Durante os últimos 10 anos, depois da humilhante e surpreendente goleada sofrida pelo Brasil, por 7 a 1, no Mineirão, na Copa de 2014, muitas explicações foram procuradas. Desde apagão a falta de qualidade, tudo foi falado.
Mas o que disseram os personagens que estava em campo ou no banco de reservas? Procurados pela reportagem, os jogadores do Atlético Hulk e Bernard, além do ex-goleiro Victor Bagy, atual diretor de futebol do Galo, e estavam no elenco, não quiseram se manifestar.
Confira abaixo alguns depoimentos de jogadores, ex-jogadores e ex-técnico sobre o que pode ter ocorrido naquele 8 de julho de 2014:
Hulk: "Quando estava do terceiro para o quarto gol, pensei que era um pesadelo, um sonho. A gente estava muito confiante. Quando a gente acordou já era tarde. A gente não tinha força nem para se levantar e tomar banho. A gente se sentiu um lixo depois do jogo. Um ambiente péssimo. Vão passar 50 anos e sempre vão voltar neste assunto. Ficamos marcados negativamente na história da Copa do Mundo"
Ao Programa do Porchat
Bernard: "Algo inexplicável. Acaba manchando, sim. Foi um momento complicado, delicado. Não é para se esquecer, é para se lembrar, para não acontecer de novo. Vejo VT, vejo o jogo, para achar uma forma de explicar. Foi um apagão. A gente tinha que atacar um pouco mais. Demos espaço e foram saindo mais gols. Neymar poderia fazer uma diferença, mas não poderia mudar a história. Foi um momento de tristeza, deu vontade de chorar"
Ao Esporte Espetacular
Fred: "Quanto estava 3 a 0, já falei para fechar a casinha. Nós tomamos gol de pelada. A gente não produziu. Não conseguimos jogar bem coletivamente. Estava mais individual. A gente engrenou na Copa das Confederações na fase final. A nossa expectativa era que isso acontecesse na Copa. E esse jogo, ninguém sabe explicar o que rolou. Foi uma loucura. Dentro da minha casa, no Mineirão. Minha família inteira lá. Minha filha, minha noiva, meu pai, meus irmãos, todo mundo... Imagina a dor deles, com todo mundo me xingando"
Ao Cortes Podpah
Júlio César: "Eu tive o prazer de jogar aquela partida, porque eu faria tudo de novo. A gente não consegue encontrar explicação para o que aconteceu. Nem o torcedor. Em termos de Copa do Mundo, ficou essa ferida”
Ao Band Esporte
Marcelo: "Thiago Silva estava suspenso. Ele desceu e começou a brigar. Eu fui nele e disse que não adiantava. Esse jogo foi tipo um sonho. Eu estava no campo e pensei que estava num sonho. E pensei em ficar tranquilo porque iria acordar, e nada vai acontecer. E aí eu não acordava. Foi a maior derrota da minha vida. A torcida nem vaiou. Um torcedor olhou para mim e perguntou o que estava acontecendo, e eu não conseguia responder. A gente tomou quatro gols em seis minutos. Não tem como explicar. Não teve nem tempo de jogar mal. Serviu de exemplo, de lição para gente, na vida."
Ao Charlapodcast
Hernanes: "Nunca é um fator só, é uma junção de coisas. A tragédia, geralmente, acontece quando você está no lugar errado, na hora errada. Não tem explicação. Mas vamos ponderar alguns pontos. A seleção, por cultura e por mentalidade, nunca foi uma seleção de muita tática. Nosso time jogava muito em função do Neymar. Sai Neymar, perdemos nosso esquema de jogo, não só o atacante. Não tinha esquema de jogo. Depois sai outro cara fundamental, o Thiago Silva. Absurdo o que ele joga e tem liderança. Perdemos mais um cara importantíssimo. Aí você vai jogar contra uma Alemanha encaixadinha. E a gente pensando em fazer gol, jogar para frente. Aquele jogo era delicado, sem nossas duas melhores peças e não abrimos mão do que a gente é. Vamos para frente, vamos ganhar. Aí entra mais um atacante. A gente não se precaveu, não entendeu o contexto. Fomos jogos de igual para igual, sem ser igual"
Ao Charlapodcast
Maicon: "Antes do jogo, a gente não temia a Alemanha, nem com a ausência do Neymar. A confiança era grande. Ter uma liderança como o Thiago Silva era fundamental. Teve um momento do jogo que falei: "Agora deu ruim", foi quando o Fernandinho foi dominar a bola, perdeu e os caras foram para dentro do gol. Ali desabou todo mundo. Foi uma tristeza geral. Alguns ficaram felizes, porque tinha gente que torcia bastante contra."
À ESPN Brasil
Khedira, da Alemanha: "Não consigo encontrar as palavras certas, nem em alemão. O espírito do time se sobrepôs ao ego. E todo mundo deu um passo atrás. Pensávamos que tínhamos que conseguir passar pelo Brasil. A gente sabia que podia vencer, mas havia 50 mil pessoas, cantando o hino, gritando o tempo todo. Quando marcamos o primeiro gol, ficamos mais corajosos. Então vieram os gols. Não dá para explicar. Mas a coisa mais importante foi no vestiário, no intervalo. Nosso técnico (Joachim Löw) disse que se alguém jogasse 50%, ou se brincasse com eles, seria imediatamente substituído e não jogaria a final. Levem a sério e tenham respeito pela seleção brasileira"
Ao Podcast Gab and Juls Meets
Neymar: "Não sabia o que estava acontecendo. Foi um dia que tudo deu errado para nós, e tudo deu certo para eles. Foi um desastre para nós, ninguém esquece. Eu preferia terminar perdendo por 7 a 1 do que estar lesionado"
Ao Players' Tribune
Fernandinho: "O time deles era muito melhor, muito mais estruturado que o nosso. Os caras deram cinco chutes e fizeram cinco gols. A tragédia aconteceu"
Ao Denilson Show Podcast
Carlos Alberto Parreira: "Não tenho diagnóstico, e pouca gente teria. Não vou tentar definir aquilo ali. Nunca, numa Copa do Mundo, uma seleção perdeu numa semifinal de sete. A seleção brasileira nunca tomou sete gols em jogo nenhum, foi o primeiro. Foi tudo a primeira vez, foi uma coisa inesperada. Aconteceu, aquilo não vai se repetir. Foi uma pane geral. Não tem explicação."
Jogo Aberto
Romário, campeão mundial em 1994: "Eu não conseguia me imaginar com a camisa da seleção, em campo, tomando sete. A seleção brasileira era inexperiente. Não tinha nenhum jogador que chamava a responsabilidade para ele. Como em 1994, por exemplo. Não só eu, tinha o Bebeto, o Dunga, o Jorginho, Taffarel, Branco... Chamavam a responsabilidade. No jogo, teve a competência da Alemanha. O Brasil teve uns 10 ou 15 minutos que deu um branco, que tenho certeza que nunca mais no futebol acontecerá isso. Mas a responsabilidade é do treinador e dos jogadores."
À Fox Sports
Bebeto, campeão mundial em 94: "Eu fiquei traumatizado com isso. Eu chorei para caramba, fiquei emocionado demais. Com muita raiva. Na nossa casa, a Alemanha vem e mete 7 a 1 na gente. Não gosto nem de lembrar disso"
Ao Mundo GV