Na vitória do Flamengo sobre o Chelsea por 3 a 1 na última sexta-feira (20), houve momentos que o forte calor na Filadélfia e o voo sem direção de bexigas rubro-negras pelo gramado do Lincoln Financial Field traziam à memória a lembrança da Copa de 1994, quando os Estados Unidos sediaram o Mundial mais quente da história. A questão climática, sem dúvida, é uma grande preocupação dos organizadores e apresenta-se como um desafio para a FIFA.
Se a Copa do Mundo de Clubes é um torneio teste, algumas situações, sem dúvidas, incomodam o público, tanto os que estão nos estádios quanto os que assistem pela TV. A começar pela suspensão de jogos por alertas climáticos, algo rotineiro nos esportes americanos e motivado principalmente após um acidente fatal na Nascar, onde um raio atingiu um torcedor e ainda feriu outros nove, fazendo com que e o departamento metereológico do país criasse um protocolo para eventos esportivos ao ar livre. O futebol está incluído nesta determinação.
Em alguns estados, por mais que possa parecer estranho para nós, brasileiros, o protocolo é lei. Na vitória do Palmeiras sobre o Al-Ahly, do Egito, por 2 a 0, uma alerta de raios próximo ao MetLife Stadium interrompeu o confronto por 40 minutos. O palmeirense Facundo Torres já viveu experiências do tipo quando atuava na MLS, a liga norte-americana.
"Estou acostumado a isso já (paralisações por alertas climáticos). Aconteceu muitas vezes quando eu jogava aqui na MLS. Sei como é. Mas, mesmo assim, era um terreno novo para nós, do Palmeiras, mas ficamos tranquilo, descansando um pouco da intensidade do jogo. Porém, depois da autorização, retornamos com essa intensidade para garantir o resultado que havíamos construído", afirmou Torres.
Existe uma grande preocupação com a integridade física dos atletas, mas também com a dos torcedores, que são orientados a permanecer em locais cobertos, sem exposição aos raios. Mas o problema é que a suspensão pode prejudicar o desenrolar do jogo, além de invadir os horários comerciais das emissoras que adquiriram os direitos de transmissão.
Sensação de estar em uma sauna
E tudo nos EUA é muito extremo. Do frio congelante ao verão escaldante. Você se sente em uma sauna. Agora imagina os atletas em campo?
"É muito complicado jogar em uma temperatura como esta. O campo também fica muito quente, a chuteira esquenta, mas temos que lidar com isso. São condições idênticas para todos os times. O que devemos fazer é superar este empecilho", afirmou Malo Gusto, do Chelsa.
Nesta semana, os EUA atravessam a primeira onda de calor extremo do verão, com os termômetros registrando até 42 graus. Um alerta foi dado pela prefeitura de Nova York sobre as condições climáticas desfavoráveis.
"Este calor extremo não será apenas desconfortável e opressivo, mas também brutal e perigoso para quem passa longos períodos ao ar livre", alertou Eric Adams, prefeito da maior cidade dos Estados Unidos.
Enquanto isso, os jogadores se viram como pode. A pausa para hidratação tornou-se obrigatória e teve até time que preferiu colocar seus atletas reservas nos vestiários enquanto a bola rolava, como foi o caso do Borussia Dortmund contra o Mamelodi Sundowns, em Orlando. Prestianni, do Benfica, passou mal na vitória sobre o Bayern por 1 a 0, em Charlotte, quando chegou a despencar sozinho no gramado e precisou ser atendido pela equipe médica.
Não está fácil para ninguém e, ao que tudo indica, teremos mais uma Copa de altíssimas temperaturas no próximo ano. A FIFA, por meio de sua equipe técnica, apontou que está a analisar a situação.
"A FIFA continuará monitorando as condições climáticas em coordenação com as equipes do local para garantir uma experiência segura e agradável para todos os envolvidos", declarou a entidade.
"A principal prioridade da FIFA é a saúde de todos os envolvidos no futebol, e os especialistas médicos da FIFA têm mantido contato regular com os clubes participantes para abordar o gerenciamento do calor e a aclimatação", acrescentou.
Mas isso será suficiente para aplacar as reclamações que estão sendo feitas, especialmente pelos europeus? A ver. Cenas dos próximos capítulos.