O Ministério Público de Goiás detalhou como funcionava o esquema para manipulação de resultados de partidas da Série B de 2022. O esquema envolvia jogadores de futebol. Jogadores de clubes mineiros e as próprias agremiações são citadas nas investigações policiais.
A investigação teve início em novembro de 2022, a partir de representação (denúncia) levada ao MP pelo Vila Nova, de Goiás, com indícios de que ao menos em três partidas houve prática de crime. Nesta semana, o MP detalhou como funcionava o esquema, quais mandados de busca e apreensão foram cumpridos e quais serão os próximos passos a partir das evidências coletadas.
Quais eram as práticas criminosas?
Para os jogadores, era pago um adiantamento de R$ 10 mil para a prática da ação combinada (pênalti, cartão amarelo ou vermelho, número de escanteios dentre outras práticas). Caso o combinado fosse cumprido e a aposta desse certo, ele receberia mais R$ 140 mil.
Quanto ao lucro esperado com as apostas, variava de R$ 500 mil a R$ 2 milhões, segundo informou o MP de Goiás.
As condutas praticadas abrangem os crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e dois delitos previstos no Estatuto do Torcedor, relacionados à corrupção em jogos de futebol. Caso haja condenação, as possíveis penas variam de 1 a 10 anos de prisão.
O coordenador do Gaeco, Rodney da Silva, observou que o esquema elaborado pelos apostadores tem como objetivo aumentar ao máximo a capacidade de ganhar e ter lucro com as apostas, por meio da manipulação.
“É importante destacar que o que foi apurado não desacredita as instituições esportivas nem o esporte. É preciso ressalvar isso”, sublinhou Rodney da Silva.
Ele salientou que a investigação vai procurar identificar um perfil de aposta para auxiliar nesse trabalho.
Quais eram os jogos suspeitos de manipulação de resultados?
Vila Nova 0 x 0 Sport
Criciúma 2 x 0 Tombense
Sampaio Corrêa 2 x 1 Londrina
A manipulação possível indicaria que haveria marcação de penalidade ainda no primeiro tempo dos três confrontos, válidos pela última rodada da Série B.
No caso da partida do Vila Nova, apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, segundo o MP, o evento ocorreu.
Segundo o promotor Fernando Cesconetto, como a manipulação do resultado do Vila não teria dado certo, o ex-atleta do clube goiano passou a ser pressionado pelos apostadores por conta do valor que já tinha recebido.
Os envolvidos em Minas
O MP fez trabalhos de busca e apreensão nos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso nesta semana. Um jogador do Tombense seria um dos alvos da investigação.
Pelo material recolhido nessa primeira etapa de buscas e apreensões pela polícia, houve indícios de que as supostas fraudes não se limitavam apenas às três partidas descritas acima.
Além disso, em mensagem encontrada no celular de um dos alvos da operação, mais três clubes são nominalmente citados, entre eles, o Villa Nova, de Minas Gerais.
Respostas
O Tombense soltou nota sobre suposto envolvimento de seu jogador. “Imediatamente após confirmar a existência da investigação policial, o Tombense afastou o atleta de todas as suas atividades regulares e se colocou à disposição das autoridades para auxiliar com o que for necessário”, diz um trecho. Leia abaixo na íntegra.
O Villa Nova, também citado, falou sobre as investigações na palavra de seu presidente, Bruno Sarti.
“Realmente tomamos ciência desta notícias que circulou nas mídias do Brasil. Acredito que todos estão tentando entender e se inteirar dos fatos. Pelo que o clube acompanhou não existe um apontamento enfático. Há uma citação. Estamos atentos procurando obter mais detalhes mas por enquanto nada nos leva a uma conclusão", disse Sarti.
Próximos passos
Fernando Cesconetto informou que os dados apurados na operação serão compartilhados com a Justiça Esportiva para as providências cabíveis. Mas descartou a possibilidade de que os indícios colhidos possam resultar em anulação de partidas.