O Brasil vai disputar a final dos Jogos Olímpicos de Paris no futebol feminino no próximo sábado (10/8). Com campanha impressionante no mata-mata, a seleção feminina superou favoritas como França, as donas da casa, nas quartas, e a Espanha, atual campeã do mundo, na semifinal. Agora, vai encarar outra 'pedreira', os Estados Unidos, pela medalha de ouro.
Na Olimpíada, porém, outro fator vem chamando bastante a atenção: a quantidade de tempo acrescido nas partidas brasileiras. Até agora, em cinco jogos, o Brasil já jogou 107 minutos de acréscimos (1h47m), mais que uma partida inteira 'extra' na competição.
Além do designado em cada etapa, a arbitragem também deixa a partida correr para além do estipulado. Por exemplo, no segundo tempo de Brasil x França, a árbitra sinalizou 16 minutos de tempo extra, mas deixou o relógio chegar a pouco mais de 19. O Brasil venceu por 1 a 0.
Um roteiro semelhante, mas com resultado diferente, aconteceu na partida da fase de grupos entre Brasil x Japão. A seleção brasileira vencia por 1 x 0 quando a partida chegou aos 90 minutos, mas a arbitragem sinalizou oito de acréscimo e deixou o jogo chegar a 10. Nesse período, as japonesas arrancaram uma virada, marcaram dois gols, e venceram a partida.
Contra a Espanha, as brasileiras surpreenderam as melhores do mundo e abriram 3 x 0. Na etapa complementar, o relógio chegou a 17 minutos jogados nos acréscimos, e as espanholas marcaram uma vez nesse período.
Efeitos podem ser diversos
O efeito dessa carga extra pode afetar o elenco de diversas formas. É o que diz Deborah Guimarães, mestranda em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
"No desempenho físico, o pouco tempo de recuperação entre jogos, devido à competição, e dentro do próprio jogo, devido aos acréscimos, gera sobrecarga nas articulações e na musculatura, podendo aumentar o risco de lesão. No desempenho cognitivo, nos esportes coletivos como o futebol, as atletas têm que usar a atenção, memória e tomada de decisão a todo momento", explicou a profissional.
"Com a extensão do jogo por um alto tempo de acréscimo, todos esses processos são prejudicados, uma vez que as atletas terão que manter um esforço por um tempo mais prolongado que o normal. Dessa forma, é bem provável que o desempenho no jogo seja afetado", concluiu.
Porrogação pode 'empatar' desgaste
Do outro lado da chave, as adversárias da decisão (EUA) enfrentaram a Alemanha na semifinal. No primeiro tempo, a arbitragem não deu acréscimos, e, no segundo, foram cinco minutos jogados, exatamente o estipulado. O confronto, porém, terminou em 0 x 0 no tempo regulamentar e foi para a prorrogação, vencida pelas americanas.
Agora, o Brasil tem três dias para descansar e se preparar para buscar a medalha de ouro. A decisão é neste sábado (10), às 12h do horário de Brasília.
Acréscimos nos jogos do Brasil no futebol feminino da Olimpíada de Paris
- Brasil x Nigéria: 9 minutos (1º T) + 8 minutos (2ºT)
- Brasil x Japão: 4 minutos (1º T) + 10 minutos (2ºT)
- Brasil x Espanha: 10 minutos (1º T) + 19 minutos (2ºT)
- Brasil x França: 6 minutos (1º T) + 19 minutos (2ºT)
- Brasil x Espanha (semi): 5 minutos (1º T) + 17 minutos (2ºT)