O mantra que tem como máxima que no futuro os automóveis serão autônomos, conectados e elétricos pode não estar assim tão próximo de ser entoado, pelo menos no que se refere à condução semiautônoma, um sistema lançado pela Tesla em 2015. O objetivo é proporcionar mais conforto aos motoristas através de recursos como frenagem automática de emergência e alertas de possível colisão. Ainda assim, a tecnologia nunca se propôs a substituir de fato o motorista humano, que deve estar sempre atento e na condução do veículo, monitorando e assumindo a direção em caso de uma emergência. É este o caminho que está sendo apontado pelas investigações preliminares para determinar a causa de um grave acidente. No último sábado duas pessoas, a bordo de um Tesla Model S, morreram quando o carro não conseguiu fazer uma curva, escapou na pista em bateu de frente em uma árvore e na sequencia pegou fogo.

O acidente

A colisão aconteceu em Houston, no estado do Texas, Estados Unidos, tudo está levando a crer que o carro estaria operando com o piloto automático, sem ninguém sentado no banco do motorista, com o recurso Autopilot ligado, o que permitiria que o veículo fosse dirigido sem o auxílio de um condutor. Segundo relatos de testemunhas o incêndio no veículo demorou 4 horas para ser controlado. "Não havia ninguém no banco do motorista", disse a sargento Cinthya Umanzor, do Distrito 4 da Polícia do Condado de Harris. Suspeita-se que uma das vítimas estava no banco do passageiro, enquanto a outra viajava no banco de trás. Eles estavam em alta velocidade quando o carro perdeu o controle, bateu e se incendiou. A Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos Estados Unidos (NHTSA) criou imediatamente uma equipe especial de investigação para apurar as causas. Se confirmado, este seria o primeiro caso conhecido de acidente em que o condutor deixou o banco do motorista.

Opinião de dono

Nossa reportagem ouviu o empresário mineiro Márcio Cadar, proprietário de um modelo similar da Tesla, que nos deu seu parecer sobre todas as situações que concorreram para o trágico acidente nos Estados Unidos. “Depois de ler várias notícias sobre o acidente da Tesla em Houston, posso dizer que a polêmica causada pela mídia não se justifica” enfatiza Márcio que elenca uma série de fatores. “Em primeiro lugar, não tinha ninguém no banco do motorista. Todos sabemos que isso é completamente contra o que a Tesla orienta e seus veículos têm vários dispositivos de segurança para evitar que isso ocorra. O carro em questão não possuía o FSD (Full Self Drive) software que permite a condução semiautônoma. Apenas o AutoPilot. Nesse caso, a atenção tem que ser redobrada uma vez que o carro perde a capacidade de fazer curvas sozinho. A rua onde o acidente aconteceu não possuía nenhum tipo de sinalização no asfalto, o que é fundamental para as funções FSD e Autopilot nos carros Tesla. O local do acidente também fica em uma rua sem saída e a própria policia local disse que eles estavam em velocidade bem acima do permitido. Só para citar esses quatro itens que me parece terem passados despercebidos pela imprensa americana. O sistema de direção autônoma assim como os carros da Tesla recentemente ganharam nota máxima no quesito segurança”, encerra Cadar sua avaliação quanto ao ocorrido. (RC)

NR: Segundo o blog de tecnologia, Olhar Digital, na segunda-feira (19), Elon Musk, CEO da montadora de carros elétricos, afirmou que o veículo não usava o piloto automático. “Dados recuperados até agora mostram que o piloto automático não estava acionado e que o carro não tinha o FSD (Full Self-Driving). Além disso, o piloto automático padrão exige faixas na via para ser ativado, o que esta rua não tinha”, disse Musk lembrou que a autonomia do veículo tem um sistema que pesa o banco do motorista e que o piloto automático exige que o condutor coloque as mãos no volante a cada 10 segundos, caso contrário se desabilita. O assunto está longe de ser esclarecido.