MEDICINA ESPORTIVA

Médica do esporte fala sobre lesões e importância de prevenção e tratamento adequado

Dra. Flávia Magalhães concedeu entrevista a O TEMPO Sports, na FM O TEMPO, 91.7

Por Débora Elisa
Publicado em 24 de maio de 2024 | 19:26
 
 
 

Sem sombra de dúvidas, lesões graves representam alguns dos principais percalços em carreiras esportivas, por isso, o trabalho de prevenção é tão importante para preservar a integridade física de atletas, principalmente no alto rendimento. Com mais de 20 anos de experiência em medicina esportiva e com passagens por América, Atlético e até Seleção Brasileira, a Dra. Flávia Magalhães, em entrevista concedida a O TEMPO Sports na FM O TEMPO 91.7, falou sobre algumas lesões, porque elas ocorrem com mais frequência entre as mulheres e a importância de uma recuperação completa antes do retorno às atividades.

Em determinados esportes, como vôlei, futebol e handebol, a incidência de lesões no ombro e no joelho podem ser mais sérias, podendo até afetar a qualidade do atleta após o retorno. Segundo a médica, essas são duas grandes preocupações.

“Tanto joelho quanto ombro são lesões que demoram muito tempo para recuperação. O impacto disso para um goleiro, com certeza, é tremendo. É uma posição muito difícil, são poucos que chegam à alta performance e a concorrência é grande. Sabemos que o pós-operatório é muito doloroso também. Então, o papel da prevenção tem sido cada vez mais importante na medicina do esporte”, comentou a doutora.

Já no futebol feminino e até no vôlei, como ocorreram em casos recentes, são as lesões de Ligamento Cruzado Anterior (LCA) as grandes vilãs. Dra. Flávia falou sobre alguns dos motivos do temido rompimento de LCA ter maior incidência entre as mulheres.

“Tem sim mais (lesões de) LCA nas mulheres, mas é um conjunto de fatores. As meninas começam, em geral, a jogar o futebol bem mais tarde, e por isso não têm uma coordenação neuromotora tão avançada; o trabalho de força e flexibilidade também, a nutrição, questões econômicas e psicológicas, assim como hormonais, também influenciam. Então, é multifatorial para que esse tipo de lesão aconteça com mais frequência. Também, estamos tendo um ‘boom’ de equipes e competições, algo que não tínhamos há 10 anos, então, vai sim aumentar o número de casos, também pelo número de jogadoras que estão se expondo mais à modalidade”, comentou.

Recuperação completa é essencial

Após uma lesão séria, a prevenção de novos problemas passa a ser prioridade. Para evitar que os atletas se machuquem novamente, alguns tratamentos são conservadores, longos e podem tirar jogadores e jogadoras de atividade por bastante tempo. Um caso de rompimento de LCA, por exemplo, é um desses problemas que exige um tempo mais longo de tratamento, que deve ter, no mínimo, 9 meses.

“A gente chegou a falar de recuperação em seis meses, mas voltamos a falar em nove meses de recuperação nos casos de LCA. Os nove meses são o que temos hoje de mais fiel na literatura, mas temos que pontuar que é individual. Ou seja, é preciso considerar o quanto essa atleta tem de lastro (experiência), preparação neuromotora e qual estrutura estamos fornecendo para tratamento. Em geral, as mulheres têm um horário de fisioterapia no dia, e os homens costumam ter manhã, tarde e noite. Muitas vezes eles têm continuidade do trabalho em domicílio e algumas meninas não. Tudo isso vai interferir no tempo de recuperação. Quanto mais adequarmos as estruturas mais vamos conseguir ter um melhor resultado para essas meninas”, comentou.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!