no Japão, e depois foi transferido para a cidade natal, Nice, na França. Apesar dos esforços médicos, Bianchi passou nove meses em coma e morreu em 17 de julho de 2015.
Conforme relatório divulgado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o acidente foi causado por falha humana. Bianchi não teria reduzido "a velocidade suficientemente para evitar a perda do controle do próprio carro". Pouco mais de um ano após a morte do piloto francês, familiares entraram na Justiça contra a FIA, a equipe Marussia e a Fórmula 1, alegando que o caso era "evitável".
Mudanças na Fórmula 1
Assim como o acidente que vitimou Ayrton Senna, a batida de Bianchi fez com que a FIA implementasse novas medidas para reduzir os riscos para os pilotos. Uma das principais foi a implementação do safety car virtual (VSC) – pilotos precisam desacelerar, mesmo em situações de menor risco, quando não há carros de segurança na pista.
Outro elemento que aumentou a segurança nos carros de Fórmula 1 foi o surgimento do halo, estrutura desenvolvida para proteger os pilotos de impactos na cabeça. Similar a uma tira de chinelo, o halo é posicionado à frente do cockpit dos carros de Fórmula 1 e foi inicialmente criticado pelos pilotos da categoria.
Com as circunstâncias do acidente de Bianchi, a peça não teria evitado a gravidade da batida. Apesar disso, Hamilton, Valtteri Bottas, Guanyu Zhou e outros pilotos, incluindo o pupilo de Bianchi, Charles Leclerc, já escaparam de graves consequências devido à peça. A morte de Bianchi segue como a última fatalidade na categoria, sendo a 32ª envolvendo um piloto.