Oito times começam a partir desta terça-feira (2) a briga para saber quem avança à semifinal da Copa Libertadores, menina dos olhos do futebol sul-americano. Mais uma vez, o recurso do árbitro de vídeo (VAR na siga em inglês) já está escalado para os duelos.

No entanto, segundo o idealizador do projeto brasileiro, o ex-árbitro Manoel Serapião Filho, as polêmicas ainda estão longe do fim, já que muitos lances analisados até agora dependeram muito mais da interpretação dos árbitros do que da regra propriamente dita, como aconteceu com o zagueiro Dedé, do Cruzeiro, no jogo de ida das quartas de final da Libertadores. Mas, para ele, o balanço inicial do VAR é extremamente positivo.

Presidente da comissão de arbitragem da Federação Mineira de Futebol, Giulliano Bozzano, é outro que vê de forma muito positiva a utilização do árbitro de vídeo, apesar de reconhecer que ele será incapaz de acabar 100% com os equívocos, já que o equipamento é operado por humanos.

O certo é que o VAR veio para ficar e foi muito bem recebido pelos profissionais da arbitragem nacional, que sonham com a implantação do recurso tecnológico em todas as competições do país.

Para Manoel Serapião, a presença do monitor na beira do campo obriga o árbitro a analisar lances de interpretação, que não é o recomendado pelo protocolo de utilização do VAR. “O monitor gera paralisação desnecessária no jogo, pressão em cima do árbitro e não vai gerar decisões controvertidas. Mas o saldo de utilização é extremamente positivo em todas as competições em que ele foi utilizado. Mas continuo afirmando que lances de interpretação não devem ser analisados”, avalia Serapião.
 
Giulliano Bozzano sabe que o VAR ainda precisa passar por alguns ajustes, mas comemora a presença da tecnologia nos gramados: “Acho que é uma situação irreversível no futebol. Ele é a segurança de uma arbitragem isenta. Claro que, como em qualquer situação, ele é operado por humanos e podem ocorrer alguns equívocos, mas o equívocos diminuem de forma substancial”.

Árbitro da Federação Mineira de Futebol e dos quadros da Fifa, Ricardo Marques Ribeiro atuou em dois jogos que contou com o recurso, mas ainda não precisou fazer nenhuma checagem à beira no gramado. Mesmo assim, ele garante que a presença da tecnologia tem deixado os profissionais muito mais tranquilos em campo. “Foram duas experiências muito positivas. Eu entrei em campo muito mais tranquilo por saber que, se alguma situação grave acontecesse, eu teria uma segunda chance. Antes isso não existia. É uma ferramenta muito importante para a gente. Vem agregar muito no futebol. Me senti muito confortável”, avalia Ricardo Marques Ribeiro.

Utilização. A utilização do VAR nos jogos nos quais a tecnologia já foi implementada pode ser usada em quatro situações: saber se foi gol ou não, se foi ou não pênalti, se um lance cabe cartão vermelho e em dúvidas sobre a identidade de jogadores. Os árbitros que ficam na cabine conversam com o árbitro do gramado, a quem cabe a decisão final.

Polêmica. O duelo do Cruzeiro contra o Boca Juniors, da Argentina, foi testemunha de uma das maiores polêmicas depois que o VAR foi implementado. O zagueiro Dedé trombou com o goleiro Andrada em lance normal de jogo. Eber Aquino analisou as imagens e expulsou Dedé. Na última quarta-feira, a Conmebol anulou o cartão vermelho do jogador.

FMF faz estudo para viabilizar a tecnologia no Mineiro 2019

A Federação Mineira de Futebol (FMF) já iniciou um amplo estudo para implementar o VAR no Campeonato Mineiro 2019. A novidade será apresentada aos clubes nas próximas semanas, que terão que decidir pela implantação ou não da tecnologia no Estadual. Os custos da utilização do equipamento, que ficará a cargo dos clubes, ainda não estão fechados.

“Já solicitamos à CBF, à Fifa e a todos os órgãos competentes a autorização. Também já estamos em contato com empresas que oferecem esse tipo de tecnologia. Vamos deixar tudo pronto e apresentar aos clubes na reunião do arbitral, que deve acontecer nas próximas semanas”, explicou Giulliano Bozzano, presidente da comissão de arbitragem da FMF.

Bozzano faz questão de deixar claro que a decisão caberá exclusivamente aos clubes. “O Campeonato Mineiro é dos clubes, e eles quem decidirão isso. A Federação Mineira apenas organiza a competição. Vamos deixar tudo pronto e preparado. Se eles quiserem já temos condições de implementar a partir da semifinal do ano que vem. Mas ressalto: dependerá de autorização e vontade dos clubes”, completou o presidente.

Bozzano explicou que no estudo também estão sendo avaliadas as condições dos estádios do interior de Minas Gerais para receber a tecnologia do VAR.