Familiares e amigos de Carolina da Cunha Pereira França Magalhães compareceram ao edifício da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), nesta quarta-feira (20/8), para cobrar por justiça pela morte da advogada, assassinada em 8 de junho de 2022, aos 40 anos. Raul Rodrigues Costa Lages, então namorado da vítima e réu por homicídio triplamente qualificado, seria interrogado no local onde ocorreu a manifestação. Contudo, nessa terça-feira (19), a defesa dele solicitou que o interrogatório fosse realizado de forma virtual, para se evitar “constrangimento indevido” de “pessoa inocente”, e teve o pedido aceito.
Durante a oitiva, o advogado de 45 anos, com quem a vítima manteve relacionamento por cerca de um ano e meio, usou do direito de ficar em silêncio ao ser interpelado pelos advogados de Carolina e pelo promotor de Justiça. Lages respondeu apenas às perguntas feitas por seus representantes e negou os fatos imputados a ele. Disse estar sendo “perseguido” e que a acusação de que ele matou a namorada é “cruel”. “Era o que a gente já imaginava que iria acontecer”, comentou Demian Magalhães, advogado e irmão de Carolina.
Familiares e amigos de Carolina da Cunha Pereira França Magalhães compareceram ao edifício da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), nesta quarta-feira (20), para cobrar por justiça pela morte da advogada, assassinada em 8 de junho de 2022, aos 40… pic.twitter.com/UwqPdxfnNM
— O Tempo (@otempo) August 20, 2025Após interrogatório desta quarta-feira, a juíza Ana Carolina Lopes Rauen concedeu prazo até o próximo 26 de agosto para que o Ministério Público e a defesa de Lages se manifestem sobre a necessidade de outras diligências. Na sequência, a magistrada decidirá se o réu será levado a júri popular.
O advogado Evandro Magalhães, pai de Carolina, conversou com a reportagem do Super Notícia na saída do prédio onde ocorreu o depoimento. Demonstrando sobriedade e lucidez, ele diz ter esperança de que o caso tenha um desfecho de forma rápida.
“Acredito no trabalho do Ministério Público e da Justiça do nosso país. Perder uma filha não é fácil, mas espero que o caso dela seja exemplo para que essas atrocidades não aconteçam mais com outras mulheres”, desabafou.
Clamor por justiça
O depoimento de Raul Rodrigues Costa Lages à Justiça ocorreu 1.169 após a morte de Carolina. Conforme denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (TJMG), a advogada foi agredida e arremessada pela janela do oitavo andar do edifício onde morava com os dois filhos, no bairro São Bento, região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite de 8 de junho de 2022. Inicialmente, o caso foi tratado como suicídio e somente em novembro do ano passado que o namorado se tornou réu.
Na tarde desta quarta-feira, cerca de 40 pessoas compareceram ao ato para cobrar justiça por Carol, como ela era tratada por amigos e familiares. Em frente ao prédio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no Barro Preto, o grupo rezou e cobrou punição para o réu.
Fabíola Carneiro, amiga da vítima, lamentou a dor pela perda, mas ressaltou que a luta por justiça deve continuar até que o caso esteja resolvido.
“Ela era madrinha da minha filha, minha irmã de coração. Ela deixou um buraco em nossas vidas e já são mais de mil dias esperando alguma justiça. Infelizmente, muitas mulheres passam por isso e, por isso, esse protesto não é só pela Carol”, destacou a dentista
Bernardo Martins, um dos primos mais próximos da vítima, lembrou de como ela era querida pela família. “Uma mulher doce, querida. Trabalhadora e atenciosa com todos. Desde que ela morreu, a família e os amigos se uniram em busca da superação a cada dia. Foi uma perda enorme para todos nós e estamos esperando que a justiça seja feita”, cobrou, sem disfarçar a emoção.