Atual campeão estadual e da Libertadores, o Palmeiras nega estar em um processo de desmanche de sua equipe de futebol feminino, mesmo com as quatro saídas recentes de atletas. O clube afirma ter como prioridade a renovação do contrato da capitã Bia Zaneratto, que se encerra neste ano.
Bia viria a ser o ponto central de uma reestruturação. Há também críticas por parte das jogadoras quanto à estrutura de trabalho.
Desde a conquista do Campeonato Paulista, quatro jogadoras deixaram o clube: a goleira Jully, que estava há quatro anos no time, a zagueira Day Silva, a meia Ary Borges, que foi para o Racing Louisville (EUA) e a atacante Patricia Sochor.
Neste período, apenas uma atleta foi contratada: a atacante Amanda Gutierres, ex-Santos, que estava no Bordeaux (FRA), anunciada nesta quarta-feira (28).
"A gente precisava realmente conquistar algo para exigir essas cobranças. Não adianta só cobrar e não dar retorno. Hoje o Palmeiras feminino tem dado retorno dentro e fora de campo. A gente vê a quantidade de patrocínios que a gente tem carregado. Queremos ver as coisas acontecendo com melhorias na modalidade", afirma Bia Zaneratto.
A atleta defendeu que o clube mantenha para o departamento feminino a mesma estrutura da equipe masculina. "A gente sabe que o Palmeiras é um só, mas a gente quer que seja um só na questão estrutural também. Se o Palmeiras é um só, se o que vem para o Palmeiras é direcionado para o todo, que a gente tenha uma estrutura digna de um campeão, como somos hoje, como colocamos o nosso nome na história", afirmou.
O QUE O PALMEIRAS DIZ
O Palmeiras diz ter um projeto em evolução, que ainda não está consolidado como o clube deseja, mas que tem quatro conquistas em quatro anos: duas Copas Paulistas, uma Libertadores e um Paulista.
As saídas são encaradas como 'naturais na rotatividade inerente ao projeto do futebol feminino'.
Os desligamentos fazem parte de uma reestruturação, mesmo com as conquistas. Segundo o clube, outras saídas e chegadas vão acontecer.
O Palmeiras trabalha com contratos mais curtos por opção, com vantagens e desvantagens inerentes para jogadoras e clube. E está habituado a negociar com as jogadores ao fim das temporadas.
Muitas atletas assinam vínculos curtos para jogarem em mais de uma liga na mesma temporada.
Nem todos os contratos são CLT, opção que é ofertada às atletas, que podem escolher por contratos de Direito de Imagem, uma espécie de vínculo freelancer.
COMO OS RIVAIS ESTÃO ESTRUTURADOS
A maioria dos clubes trabalha com contratos curtos e costuma ter muita rotatividade de uma temporada para outra.
O Internacional, vice-campeão brasileiro, projeta perder até 11 atletas entre o fim de 2022 e o começo de 2023. Nas duas temporadas anteriores, 14 atletas saíram a cada ano. Aqui em Minas Gerais, Atlético e Cruzeiro enfrentam situações semelhantes em suas equipes femininas.
Já o Corinthians, atual campeão nacional, tem realidade bastante diferente. O Alvinegro tem, no momento, 30 jogadoras com contrato até o fim de 2023 e seis até o fim de 2024.
Com mais atletas sob contrato, o time do Parque São Jorge não passa pelo estresse de negociar em massa ao fim das temporadas. (Diego Iwata Lima - Folhapress)