Durante sua incontestável carreira de sucesso no futebol, Pelé recebeu várias propostas milionárias para jogar na Europa, no entanto, o Santos recusou todas elas. A lista de clubes grandes da Europa que tentaram tirar Pelé da Vila Belmiro inclui Real Madrid, Juventus, Milan, Inter de Milão e o Manchester United.

"O desejo de ficar em casa foi maior. Teria sido incrível jogar no Real Madrid, mas não me arrependo de ficar e jogar minha carreira no Santos", afirmou Pelé em entrevista para a revista Madridista Real, em 2020.

Influência dos governos militares

A pressão dos governos militares do Brasil na década de 60 também interferiu na decisão do Santos e do próprio Pelé de ele permanecer jogando no país, apesar do grande assédio dos clubes europeus. 

Em abril de 1961, o então presidente brasileiro Jânio Quadros emitiu um bilhete para João Mendonça Falcão, então presidente do Conselho Nacional de Desportos - órgão que regulamentava os esportes à época no Brasil -, externando sua preocupação com a possível ida de Pelé para o futebol europeu.

"Preocupa-me a reiterada contratação de futebolistas brasileiros por clubes estrangeiros. Desejam, agora, ‘importar’ também Pelé! Cumpre evitar tal processo de enfraquecimento da seleção campeã do mundo, pois a ‘exportação' de nossos atletas não nos interessa. Aguardo providências", dizia a mensagem do presidente endereçada à Falcão.

Pelé era inegociável, dizia presidente do Santos

Os jornais da época chegaram a destacar a mensagem de Jânio Quadros com manchetes como: "Pelé preocupa Jânio" e "Proibida a exportação de jogadores". 

Naquela mesma semana, o então presidente do Santos e ex-goleiro do clube paulista, Athiê Jorge Cury, respondeu ao apelo para "tranquilizar" o presidente da República dizendo que: "Edson Arantes do Nascimento era inegociável".

Na verdade, Jânio Quadros desejava mesmo era proibir a saída de Pelé para o exterior, transformando o Rei do Futebol em "patrimônio nacional". No entanto, isto era impossível. Na letra da lei, tal reconhecimento valia apenas para bens materiais ou imateriais como, por exemplo, edificações, monumentos históricos e atos folclóricos.