Nesta quarta-feira (18), o Manchester City dá seu primeiro passo no Mundial de Clubes diante do Wydad Casablanca, do Marrocos. As atenções do time de Pep Guardiola estão voltadas para um possível título que estancaria o sangramento de uma temporada ruim na Inglaterra, mas o alerta viajou do Reino Unido até os Estados Unidos sem se apagar.

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O clube continua sendo investigado por possíveis violações do Fair Play Financeiro (FPF) da Football Association (FA), órgão que rege o futebol inglês. Segundo a entidade, mais de 100 situações colocaram os Sky Blues na berlinda e geraram benefícios indevidos em um mercado agudamente controlado no quesito econômico.

A reportagem de Futebol Internacional do Lance! conversou com Douglas Teixeira, advogado especialista em direito esportivo, sobre a situação que se tornaria um grande exemplo para outros clubes da Inglaterra.

- No caso do City, o tribunal pode encontrar essa barreira em razão da holding, do Grupo City. Mas se, de fato, ficar comprovado que houve uma irregularidade por conta do desvio de verbas para poder gastar mais dinheiro, e assim furar a barreira do Fair Play Financeiro, certamente seria um marco na história do futebol, e ficaria com certeza de exemplo para que os outros clubes sigam de fato as regras do FPF - afirmou o advogado.

Ao todo, 115 violações do FPF inglês colocam o City em alerta. As investigações da Comissão Independente da Premier League ganharam força em 2024, e todos os envolvidos já foram ouvidos pelas autoridades. Resta agora aguardar o veredito, que deve ser divulgado semanas após o Mundial de Clubes.

👀 Confira a lista de irregularidades das quais o City, que disputa o Mundial, é acusado de ter cometido:

💰 54 casos de ocultação da situação financeira precisa do clube, entre 2009-10 e 2017-18;
💰 35 casos de falta de cooperação com investigações da liga, entre 2018 e 2023;
💰 14 casos de ocultação de informações sobre pagamentos a atletas e técnicos, entre 2009-10 e 2017-18;
💰 7 casos de quebra das regras do Fair Play Financeiro da Premier League, entre 2015 e 2018;
💰 5 casos de quebra das regras do Fair Play Financeiro da Uefa, entre 2013 e 2018.

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Em situação financeira negativa em agosto de 2008, os mancunianos foram vendidos ao Abu Dhabi United Group, que posteriormente montaria o City Group para gerenciar outros clubes de futebol, como o Girona-ESP e o Bahia. No ano seguinte, mais de 100 milhões de euros foram desembolsados para a contratação de nomes como Carlos Tévez, Gareth Barry, Roque Santa Cruz e Adebayor. Os investimentos, porém, desencadeariam em suspeitas dos mandatários de ligas e órgãos europeus, justamente no ano em que os casos de irregularidades iniciaram.

A exemplo do Manchester, o Chelsea se tornou um dos casos mais emblemáticos de gastos exacerbados colidindo com as regras de sustentabilidade financeira. Relatos da holding que controla o clube, a 22 Holdco Ltd, apontam para perdas bilionárias em duas temporadas consecutivas, incluindo um prejuízo de £445,5 milhões (cerca R$ 2,9 bilhões) apenas em 2024. Everton e Nottingham Forest, em 2023/24, foram punidos com a perda de pontos por infringir as regras de sustentabilidade e rentabilidade da Premier League. O mesmo destino é uma opção ao clube do City Group, bem como a exclusão de competições internacionais e até mesmo o descenso nas divisões nacionais.

Jogadores do Manchester City treinam antes do Mundial de Clubes (Foto: Divulgação/Manchester City)

💸 Como funciona o Fair Play Financeiro?

O mecanismo, criado pela Uefa em 2009, tem o objetivo de promover a sustentabilidade financeira no futebol europeu. A iniciativa estabelece limites de gastos baseados na arrecadação dos clubes, buscando prevenir crises econômicas, fortalecer o mercado de transferências e preservar a credibilidade das instituições esportivas. É improvável, porém, que haja uma adoção do Fair Play Financeiro na Arábia Saudita.

- O principal intuito da instituição era criar barreiras para que os clubes viessem a gastar menos do que arrecadavam. Com isso, eventuais crises financeiras seriam resolvidas e o mercado de transferências ficaria cada vez mais sólido. Isso ajudou a melhorar a capacidade econômica dos clubes e a credibilidade dos clubes, tanto financeira quanto para futuras negociações, garantindo que as obrigações como pagamento de funcionários e demais acordos sejam cumpridas - disse o especialista.

💸 Série do Lance! sobre Fair Play Financeiro

  1. Fair Play Financeiro: entenda a importância e como funciona
  2. Fair Play Financeiro funcionaria no Brasil? Especialista opina sobre tema
  3. Fair Play Financeiro: o descontrole e as consequências com os gastos do Chelsea
  4. Fair Play Financeiro: força recente da Arábia no mercado liga alerta em regulamentos e clubes

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