Ronaldo foi eleito pela Fifa o melhor do mundo três vezes. Mas naquela Copa do Mundo dos Estados Unidos, realizada entre junho e julho de 1994, o então jovem Ronaldo, de apenas 17 anos, que brilhava com a camisa do Cruzeiro desde meados de 1993, ainda era uma promessa.
“Costumo dizer que a Copa dos Estados Unidos, de 1994, foi, para mim, a minha universidade dentro do futebol”, disse o jogador, que não foi usado pelo técnico Carlos Alberto Parreira no Mundial dos EUA. “Mesmo não tendo jogado nenhum minuto sequer na competição, pude conviver, por dois meses, com grandes jogadores, na maior competição do mundo. E isso me serviu muito como aprendizado para a continuação da minha carreira”, relembra o Fenômeno, hoje empresário, ex-dono da SAF da Cruzeiro e atual mandatário do Real Valladolid, da Espanha.
Quando chegou à Raposa, o atacante já chamava a atenção. Ronaldo estreou contra a Caldense, aos 16 anos, em maio de 1993, e, com dribles curtos, velocidade e um chute potente e certeiro, não demorou para despertar o interesse de clubes europeus.
Mas foi no Mundial dos Estados Unidos que ele se valorizou ainda mais. “A seleção brasileira de 1994 era muito forte, com vários jogadores que atuavam em alto nível”, disse Ronaldo, que se transferiu para o PSV, da Holanda, já no segundo semestre de 1994. O Cruzeiro vendeu o jogador por 6 milhões de dólares e foi então que o jogador começou sua meteórica carreira internacional por clubes, passando por Barcelona, Internazionale, Real Madrid e Milan, além da passagem pelo Corinthians no retorno ao Brasil.
Romário: ídolo e 'espelho' do Fenômeno
Na Copa do Mundo de 1994, Ronaldo não perdeu a oportunidade de aprender com os mais experientes e se aprimorar ainda mais. “Eu ficava sempre reparando como o Romário se comportava, como ele se movia dentro da área. O Bebeto e o Dunga também eram grandes craques naquela época e eu pude conviver de perto e aprender muito com eles”, frisou.
Durante o Mundial, aquele grupo de jogadores conviveu durante mais de um mês, incluindo o período de preparação e a Copa do Mundo em si, que foi realizada entre 17 de junho e 17 de julho. Neste período, naturalmente, alguns jogadores ficaram mais próximos. E o então jovem Ronaldo, claro, também tinha seu parceiro preferido.
“Se for para citar um, o Romário é um cara especial e, a partir do momento que você convive com ele, acaba gostando dele. Ele me ensinou muito, me colocando no ambiente da seleção”, relembrou. "Também rolavam brincadeiras, pois naquela época eu era jovem no futebol e ele fazia muito bullying comigo. Era uma relação alegre e positiva", relembrou.
Tragédia em 98 e consagração em 2002
Quatro anos mais tarde, na Copa do Mundo de 1998, na França, Ronaldo, já consagrado no futebol mundial, era a grande esperança brasileira para buscar mais uma taça.
O Brasil, comandado por Zagallo, chegou à final, mas perdeu para os franceses por 3 a 0, naquela que era, então, a maior derrota do Brasil em Copas antes do 7 a 1.
O jogo foi marcado pela convulsão do camisa 9 brasileiro na noite anterior, no hotel da delegação brasileira. Até minutos antes, não era certo que Ronaldo entraria em campo e sua atuação foi ofuscada pela preparação feita de uma forma bem diferente do que era preciso.
A consagração do Fenômeno em Copas do Mundo, como protagonista, viria em 2002, no Mundial sediado no Japão e na Coreia do Sul. Na Ásia, Ronaldo foi campeão como titular, artilheiro com 8 gols e autor dos dois gols na final contra a Alemanha (2 a 0, em Yokohama).
Ronaldo ainda jogaria a Copa de 2006, na Alemanha, mas, assim como a seleção, rendeu muito abaixo do esperado.
OBS: Entrevista de Ronaldo à Betfair, uma de suas patrocinadoras, e enviada a O TEMPO Sports