Começou nesta segunda-feira (5/2) o julgamento de Daniel Alves, em Barcelona, na Espanha, por uma suposta agressão sexual contra um mulher de 23 anos em uma casa noturna na cidade catalã. O brasileiro alega inocência e afirma que a relação foi consensual. 

Daniel ouviu boa parte do julgamento com as mãos entre as pernas, sem algemas, e sentado em uma cadeira de frente para os três juízes. Um guarda esteve ao seu lado o tempo todo nessas primeiras horas de sessão. 

Depoimento da vítima 

A mulher que denunciou Daniel Alves realizou o depoimento protegida por um biombo para que não tivesse contato visual com o jogador, e preservar sua identidade. Ao longo de 1h30min, ela contou que foi convidada junto de amigos para irem à área VIP da casa noturna Sutton e um garçom a levou para a mesa de Daniel Alves. 

Segundo o relato, eles dançaram juntos e em determinado momento da noite o jogador pediu para ela segui-lo até uma porta. A mulher afirma que notou se tratar de um banheiro apenas quando entrou no cômodo. Foi quando o atleta teria usado de força para violentá-la, sem o uso de preservativo.

Depoimento de testemunhas

Além da mulher que acusa Daniel Alves, outras cinco pessoas prestaram depoimento nesta segunda-feira: uma amiga e uma prima da denunciante, dois garçons e um porteiro da boate onde ocorreu o episódio.

Uma das amigas que estavam com a denunciante na noite do ocorrido também prestou depoimento. Em lágrimas durante o testemunho, ela conta que a amiga saiu do banheiro "chorando bastante" e de "de coração partido", afirmando aos amigos repetidas vezes que o jogador havia lhe feito "muito mal".

A testemunha contou que a mulher inicialmente hesitou em fazer a denúncia por crer que não acreditariam nela, mas resolveu ir à polícia dois dias após ser convencida pelos colegas. A prima da mulher da denunciante disse que desde o início se sentiu desconfortável com a presença do jogador, relatando que ele a tocou em uma região íntima enquanto dançavam. 

Ela conta que viu o atleta se dirigir a uma porta que acreditava ser uma saída para o lado de fora da boate e disse para a prima "ir falar com ele". Minutos depois, o atleta passou pela porta de "cara feia". 

Depois, a mulher saiu pela porta, dizendo que precisava ir para casa porque ele havia lhe feito "muito mal". Ainda de acordo com o relato da prima da denunciante, a mulher que acusa Dani Alves passou a tomar antidepressivos, não está trabalhando e apenas sai de casa quando a família insiste.

Nesta terça-feira (6/2), está programado o depoimento de 22 testemunhas. Entre elas, a mulher do brasileiro, a modelo e empresária espanhola Joana Sanz. Ainda não há prazo para o anúncio da sentença.

Quando Daniel Alves vai depor? 

Daniel Alves prestaria depoimento nesta manhã, mas a juíza Isabel Delgado Pérez atendeu o pedido da defesa para ele ser ouvido depois da mulher que o acusa, das testemunhas e dos peritos. 

A audiência ocorre em três dias consecutivos. Assim, ele deve ser ouvido somente na quarta-feira, quando os trabalhos têm previsão para serem encerrados.

Daniel Alves chegou ao tribunal escoltado pela polícia e entrou no local pela porta dos fundos, vestindo calça jeans e camisa social branca. Estava com vestimentas bastante sóbrias. Ele ficou em silêncio durante toda a sustentação da sua advogada, a espanhola Inés Guardiola. 

Condenação 

Não há prazo para o anúncio da sentença. Até lá, Daniel Alves vai continuar preso de maneira preventiva. Apesar de a acusação pedir 12 anos de prisão (pena máxima), e o Ministério Público, nove, a tendência é que o brasileiro, se condenado, permaneça recluso por no máximo seis anos.

Isso porque no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à jovem. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena. 

O MP solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período.

Além de Daniel Alves e a jovem que o acusa, no segundo dia outras 22 serão ouvidas, totalizando 28 testemunhas. O terceiro dia será dedicado à análise de dados periciais, como imagens das câmeras de segurança da boate onde aconteceu o caso, e exames médicos realizados pela denunciante. (Com Estadão Conteúdo)