Ele tem visual igual ao do Sandero, mas não quer mais ser conhecido como uma versão do hatch da Renault, e sim como Stepway, apenas. Porém, será grande o trabalho de convencimento da Renault ao transformar a versão top de linha do Sandero, com pegada aventureira, em um modelo distinto.
O hatch metido a SUV tem maior altura em relação ao solo – são 185 mm, 45 mm a mais que no Sandero com câmbio manual – e uma posição mais elevada de dirigir, mas, de corpo e alma, ele continua a ser um Sandero.
Reestilizado na linha 2020, o Stepway ganhou uma nova versão top de linha, a Iconic, que sai por “salgados” R$ 73.090. Ela traz o câmbio CVT e alguns equipamentos extras como principais diferenciais em relação ao Sandero “normal”.
Bom casamento
Fora essa ligeira forçada de barra da Renault, o Stepway cumpre bem seu papel. O bom motor 1.6 SC e de quatro cilindros, de 118 cv, casa-se bem com o novo câmbio automático da marca francesa, também oferecido no Duster, Captur e no novo Logan, o sedã do Sandero.
Na cidade, o Stepway se mostrou bem esperto, ágil e confortável. A média de consumo registrada no computador de bordo foi de 8,1 km/L com etanol, valor honesto, mas nada que impressione em termos de eficiência energética.
Virtude da marca
Outra grande excelência do Stepway segue sendo o espaço interno do modelo. Aliás, isso é uma qualidade quase tradicional da Renault. O Sandero Stepway, ou melhor, o Stepway, oferece um porta-malas de 320 L, uma capacidade respeitável não entre os SUVs, mas sim entre os hatches compactos, como o Fiat Argo e o VW Polo, dois dos rivais do modelo francês.
Mudanças
Direção
O tapa no visual do Stepway ficou bem legal, mas a Renault insiste em economizar onde não precisa. Um exemplo claro disso está na direção do Stepway, que, mesmo na versão top, é eletro-hidráulica, e não somente elétrica, como já adotado pelos concorrentes.
Na prática
Isso faz uma baita diferença na dirigibilidade do carro, sobretudo na hora de manobrá-lo. O volante fica mais pesado, deixando a tarefa desconfortável. Em um modelo de R$ 70 mil, uma bela bola fora.
Diferenciais têm seu valor
A Renault bem que tenta justificar os R$ 73.090 pedidos pelo Stepway Iconic pelo visual mais “aventureiro” e itens exclusivos da versão, como acionamento automático do limpador de para-brisa, acendimento automático dos faróis, bancos revestidos em couro sintético, além de rodas de liga leve de 16 polegadas diamantadas.
Só que o Sandero Intense, com o mesmo motor e câmbio CVT e outros equipamentos do Stepway Iconic – controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, quatro airbags, central multimídia com Android Auto e CarPlay e piloto automático –, sai por R$ 65.490. Além disso, o modelo tem uma nova traseira com lanternas estendidas, que dão um aspecto mais moderno.
Resta a dúvida: será que vale a pena pagar R$ 7.600 a mais por tão pouca diferença de conteúdo?
Ergonomia ainda é problema
Um ponto que incomoda é a ergonomia do Stepway, que melhorou muito de alguns anos pra cá, mas continua a ser o calcanhar de aquiles dos modelos da Renault. Quem consegue explicar, por exemplo, por que o modelo tem o volante do Clio europeu, mas mantém o espartano comando-satélite para os controles de som da boa central multimídia do carro?
Além disso, nos comandos do piloto automático, parte deles fica no volante, mas a ativação do recurso se dá por um botão específico bem no painel. Essa falta de praticidade se repete nos controles dos retrovisores elétricos e também no botão de trava central das portas, que fica numa posição bastante ruim.
O que salva mesmo em relação às facilidades é o acionamento dos quatro vidros elétricos na porta do motorista.