Entrevista

Thaísa: ‘O Minas pode ser campeão mundial’

Com 32 anos, a central será um dos grandes nomes do Itambé-Minas na temporada 2019/2020

Por Daniel Ottoni
Publicado em 09 de junho de 2019 | 08:00
 
 
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Com 32 anos, a central Thaísa será um dos grandes nomes do Itambé-Minas na temporada 2019/2020. Depois de 14 anos, ela retorna bem diferente ao clube que lhe abriu as portas no começo de carreira. Com muita bagagem, a atleta espera uma temporada ainda melhor do que a última, quando mostrou superação para voltar às quadras após uma delicada cirurgia. Nesta entrevista, Thaísa fala dos fãs que costuma responder nas redes sociais, comenta os incidentes que enfrentou na Turquia e garante que não se aposentou da seleção de forma definitiva.

O fato de o Minas ser o atual campeão da Superliga e estar garantido no Mundial pesou para você acertar com o clube?

Fui pelo que conheço de estrutura do clube, que conheço bem, já joguei lá. Escolhi o Minas pela equipe dentro e fora de quadra, um lugar que dá um respaldo muito importante para as atletas, cheio de profissionais corretos. Foi tudo isso que fez o Minas montar um timaço na última temporada. A estrutura do clube é excelente. Eu já participei de alguns Mundiais de clubes, venci em duas oportunidades. Quero cada vez mais títulos, mas estar no Mundial não teve peso.

Depois do vice no Mundial de clubes, vê o Minas com boas chances de ser campeão, mesmo com os clubes turcos devendo aparecer no caminho?

Jogo é jogado! Mundial é muito difícil, com muitos clubes fortes. As coisas são definidas dentro de quadra, com estratégia de jogo e dependendo do que vamos fazer para superar as adversárias. O Minas tem grandes chances de ser campeão neste ano.

O que mudou na Thaísa depois desses 14 anos longe do Minas?

Mudou muita coisa, experiência principalmente. Jogo a Superliga desde os 16 anos. Os vários campeonatos que disputei dentro e fora do Brasil, por clubes e seleção, criaram uma “casca” muito grande, e é com isso que eu pretendo ajudar, principalmente com as mais jovens. Minha ideia é ajudar e acrescentar o tempo todo, em tudo que for possível.

Com quem do time do Minas você já jogou? Alguém que tenha uma relação mais próxima?

Já tive muito contato na época de seleção com a Carol Gattaz e com a Leia. Com a Macris eu tive um pouco contato na seleção, e foi muito legal. Joguei com a Bruna Honório na seleção B, uma jogadora muito querida, adorei conhecer e jogar com ela, mesmo que tenha sido por pouco tempo. Hoje, mais experiente e tranquila, sou muito brincalhona. Gosto de deixar os treinos e o convívio leve dentro e fora de quadra.

Quais pensamentos passaram pela sua cabeça após duas lesões, que apareceram quase ao mesmo tempo?

Uma lesão levou à outra. Se eu não tivesse jogando com o joelho machucado, precisando de cirurgia e forçando uma situação que não tinha mais jeito, eu não teria machucado o tornozelo. Acabou que eu fiquei compensando com a outra perna para proteger o joelho machucado e lesionei o outro pé. Pensamento de tristeza na hora. O pior foi quando me falaram que eu corria o risco de nunca mais poder jogar novamente.

Ficou surpresa e/ou decepcionada com a forma como as coisas aconteceram na Turquia após sua lesão?

Não acho que eles foram negligentes depois de tudo que aconteceu. A pior situação foi o médico do clube não ter falado a verdade. Ele me deixou continuar jogando, e a situação acabou se agravando. Se ele tivesse agido da forma correta, eu teria passado por uma artroscopia e um mês depois eu voltaria a jogar, sem nada disso acontecer. E a comissão técnica do time nem ficou ciente.

Voltaria a jogar na Turquia ou é algo que a faria pensar duas vezes?

Voltaria a jogar, sim, porque foi um lugar que amei estar. Tirando este problema específico com o médico, eu fui muito bem tratada. A manager do time não teve conhecimento de nada disso, por exemplo. Se tiver uma boa proposta no futuro, algo que seja interessante e valha a pena, iria.

Tendência é de um rendimento ainda melhor na próxima temporada?

Espero que tenha uma performance ainda melhor. Agora estou com tempo de descanso. Só fiquei fora da seleção quando passei pela cirurgia. Até então, nunca tinha tido uma preparação como a de agora, descansando corpo e mente pra voltar com as baterias recarregadas. Estou fazendo a pré-temporada, treinando todos os dias. A tendência é melhorar.

Você costuma responder seguidores nas redes sociais, muitas vezes os que te criticam.

Eu não respondo a todos, tem muita coisa que eu só bloqueio, porque simplesmente não vale a pena. Mas as respostas que escrevo são importantes até para as outras pessoas que estão lendo saberem a forma que eu penso. Não preciso me rebaixar ao nível de seguidores que fazem comentários esdrúxulos, posso manter minha postura e mostrar meu ponto de vista. É importante responder para as pessoas verem que não é porque se tem uma conta em rede social e está escondido atrás de um celular que se pode falar o que quer.

Acha que muita gente tem dificuldade de entender o pedido de dispensa e decisão de algumas jogadoras de não jogar mais pela seleção?

Muita gente não entende, porque tem cabeça de fã e torcedor. A rotina é muito pesada, durante 12 anos eu não tive férias. Era direto, sem descanso, feriado, festa, nada. Ficava sempre longe dos meus familiares, é um peso que carregamos por estar lá. As pessoas só veem as coisas boas como títulos e jogos, e não os momentos de dores, cansaço, treinos, longe da família.

Aposentadoria da seleção é algo definitivo ou a proximidade das Olimpíadas pode fazer você voltar a defender o Brasil?

Em momento algum eu falei que estava aposentada da seleção. Eu falei que precisava de um tempo para descansar meu corpo e mente, foi uma temporada muito difícil. Sinceramente, eu não sei, hoje, se eu volto ou não pra seleção. O que pode pesar será minha próxima temporada. Se eu jogar bem e merecer e meu corpo suportar, é uma possibilidade.

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