Moradores do Conjunto Paulo VI, na região Noroeste de Belo Horizonte, denunciam que criminosos que agem no bairro teriam imposto um toque de recolher. A ordem teria acontecido após a morte de um homem apontado pela Polícia Militar (PM) como chefe do tráfico . O crime ocorreu na parte baixa do bairro no domingo (22 de junho). Desde então, o clima de tensão se espalhou com a circulação de mensagens em grupos de WhatsApp, orientando moradores que evitem sair de casa e comerciantes que não abram suas lojas por risco de novos confrontos armados.

A PM nega que esteja ocorrendo o toque de recolher. No entanto, os moradores disseram à reportagem do Super Notícia que estão com medo. Eles contam que no comunicado que chegou para quem mora e trabalha na região, a comunidade é alertada sobre a possibilidade de "troca de tiros a qualquer momento", como reação ao homicídio. O texto, em tom alarmista, pede ainda que todos permaneçam vigilantes, sem previsão de quando a situação voltará à normalidade.

Além da mensagem, relatos de moradores indicam que o medo tem afetado a rotina local. Uma moradora, que pediu para não ser identificada, contou que crianças ficaram sem ir à escola nesta segunda-feira (23) por orientação de familiares. "Estamos com medo de acontecer novos tiroteios. Parece que está tendo de novo uma guerra aqui no bairro", afirmou.

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A reportagem entrou em contato com comerciantes da região. Alguns confirmaram ter recebido os alertas nos grupos de WhatsApp, mas disseram que, mesmo diante da preocupação, decidiram abrir os estabelecimentos normalmente.

Posicionamentos

Procurada pela reportagem, a PM negou que esteja acontecendo toque de recolher e destacou que "a comunidade local continua realizando suas atividades rotineiras, como de costume, e os comércios permanecem em funcionamento, normalmente, não havendo qualquer orientação para que os moradores se recolham às suas residências".

Equipes do 16º BPM, unidade responsável pela área do Paulo VI, vêm realizando, segundo a corporação, operações Presença, que visam garantir a segurança e a tranquilidade da comunidade.

"A Polícia Militar orienta a população a não compartilhar informações não oficiais, que possam gerar pânico ou desinformação, e reforça que permanece à disposição da sociedade, por meio do telefone 190, para qualquer necessidade ou denúncia", complementou.

A Prefeitura de Belo Horizonte também foi questionada se houve registro de baixa na frequência de alunos da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Professora Acidália Lott, que atende a comunidade. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informa que não há qualquer orientação por parte da direção da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Professora Acidália Lott ou de outras unidades escolares da região para que os responsáveis deixem de enviar os estudantes às aulas.

Morte de traficante gerou tensão

O homem de 32 anos, morto a tiros no domingo, foi identificado pela PM como liderança do tráfico na parte baixa do Conjunto Paulo VI. Segundo informações da polícia, o crime ocorreu na rua São Rômulo, por volta das 15h. 

Testemunhas relataram que o homem estava parado em uma moto, conversando com um conhecido, quando um carro se aproximou. Os ocupantes desceram armados e atiraram várias vezes contra ele. A vítima ainda tentou fugir, mas foi alcançada e baleada principalmente na região da cabeça. Médicos do Samu constataram a morte no local.

A Polícia Civil vai investigar o homicídio.