Nesta quarta-feira (9/7), a cozinheira Maria da Penha, de 60 anos, foi encontrada morta em Santa Luzia, na Grande BH. Ela foi assassinada pelo companheiro Isaque Trindade, de 40, que confessou o crime e foi preso. O caso de feminicídio não é isolado. Segundo o Mapa da Segurança Pública divulgado no último mês de junho pelo governo federal, a cada três dias uma mulher foi vítima do crime em 2024 em Minas Gerais. Foram 133 casos.
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Apesar de no ano passado ter havido uma redução no número de ocorrências - foram 167 em 2023 -, os números ainda preocupam e colocam o Estado como o segundo do país com mais ocorrências. No caso de Maria da Penha, enforcada até a morte pelo companheiro, familiares informaram que ela já vinha sendo agredida pelo homem, mas teve receio de denunciá-lo à polícia, o que foi feito por um primo. O suspeito chegou a ir morar em São Paulo, mas depois voltou e acabou matando a cozinheira.
Advogada criminalista e Conselheira Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG), Ariane Martins Moreira alerta que é importante que as mulheres busquem ajuda nos primeiros sinais de violência do companheiro. Ele explica que muitas vítimas têm dificuldade de fazer isso "por desconhecimento, dependência financeira, emocional, ausência de apoio familiar, ou até por medo e vergonha", o que faz com que elas fiquem ainda mais vulneráveis à violência, como aconteceu com a cozinheira Maria da Penha.
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"Infelizmente a violência psicológica, que muitas vezes é a primeira violência que essa mulher sofre, ela acaba perdoando as agressões de seus companheiros e acreditando que não irão se repetir, isso é o ciclo da violência doméstica e familiar. Primeiro ele violenta, depois pede perdão com presentes, declarações de amor e por último promete que não irá mais acontecer", alerta Ariane. A orientação é que as vítimas busquem ajuda, seja de um familiar, de um amigo, de uma instituição de defesa da mulher e da polícia.
Casos
Apesar de Minas Gerais ter conseguido reduzir o número de casos, Ariane é categórica ao dizer que ainda não há o que comemorar. "Os números são preocupantes. Os municípios precisam investir em políticas públicas para as mulheres e meninas e capacitar seus servidores. Fortalecer nas escolas, pois na educação é fundamental trabalhar a igualdade de gênero para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar. As escolas precisam ensinar sobre a Lei Maria da Penha de forma efetiva", afirmou a advogada.
Relatório
Segundo o Mapa da Segurança Pública, Minas só ficou atrás de São Paulo (253 casos) em número de feminicídios em 2024. Quando se compara a quantidade de vítimas por grupo de 100 mil mulheres, Minas Gerais, com índice de 1,22, aparece à frente de São Paulo, que registrou 1,07.
O relatório do governo federal mostra ainda que o número de feminicídios permaneceu estável em 2024, com alta pequena de 0,69% em relação a 2023 no país. Os crimes em todo o Brasil passaram de 1.449 para 1.459 casos, o que equivale a quatro vítimas por dia.