As condições da água do rio Sena voltam a ser destaque mundial em meio às Olimpíadas de Paris. Tradicionalmente considerado impróprio para atividades esportivas desde a década de 1920, o Sena passou por uma série de iniciativas de despoluição para sediar as provas olímpicas. No entanto, alguns atletas que disputaram o triatlo no local, no dia 31 de julho, relataram dores abdominais severas e quadros de diarreia aguda com sangue após as competições.
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De acordo com a confederação suíça, o triatleta Adrien Briffod contraiu uma infecção intestinal causada pela bactéria Escherichia coli (E. coli). Logo após a prova, Briffod apresentou cólicas abdominais severas e diarreia com sangue.
Ainda conforme a entidade, Briffod deveria participar do triatlo misto em 5 de agosto, mas acabou afastado devido à infecção.
O Comitê Olímpico Português também relatou que o triatleta Vasco Vilaça e a triatleta Melanie Santos apresentaram sintomas compatíveis com infecção gastrointestinal. Vilaça recebeu tratamento na Vila Olímpica, enquanto os sintomas de Santos foram menos graves.
A atleta belga Claire Michel também apresentou sintomas semelhantes após a prova do triatlo. No entanto, a atleta se pronunciou por meio de suas redes sociais informando que, no seu caso, se trata somente de uma virose.
O que é bactéria E.coli?
Segundo o departamento de microbiologia da Universidade de São Paulo, os sintomas da infecção por E. coli, incluem dor abdominal, diarreia, vômito, febre e presença de sangue nas fezes ou urina, que geralmente aparecem entre 5 e 7 horas após a ingestão da bactéria, atingindo seu pico após 30 horas.
A E. coli é uma das principais bactérias causadoras de doenças intestinais, tal como a salmonella e staphylococcus. Pode também causar infecções urinárias graves em casos de desidratação. A infecção geralmente responde bem ao tratamento com antibióticos, embora casos de infecção intestinal possam ser resolvidos com repouso e hidratação.
Infecções graves de E. coli podem levar a complicações renais e ameaçar a vida, especialmente em ambiente hospitalar onde circulam variantes mais resistentes. Mesmo infecções leves podem prejudicar significativamente a qualidade de vida, afetando especialmente atletas em competições de alto nível.
Qualidade da água do Rio Sena
A World Triathlon afirmou que os níveis de bactérias no rio estavam dentro dos padrões aceitáveis nos dias das competições. Testes diários medem os níveis de bactérias fecais, incluindo E. coli. Conforme as diretrizes de segurança da água, níveis de até 1.000 unidades formadoras de colônias por 100 mililitros são considerados “adequados”.
Apesar dessas garantias, o contexto ambiental do rio Sena ainda representa um risco de infecção. O triatleta norueguês Vetle Bergsvik Thorn, que competiu nos eventos individual e de revezamento, também relatou forte indisposição estomacal após a competição, embora não tenha certeza se a causa foi o rio ou uma intoxicação alimentar comum.