Relato

Mineirão: 'o que me doeu foi ver meu filho chorando', diz torcedor assaltado

Torcedor relatou que na partida entre Atlético e Emelec, foi agredido, teve correntinhas arrancadas e um prejuízo estimado em R$ 30 mil

Por Paula Coura
Publicado em 06 de julho de 2022 | 12:50
 
 
 
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Olho na carteira, no celular, no que vestir e até mesmo nos acessórios. O torcedor que frequenta o Mineirão para uma partida de futebol tem que ficar de olho não só no time em campo, mas também na ação de criminosos que têm praticado crimes na esplanada e até mesmo dentro do estádio em Belo Horizonte. Relatos de furtos/roubos e de casos de assédio têm sido corriqueiros entre os frequentadores, que deveriam colecionar memórias de um jogo do time do coração, mas que acabam voltando para casa com dor, prejuízos e um sentimento de indginação. 

A vitória do Atlético diante do Emelec por 1 a 0, que selou a sequência do Galo na Copa Libertadores, teve um sabor amargo para o jornalista e vice-presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Ubirajara Marinho, o Bira. Agredido com socos e chutes em plena esplanda do Mineirão pelas costas, na noite de terça-feira (5), quando voltava para casa, o atleticano teve correntinhas e celulares furtados, um prejuízo estimado em R$ 30 mil. "O que mais me doeu foi ver o rosto do meu filho chorado", disse Bira, que caminhava ao lado do menino de 7 anos rumo ao banheiro quando foi abordado pelos criminosos. 

"Tudo aconteceu muito rápido. Fui abordado pelas costas. Acho que levei um soco na cabeça e foi quando eu cai. Ainda levei uns chutes e só após muito susto eu consegui levantar e correr para fora do Mineirão, quando contei do ocorrido para policiais que me ampararam", contou Bira ao O TEMPO Sports. Ele também compartilhou o caso nas redes sociais, e vários torcedores se posicionaram dizendo que furtos têm sido constantes dentro e fora do Mineirão em dias de jogos. 

 

 

"Ano passado (2021), no primeiro jogo com público entre Atlético e River, roubaram meu celular e o de muita gente. E de lá pra cá só vem piorando as coisas e o Mineirão não faz nada", postou um torcedor. "A verdade é que hoje você vai para o Mineirão e não sabe se volta com seus pertences, nem mesmo se volta inteiro. Não existe segurança, nem dentro do estádio, muito menos na Esplanada", comentou outro torcedor, que relata que, nas últimas partidas, mesmo torcedores que não tenham ingresso conseguem acessar a Esplanada, já que esse controle inicial nas catracas é falho. 

 

O ex-jogador Fabrício, de 39 anos, também usou as redes sociais também para relatar roubo de seu celular ocorrido no Mineirão antes do jogo entre Cruzeiro e Ponte Preta, no dia 16 de junho. "Agora tenho convivido mais com o torcedor, estou sabendo o que eles passam, tantas dificuldades que enfrentam. Dificuldades que os torcedores passam para nunca deixar o time sozinho. E aí o cara ainda tem que se preocupar com assalto. Gente que parcela o celular pra caramba, gente que nem terminou de pagar", lamentou ele, na ocasião. O aparelho acabou sendo recuperado pela polícia um dia após o ocorrido. 

O vice-presidente da AMCE ainda não registrou Boletim de Ocorrência sobre o fato. Ele se recupera das lesões e, afirmou à reportagem que tão logo se recupere delas e do susto irá procurar a Polícia Militar para registrar o ocorrido.

"As dores no joelho, nas mãos e no braço vão passar. O que não passa e fica aqui o recado para as autoridades, aqueles que teriam que fazer a segurança do estádio, que no caso é a Minas Arena, é da pior dor que sinto, que é de lembrar do meu filho, o desespero dele, traumatizado, chorando no Mineirão", completou. 

Esclarecimentos

Procurada pela reportagem, a Minas Arena afirmou que três ocorrências de furto foram registradas no jogo entre Galo e Emelec pela Copa Libertadores nessa terça-feira (5). Além disso, o Mineirão comentou que mais de 500 seguranças privados estavam na partida do Atlético, porém, eles não têm ação de polícia. Leia a nota:

"O Mineirão informa que recebeu da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) um relatório com três ocorrências internas de furtos ocorridas na partida entre Atlético e Emelec, nessa terça-feira (5), pela Copa Libertadores. O Mineirão lamenta os casos relatados e está à disposição das autoridades de segurança para colaborar com as investigações. 

O Mineirão reforça o pedido para que torcedores registrem o boletim de ocorrência para que as autoridades tomem as devidas providências. O estádio possui uma delegacia de plantão, em dias de jogos, que funciona junto ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), localizada próxima ao estacionamento G2. 

A partida entre Atlético e Emelec, com público superior a 56 mil torcedores, contou com 549 seguranças privados. É importante salientar que os seguranças não possuem atuação de polícia. O estádio tem ainda 365 câmeras de vigilância que auxiliam no monitoramento e ficam à disposição das autoridades policiais", disse o estádio. 

Valores

Na partida entre Atlético e Flamengo, que teve público de 53.953, o gasto com segurança privada junto à Minas Arena foi de  R$ 243.511,50, conforme descrito no borderô. No jogo dessa terça-feira (5), foram  56.421 presentes, mas o documento com as informações sobre o valor gasto com segurança ainda não havia sido divulgado pela Conmebol. 

Relembre

Na partida entre Atlético e Santos, no dia 11 de junho, dois casos de importunação sexual foram registrados. Um homem chegou a ser preso. Relembre aqui. 

Com Giovanna Pires

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