O grande fluxo de competições do voleibol tem sido pauta entre os profissionais da modalidade. Neste ano, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) administra um calendário com mais de 30 partidas distribuídas entre América do Sul, Europa e Ásia para as seleções brasileira, isso somente para os elencos adultos.
A programação, bastante intensa nos últimos anos, aumenta os riscos de lesões por sobrecarga, segundo especialistas. Por isso, para garantir a saúde das estrelas do esporte, as entidades investem em desenvolvimento de profissionais que aplicam as melhores práticas para desenvolver a preparação física dos jogadores e jogadoras de vôlei.
Risco de lesão é maior com calendário apertado
Estudos realizados pela CBV, em parceria com instituições internacionais, mostram que 65% das lesões em atletas de alto rendimento têm relação direta com sobrecarga física, afetando principalmente ombros, joelhos e tornozelos.
Ana Paula Xavier, fisioterapeuta e coordenadora do curso de Fisioterapia da Unifipmoc Afya, explica os desafios dessa rotina. "O maior risco está justamente na falta de tempo adequado para recuperação muscular, o que favorece lesões por esforço repetitivo", diz a especialista.
Entre os problemas mais frequentes está o "joelho de saltador". Para prevenir essa condição, a fisioterapeuta recomenda limitar o número de saltos por treino, usar palmilhas específicas e realizar análises biomecânicas periódicas.
A recuperação de lesões graves, como rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA), demanda atenção especial. "Em atletas veteranas, como centrais com histórico de sobrecarga, é crucial respeitar o tempo biológico de regeneração e a individualidade funcional. Na reabilitação, utilizamos desde mobilização articular e liberação miofascial até protocolos avançados de controle motor e propriocepção", afirma Ana Paula.
Prevenção é a melhor ação
O Dr. André Gismonti, ortopedista, professor da Afya Educação Médica e médico da CBV nas categorias de base, destaca a importância do diagnóstico rápido em caso de lesões. "O teste de Lachman, a ressonância magnética e a avaliação funcional integrada são ferramentas essenciais para definir condutas rápidas e seguras diante de um calendário tão apertado", declara o médico.
Segundo ele, a saúde mental também influencia na recuperação e prevenção de lesões. "Já não é possível separar dor crônica e componente emocional. Em casos como lombalgias persistentes, fatores como distúrbios do sono, estresse e ansiedade influenciam diretamente a recuperação", diz Dr. Gismonti.
O trabalho multidisciplinar melhora os resultados preventivos e terapêuticos. "A comunicação eficaz é o que sustenta o cuidado longitudinal. Ferramentas compartilhadas e reuniões semanais ajudam a alinhar metas e proteger o atleta", declara Ana Paula.
Além disso, a CBV investe em tecnologias como câmaras de compressão, crioterapia, monitoramento do sono e planos nutricionais personalizados para minimizar os impactos da rotina de competições e viagens.
A entidade também aposta na capacitação dos profissionais que trabalham com as atletas, enquanto o equilíbrio entre alto rendimento e preservação da saúde dos atletas permanece como um grande desafio do voleibol no Brasil.