O atacante Bruno Henrique foi indiciado Polícia Federal por, supostamente, forçar um cartão amarelo. A advertência ocorreu na partida contra o Santos, no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2023. Conforme a PF, Bruno forçou o cartão para beneficiar apostadores.

A informação foi publicada inicialmente pelo portal "Metrópoles". Conforme a publicação, investigadores acharam no celular do irmão de Bruno Henrique uma troca de mensagens que ligariam o jogador diretamente ao esquema de apostas. Bruno foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva.

O irmão, uma cunhada e uma prima de Bruno Henrique, que teriam feito apostas dias antes da partida onde Bruno Henrique levou o cartão, também foram indiciados.

Investigação

A investigação teve início em 2024, após uma comunicação da Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e da Sportradar, organizações especializadas em monitorar padrões irregulares de apostas e possíveis manipulações em eventos esportivos, apontaram suspeitas de manipulação no mercado de cartões durante uma partida do Campeonato Brasileiro.

De acordo com o relatório da IBIA, "a extensão das apostas indicou forte confiança na ocorrência do resultado".

A CBF observou que, nos dois anos anteriores, a chance de Bruno Henrique ser punido com cartão era de cerca de 20%. Contudo, nesse jogo, a concentração de apostas nesse evento subiu para 90%, o que sugere possível acesso prévio a informações sobre o resultado.

O documento da IBIA ainda informa que as "odds" para Bruno Henrique receber um cartão eram de 3,10, o que significa que, a cada R$ 1 apostado, o retorno seria de R$ 3,10 caso o cartão fosse aplicado. Os valores das apostas identificadas pela PF corroboram essas estimativas.

O jogador do Flamengo é alvo de investigação por suspeita de ter recebido cartão para favorecer apostadores. Dentre os suspeitos estão o irmão do atacante, a cunhada e uma prima. Além deles, esse padrão se repetiu entre outros seis investigados. Entre os valores identificados nas apostas sobre o cartão do atleta estão:

  • R$ 3.050,00 para ganhar R$ 9.150,00 (lucro de R$ 6.100,00)
  • R$ 2.300,00 para ganhar R$ 7.000,00 (lucro de R$ 4.700,00)
  • R$ 1.500,00 para ganhar R$ 4.550,00 (lucro de R$ 3.050,00)

No entanto, conforme a polícia esses valores podem não representar o total envolvido no caso. 

No dia 5 de novembro do ano passado, a Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Distrito Federal deflagraram a operação Sport-fixing, que apura possível manipulação do mercado de cartões em partida do Campeonato Brasileiro da Série A de 2023. Um dos alvos da operação foi o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, que foi expulso nos minutos finais da partida contra o Santos em novembro. 

Mais de 50 policiais federais e 6 membros do Gaeco/DF cumprem 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves. Os endereços do Rio de Janeiro seriam a casa de Bruno Henrique e o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo. Parentes e amigos do jogador também foram alvos.

Defesa nega

Dias após a deflargação da operação, Bruno Henrique se manifestou através de sua defesa. O atleta negou qualquer irregularidade e pediu o arquivamento do processo

"A defesa do atacante vem a público reforçar o caráter íntegro de seu cliente, que tem uma carreira vitoriosa moldada por ética e correção. Protocolizamos na Justiça pedido de arquivamento da investigação e a imediata devolução de seus bens apreendidos em operação", diz parte da nota.