Os roncos dos motores dos caminhões da Copa Truck, apelidados de ‘brutos’, demonstram o porquê de as máquinas encantarem os apaixonados pelo automobilismo.

O Super Motor esteve na cidade de Londrina, no Paraná, para conhecer um pouco mais sobre esses caminhões de corrida adaptados a partir dos veículos convencionais de estrada e que chegam a 240 km/h.

Confira o vídeo:

Por lá, pegamos carona no Actros 2646 da Mercedes-Benz, que tem motor com 460 cv a 1.900 rpm e 234 kgfm de torque. No mesmo modelo adaptado para as pistas, a potência do ‘bruto’ quase triplica, alcançando 1.250 cv a 3.500 rpm, com torque máximo de 560 kgfm a 2.000 rpm.

Conforme o engenheiro Franz Kurd Schmidt, 90% das peças originais do motor são aproveitadas para o Actros da Copa Truck. O extraordinário ganho de performance é garantido basicamente pela mudança no diâmetro dos pistões do motor e ajustes no eixo de comando e nos bicos injetores, que são reprogramados para introduzir no motor mais do que o dobro de combustível em relação ao caminhão Actros convencional. O turbocompressor também é maior.

Tamanho.Comparado ao caminhão ‘normal’, o Actros da Copa Truck tem quase 2m a menos de altura. O rebaixamento da suspensão é fundamental para garantir ao “bruto” mais eficiência aerodinâmica, desempenho e estabilidade nas curvas. 

O regulamento da competição permite que o veículo tenha, no mínimo, 3,30 m de altura. “Mexemos em toda a suspensão, molas dianteiras e traseiras, além de trabalhar com amortecedores de competição para deixar o caminhão o mais próximo do solo possível e, assim, reduzir o centro de gravidade, o que garante uma melhor performance”, explica o engenheiro.

Cabina é 100% modificada para garantir mais segurança

Para garantir maior segurança aos pilotos, a cabina do caminhão é totalmente reconfigurada. Ela é menor e recebe banco do tipo concha, típica dos carros de competição. 

Outra mudança no cockpit é painel de instrumentos, que ganha uma configuração específica para provas com destaque para conta-giros e níveis de água e óleo. “Aqui no Brasil temos um santoantonio. É uma gaiola composta por barras de proteção presa em quatro parafusos no chassi. Caso ocorra uma batida forte, a cabina se desprende dos chassis absorvendo todo o impacto”, explica o piloto Wellington Cirino.

“Atualmente, temos três sistemas de freios, o que nos assegura ainda mais proteção. Posso garantir que os caminhões são, de fato, muito seguros”, conclui Cirino. (LC)

Um kart em forma de caminhão

Ao rasgar a reta e entrar na curva a mais de 100 km/h, a impressão é de que o caminhão da Copa Truck não vai conseguir cumprir o traçado sem sair da pista.

O conjunto de amortecedores, suspensão e molas especiais explica o incrível equilíbrio do caminhão de corrida. Como a traseira é mais leve que a frente, há contrapesos para equilibrar o caminhão. 

“Alteramos esses componentes para deixar o veículo como se fosse um carro de corrida. Além disso, distribuímos o peso deixando 51% na parte da frente, pois a cabine é mais pesada, e 49% na traseira”, explica Schmidt.

O caminhão da Copa Truck também usa um câmbio diferente. No lugar do convencional de 12 a 16 marchas, ele recebe uma transmissão de ônibus. Por ser um conjunto com menos engrenagens, é bem mais leve e ajuda na redução de peso do veículo de competição. 

“Durante a corrida, os pilotos usam somente as três últimas marchas do caminhão. Por isso, optamos por trabalhar com o câmbio de ônibus, pois nele existem apenas seis marchas.Outra razão, é que esse conjunto é mais leve e menor. Isso me permite jogar o motor ainda mais para trás para equilibrar o peso entre a dianteira e a traseira”, revela o engenheiro. Entradas de ar, para-choque, saias e o aerofólio do caminhão são pensados para diminuir o arrasto aerodinâmico do veículo, bem como otimizar a refrigeração dos freios, pneus e amortecedores.(LC)

A competição

Copa Truck. Principal competição de caminhões no Brasil, a Copa Truck é a sucessora da antiga Fórmula Truck. O evento conta com a participação de outras cinco marcas – Volkswagen, Iveco, Volvo, Man e Ford. Neste ano, já foram realizadas três das novas provas da categoria – em Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Londrina (PR). A próxima corrida será em Curvelo (MG), no dia 14 de julho.