Tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994, o ex-volante Mauro Silva participou, nesta terça (14), de uma audiência pública no Congresso Nacional, em Brasília, que debateu o fortalecimento do futebol de base, além de caminhos e desafios enfrentados no Brasil. Atualmente, dos 778 clubes profissionais do Brasil, somente 56 são clubes formadores.
Para Mauro Silva, o investimento em desenvolvimento humano na formação de um atleta fez toda a diferença em sua história. “Tudo o que eu sou e conquistei foi graças a um clube organizado e estruturado com processo de formação integral, focado em desenvolvimento humano. Se joguei 11 anos na seleção brasileira e 13 anos Europa e se um garoto pobre e negro virou nome de rua na Espanha é porque o Guarani, de Campinas, investiu em mim e pagou meus estudos”, comentou.
Para subsidiar a audiência, foram apresentados resultados da primeira etapa do Movimento Progresso Futebol de Base, iniciativa da Universidade do Futebol, que reuniu mais de 100 pessoas em sete grupos de trabalho para pensar temas sensíveis e urgentes do futebol de base como a formação integral dos atletas, a garantia de seus direitos e deveres, o futebol feminino, uso de dados do futebol e gestão do futebol de base, a qualidade e essência do futebol brasileiro e a educação em jogo, entre outros.
O programa reúne atletas profissionais, entidades, federações, representantes de clubes e profissionais de diversas áreas para fortalecer a rede de relacionamento e cooperação dos profissionais na gestão da base e práticas na formação integral dos atletas.
Durante a audiência foram apresentadas demandas formuladas pelos grupos de trabalho, apontando as ações que precisam da intervenção do estado para a concretização desse fortalecimento.
“Dentro do Movimento Progresso Futebol de Base, defendemos a formação integral continuada desses jovens. Queremos que eles entendam que podem sonhar, que precisam buscar performance, e se desenvolver dentro dos pilares da cidadania”, afirma a CEO da Universidade do Futebol, Heloisa Rios.
Para Heloisa, o pilar da transformação do futebol passa pela base. Segundo ela, as entidades do futebol precisam se debruçar para entender os desafios, o que ainda não está funcionando, para transformar essa realidade. “Por isso a importância de unir todo o ecossistema do futebol para formar uma base mais forte e sólida em que tenhamos o desenvolvimento humano como prioridade. Sabemos que menos de 2% de quem está no futebol de base chega ao time principal, mas e os outros 98% que não se chegam lá? Estamos interessados no 100%”, completa.