Em busca do sonho de poder representar o Brasil no Campeonato Mundial de Kung Fu Wushu, na modalidade sanda (boxe chinês), competição prevista para acontecer no ano que vem, na China, cinco lutadores da Escola Templo de Luta Sanda, localizada no bairro Jardim Riacho, em Contagem, vão disputar, entre os dia 6 e 9 de setembro, em Londrina-PR, o Campeonato Brasileiro da modalidade.
Comandada pelo professor Marcelo Richard, 53, a escola será representada na categoria infantojuvenil por João Vitor (até 57 kg) e Gabriel Ricci (até 60 kg) e na categoria adulta por Kallen Matias (até 60 kg), Yan Richard (até 65 kg) e Rafael Castro (até 90 kg).
Eles garantiram o direito de disputar a competição nacional ao vencerem o Campeonato Mineiro.
Marcelo Richard destaca que um dos grandes desafios de sua equipe para disputar o Brasileiro é o de conseguir patrocínio. Segundo o professor, a expectativa é de gastar entre R$ 1.500 e R$ 1.600 por pessoa para as despesas com hospedagem, alimentação e transporte. “A Federação Mineira de Kung Fu Wushu está nos ajudando a conseguir um preço mais em conta no hotel. Para as outras despesas, ainda estamos buscando recursos”, afirmou.
E uma das alternativas para arrecadar dinheiro foi fazer uma vaquinha online. “Conseguimos levantar R$ 480 em aproximadamente 25 dias. Como tínhamos de confirmar presença, compramos as passagens pelo de cartão de crédito. Para as outras despesas, estamos vendo como vamos fazer”, declarou Marcelo.
O professor tem a escola de luta há dez anos. “Eu trabalho com arte marcial desde os 19 anos, e o Yan Richard (meu filho) treina comigo desde os 5”, disse Marcelo Richard, lembrando que o estilo sanda, uma das vertentes do kung fu, é um dos que mais cresce no Brasil nos últimos anos.
“Eu me apaixonei pela luta por causa da dinâmica. No sanda, além de poder golpear com punho e utilizar as pernas, você também tem critérios de pontuação quando derruba seu oponente”, declarou Marcelo Richard, que atualmente trabalha com 80 alunos em sua escola. “Já tive mais de 130 alunos, mas esse número caiu por causa da crise”, completou.
Atletas lamentam dificuldade de buscar patrocínios
Campeão mundial na Argentina (2011) e no Chile (2014) e intercontinental em São Paulo (2010), o lutador Yan Richard, 24, pratica o kung fu desde os 5 anos. Atual campeão mineiro, título que lhe garantiu o direito de disputar o Campeonato Brasileiro em Londrina, ele lamentou a falta de um maior incentivo para os praticantes de artes marciais.
“Infelizmente, uma das grandes dificuldades que encontramos é para conseguir patrocínio. O kung fu no Brasil tem muitos praticantes, mas poder participar das competições é difícil”, declarou Yan Richard, que atua na categoria até 65 kg.
Representante da escola na categoria até 60 kg, a lutadora Kallen Matias, 24, também comemora a chance de representar Minas Gerais no Brasileiro, mas lamenta a falta de incentivo. “O Estado, o governo, precisava dar mais atenção para os atletas de luta. É um esporte que tem crescido muito, e muita gente acaba desistindo por causa da dificuldade de recursos”, diz.
História
O kung fu é uma arte milenar chinesa de luta e tem várias modalidades, entre elas o wushu sanda (se pronuncia sandá) ou boxe chinês. Os praticantes trabalham com técnicas de queda, nas quais os praticantes aprendem a cair de um golpe ou mesmo de um pulo sem perder a estabilidade nem a atenção na luta. Utilizar cotovelos e joelhos são permitidos, e os lutadores usam apenas luvas de boxe, coquilha (protetor genital) e protetor de dentes. O esporte proporciona um preparo físico melhor, mais agilidade, flexibilidade e maior capacidade de coordenação mental.