Clube histórico de Belo Horizonte, o Sete de Setembro pode voltar a disputar campeonatos profissionais. Fundado em 1913, no dia 7 de setembro, e antigo dono do estádio Independência, o Sete está com as atividades profissionais interrompidas desde 1997, quando fundiu seu conselho deliberativo ao do América. Em 2020, o clube passou a disputar competições amadoras e, de acordo com apuração de O Tempo Sports, o Sete tem tentado retomar a licença profissional para estar de volta aos gramados.

Segundo Rodrigo Fonseca, advogado que representa o Sete Setembro nesse processo de retorno do clube às atividades, a proposta é que o América seja desobrigado de cumprir as condicionantes determinadas pela antiga associação ao Coelho, entre elas a necessidade de manter viva a história do Sete, além da obrigação de manter equipes de base disputando torneios oficiais com o nome do Sete de Setembro, América Sete ou Sete América, fato que foi cumprido nos quatro primeiros anos após a fusão. Fonseca informou a O Tempo Sports que os primeiros encontros entre as diretorias dos clubes já ocorreram para que esse processo seja feito o mais rápido possível.

Uma outra alternativa que o Sete avalia é conseguir a licença com a intermediação do Ministério Público em caso de o América não formalizar uma resposta definitiva ao pedido do clube. O embasamento para o Sete fazer a solicitação é o fato de ser uma entidade de utilidade pública e que representa a história de Belo Horizonte. 

O projeto de retorno do Sete começou a ganhar força em 2019, quando um grupo começou a se reunir com esse propósito. Em 2020, o clube foi registrado como amador e começaram os trabalhos para o resgate da memória do Sete, já que, na época da fusão foram descartados troféus, documentações e até mesmo fotografias. 

“O objetivo é reativar as atividades e manter a história do Sete. O acervo de fotos e os dados históricos foram resgatados e o almanaque do clube está em desenvolvimento para lançamento em breve, assim como a divulgação de parte do material no perfil Memória Setembrina, no Instagram, que é preparatório para a edição de um livro sobre a história do clube. O Sete de Setembro, com seus 109 anos de história, faz parte do patrimônio esportivo e cultural do povo de Belo Horizonte. É isso que estamos eternizando”, disse Fabiano Rosa Campos, presidente do Sete.

Presidente da SAF América, Marcus Salum confirmou as tratativas. “Existe uma solicitação formal. Tivemos uma reunião ontem (quarta-feira, 19). Está em estudo e vamos avaliar e ver o que é possível fazer”, informou o dirigente a O Tempo Sports. A Federação Mineira de Futebol (FMF) também foi procurada pela reportagem, ainda não tem um posicionamento definitivo a respeito do caso, mas ressaltou que, como o clube já está inativo há bastante tempo, teria que passar por um processo de nova profissionalização para ser registrado tanto na FMF quanto na CBF, além, claro, de pagar as taxas necessárias. 

História

Em sua trajetória no futebol profissional, o Sete de Setembro foi vice-campeão mineiro em 1919 e em 1920, nos primórdios da disputa da competição, no século passado. Ligado ao bairro Floresta, o Sete mandou seus primeiros jogos na Chácara Negrão, na rua Itajubá - o local era a residência da família do ex-prefeito de Belo Horizonte, Otacílio Negrão de Lima. Antes de atuar no estádio Independência, a partir de 1950, o clube atuou no campo do Batalhão da Polícia Militar no bairro Santa Tereza, onde hoje funciona o Colégio Tiradentes. 

Oficialmente fundado como Sete de Setembro Futebol Clube, o nome foi mudado para Sete de Setembro Futebol e Regatas em meados da década de 1940, na época em que foi fundada a Federação Mineira de Remo e inaugurada a Pampulha.

Registro do Sete de Setembro na disputa do Módulo II de 1998, com o zagueiro Willian (ex-Corinthians, o último à direita em pé)

Coincidentemente, a construção do Mineirão coincidiu com o início da derrocada do Sete de Setembro, que se manteve na elite mineira até 1976, quando caiu e não voltou mais. As derradeiras participações do Sete no futebol profissional ocorreram no fim da década de 1990, quando disputou a terceira divisão em 1997 e o Módulo II em 1998 (na foto acima, com o zagueiro Willian, ex- Corinthians, o último à direita no alto), na época em uma parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O último time de base do clube entrou em campo em 2001, já em parceria com o América.